
“Rezemos à Santíssima Virgem, para que interceda por nós e nos ajude a administrar bem o que o Senhor nos confia, com justiça e responsabilidade” (Papa Leão XIV)
Victoria Cardiel / Vatican Midia
“Convosco e com os Pastores das Igrejas da Terra Santa, repito que não há futuro baseado em violência, exílio forçado e vingança”, disse o papa no Ângelus de hoje de 21 de setembro. “Os povos precisam de paz: quem os ama verdadeiramente, trabalha pela paz”.
Da sacada de seu escritório privado no Palácio Apostólico, Leão XIV elogiou o trabalho que associações católicas estão fazendo pela paz em Gaza.
“Dirijo-me, em primeiro lugar, aos representantes de várias associações católicas, empenhadas na solidariedade para com o povo da Faixa de Gaza. Caríssimos, aprecio a vossa iniciativa e muitas outras que, em toda a Igreja, expressam proximidade aos irmãos e irmãs que sofrem naquela terra martirizada”, disse o papa.
Na semana passada, um grupo de padres e religiosos lançou uma rede internacional na Itália com o objetivo de denunciar a “violência injustificada contra a população palestina”, pedir respeito ao “direito internacional” e organizar orações e outros eventos para ajudar a população palestina.
Com o nome “Sacerdotes Contra o Genocídio”, esta iniciativa já conta com mais de 500 apoiadores em todo o mundo, segundo os organizadores.
Antes da oração do Ângelus, o papa Leão XIV convidou os fiéis a refletirem sobre a administração dos bens materiais e, mais profundamente, sobre como cada um administra o dom da própria vida.
“Não somos senhores da nossa vida” nem dos “bens de que gozamos”.
“Não somos senhores da nossa vida nem dos bens de que gozamos; tudo nos foi dado como dom pelo Senhor, que confiou este património ao nosso cuidado, à nossa liberdade e responsabilidade”, disse o papa comentando a parábola do administrador infiel (Lucas 16,1-13).
Segundo o papa, a parábola apresenta a imagem de um administrador chamado pelo seu senhor para prestar contas da sua gestão.
Leão XIV destacou a importância deste ensinamento e afirmou que um dia também seremos chamados a “prestar contas do modo como administramos a nossa vida, os nossos bens e os recursos da terra, tanto perante Deus como perante os seres humanos, a sociedade e, sobretudo, aqueles que virão depois de nós”.
O administrador da parábola, continuou o papa, “mesmo na gestão da riqueza desonesta deste mundo, consegue encontrar uma maneira de fazer amigos, saindo da solidão do seu egoísmo”.
Os cristãos, que vivem à luz do Evangelho, devem “usar os bens do mundo e a nossa própria vida pensando na verdadeira riqueza, que é a amizade com o Senhor e com os irmãos”, continuou.
“Como estamos a administrar os bens materiais, os recursos da terra e a vida que Deus nos confiou? “, questionou.
O veneno da competição “muitas vezes gera conflitos”
Quando se segue critério do egoísmo, disse o papa, “colocando a riqueza em primeiro lugar e pensando apenas em nós mesmos”, isso acaba nos isolando “dos outros” e espalhando “o veneno de uma competição que muitas vezes gera conflitos”.
“Podemos reconhecer tudo o que temos como um dom de Deus a ser administrado, e usá-lo como instrumento de partilha para criar redes de amizade e solidariedade, para edificar o bem, para construir um mundo mais justo, equitativo e fraterno”, disse o papa.
“Rezemos à Santíssima Virgem, para que interceda por nós e nos ajude a administrar bem o que o Senhor nos confia, com justiça e responsabilidade”, concluiu.