Sobre os boatos de renúncia: Papa Francisco é um pastor, não um jogador de futebol

O Papa disse a um grupo de bispos brasileiros que continuará no Trono de Pedro “enquanto Deus permitir”

Ary Waldir Ramos Díaz / Aleteia

Nos últimos dias, surgiram inúmeros boatos na imprensa católica e secular acerca de uma possível renúncia/aposentadoria do Papa Francisco. As “notícias” dizem que Francisco logo se juntaria a Bento XVI como Papa Emérito por causa das suas fortes dores no joelho (entre outras especulações).

Mas o próprio Papa não deu nenhum indicativo de que estaria prestes a se aposentar. Pelo contrário: o Pontífice afirmou aos bispos brasileiros que o visitaram em Roma no dia 20 de junho que planeja continuar em seu cargo até quando Deus permitir.

De fato, “a dor no joelho não tira seu bom humor”, disse o arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, ao Vatican News.

O Arcebispo Paloschi garantiu que o Pontífice latino-americano não está planejando abandonar o Trono de Pedro, como afirmam alguns meios de comunicação:

“[Francisco] manifestou que tem muitos desafios, mas que não passa pela cabeça isso que está saindo na imprensa [de renunciar]: ‘eu quero viver a minha missão até que Deus me permitir’, disse o Papa aos bispos.

Fake news

Por sua vez, o embaixador colombiano junto à Santa Sé, Jorge Mario Eastman, também publicou uma mensagem nas redes sociais na qual nega as falsas notícias sobre a renúncia do Papa.

A mensagem menciona “notícias falsas” promovidas nos Estados Unidos, possivelmente uma referência a um post da jornalista e comentarista americana Megyn Kelly. Ela relatou a presença de muitos cardeais no Vaticano e considerou isso como algo “altamente incomum”.

O embaixador colombiano tuitou que o Santo Padre tem o desconforto das dores em seu joelho, entretanto “ele não é um jogador de futebol, mas um pastor”.

Em qualquer caso, se houve um número de cardeais maior do que o habitual no Vaticano, isso pode ser devido ao Encontro Mundial das Famílias.

Governar com a cabeça, não com as pernas

Em maio, dirigindo-se a bispos italianos, o Papa informou-lhes que “para governar, diz-se que se deve ter a cabeça, não as pernas”. Esta observação foi retomada pelo Cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida.

Amigo íntimo do Papa, o Cardeal disse em uma entrevista ao diário argentino La Nacion que não sentia um “clima de fim de pontificado”.

O Cardeal Farrell é o Camerlengo da Câmara Apostólica, aquele que administraria a Santa Sé no caso de uma sé vacante.

“Creio que todos [estes rumores] são muito exagerados; não há fatos concretos”, afirmou Farrell, reiterando a reunião com bispos italianos no dia 23 de maio, na qual o Papa estava lúcido e com boa saúde. “Para governar a Igreja você precisa da cabeça, não das pernas”, disse ele, retomando a observação do Papa, respondendo às primeiras fotos e vídeos do Pontífice em sua cadeira de rodas.

Artigo anteriorDom Ricardo: X Encontro Mundial das Família é momento oportuno para fortalecer a Pastoral Familiar no Brasil
Próximo artigoVigília de São João Batista