As relíquias de São Pio de Pietrelcina estiveram pela primeira vez na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, de 2 a 4 de maio de 2024.
Vinícius Arouca e Isabela Bittencourt – Arquidiocese do Rio de Janeiro
As relíquias trazidas para a veneração pública consistem em artigos provenientes de São Pio, como as crostas de suas feridas, a gaze de algodão com manchas de sangue, uma mecha de seu cabelo, sua luva e até um pedaço de seu manto.
Apesar de não poder segurá-las ou beijá-las, acredita-se que só o fato de nos aproximarmos dessas relíquias já é o suficiente para sentirmos sua força, pois as mesmas contribuem para a vivacidade espiritual, uma vez que se trata do único padre na história da Igreja a receber as chagas da crucificação de Jesus Cristo nas mãos e nos pés.
“A oportunidade em venerar as relíquias de São Padre Pio certamente aumentará o fervor da fé de nossos fiéis, a parcela do rebanho de Cristo a nós confiada”, disse o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, que foi quem formulou o pedido da visita à Fundação São Pio, responsável pela peregrinação, com sede em Nova York.
“Estamos realmente gratos ao Cardeal Orani João Tempesta por ter convidado a Fundação São Pio para trazer as relíquias de São Pio pela primeira vez na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, e, especialmente, por estar pela primeira vez no Brasil. O fato mais importante, em nossa opinião, é que a maioria dos devotos visitantes das relíquias do Padre Pio não podem viajar até San Giovanni Rotondo ou Pietrelcina para visitar os lugares onde São Pio nasceu, viveu e, eventualmente, faleceu. Portanto, para nós tornou-se uma missão permitir que esses fiéis tenham um ‘encontro espiritual’ com Padre Pio”, disse Luciano Lamonarca.
No Rio de Janeiro, as relíquias peregrinaram nas paróquias Santa Rosa de Lima, na Barra da Tijuca, Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Nossa Senhora da Conceição, no Engenho Novo, e São Pio, no Rio Comprido.
Na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 4 de maio, as relíquias estiveram presentes no Encontro Espiritual com São Pio, com tema “A oração é a chave que abre o coração de Deus!”, para devotos, filhos espirituais e Grupos de Oração do Padre Pio. Durante o encontro, houve missa presidida por Dom Orani. O fundador da Fundação São Pio, Luciano Lamonarca, cantou ao vivo, pela primeira vez em português, a música “La Canzone de Padre Pio”.
Coletiva
As relíquias foram apresentadas em coletiva de imprensa na sede da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na Glória, no dia 2 de maio, com a presença de o Cardeal Tempesta, do monsenhor André Sampaio, vigário episcopal para as Irmandades, e Luciano Lamonarca, fundador e CEO da Fundação São Pio. A tradução foi feita pela professora Katia Jacinto Souza, coordenadora do Departamento de Religião da Our Lady of Mercy School, no Rio de Janeiro.
“Sempre que retorno à Itália, visito Pietrelcina, terra natal de São Pio, e meu maior desejo é que ele se torne cada vez mais prestigiado. Quem já o conhece pode pensar nele como ‘o homem da igreja mais sério’, mas isso não é tudo sobre sua humanidade; eu quero trazer o homem que sorri enquanto segura uma flor em suas mãos”, pontuou Lamonarca.
Além da presença física das relíquias, os fiéis devotos e interessados na vida e história de São Pio podem acessar site e ter acesso às 365 cartas escritas por ele, assim como a dez fotografias originais.
Veneração de relíquias
Na Igreja Católica, relíquias são objetos físicos associados a um santo ou candidato à santidade – parte do corpo da pessoa ou algo com o qual ela esteve em contato. As relíquias não são adoradas, mas tratadas com respeito religioso. Tocar ou orar na presença de tal objeto ajuda um indivíduo fiel a se concentrar na vida e nas virtudes do santo, de modo que através da oração ou intercessão do santo diante de Deus, o devoto será atraído para mais perto de Deus.
Segundo monsenhor André Sampaio, foi no Concílio de Trento, quando os padres conciliares aprovaram um decreto sobre a invocação, a veneração e as relíquias dos santos e sobre as imagens sagradas, de 3 de dezembro de 1563.
No decreto, lê-se o seguinte: “Devem ser venerados pelos fiéis os santos corpos dos santos mártires e dos outros que vivem com Cristo, corpos que foram membros vivos do mesmo Cristo e templo do Espírito Santo, que por ele devem ser ressuscitados para a vida eterna e glorificados e pelos quais Deus concede aos homens muitos benefícios.”
“Os corpos ressuscitarão, e é justamente porque serão divinizados que, hoje, os corpos dos santos podem servir de instrumentos de Deus na distribuição aos homens de suas graças e favores. Além disso, os corpos dos santos que serviram a Nosso Senhor são para Deus como que lembranças belíssimas do amor em que eles se consumiram, em penitências e boas obras: são corpos de pessoas que se doaram e gastaram por caridade”, destacou monsenhor André Sampaio.
Sobre a Saint Pio Foundation
Fundada em 2014, a Fundação São Pio é uma organização beneficente sem fins lucrativos que promove o legado e os ensinamentos de São Pio de Pietrelcina, popularmente conhecido como Padre Pio.
A Fundação São Pio trabalha com instituições e indivíduos que compartilham a mesma visão de servir aqueles que necessitam de alívio do sofrimento e que buscam aliviar a fome física e emocional dos desfavorecidos de forma digna e solidária. Isso inclui fornecer nutrição espiritual, física e emocional. Site: www.elverdaderosantopio.org .
São Pio de Pietrelcina
São Pio viveu entre 1887 e 1968 em Pietrelcina, na Itália. Aos 16 anos, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, sendo ordenado padre em 1910. A partir de 1918, Padre Pio passou a sofrer com estigmas nas mãos e nos pés, tornando-se o único padre na história da Igreja a receber as chagas da crucificação de Jesus Cristo.
Com a divulgação da notícia dos estigmas, a fama de Padre Pio se propagou pelo mundo e iniciaram-se as peregrinações para vê-lo. Toda sua vida foi dedicada à oração, na simplicidade, e voltada para a caridade. São Pio dizia: “Sou um simples frade que reza”.
Após a cura do menino Matteo Colella, em 2000, atribuída à intercessão de Padre Pio, o religioso foi canonizado, em 2002, pelo Papa João Paulo II. O menino sofria de meningite aguda fulminante causada por bactéria.