Processos de beatificação de três brasileiros chegam à Santa Sé

Madre Vitória da Encarnação, Padre João Maria Cavalcanti de Brito, irmã Adélia. | Crédito: ACI Digital

Com a entrega dos documentos, os processos entram na fase romana, na qual o dicastério vai dar continuidade ao estudo das virtudes heroicas, dos depoimentos, dos relatos de graças alcançadas.

Por Nathália Queiroz / ACI Digital

O capuchinho frei Jociel Gomes, postulador das causas de beatificação dos servos de Deus padre João Maria Cavalcanti de Brito (1848-1905), irmã Adélia Carvalho (1922 – 2013) e madre Vitória da Encarnação (1661 – 1715), entregou todos os documentos recolhidos na fase diocesana e arquidiocesana dos três processos ao Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, ontem (17).

Com a entrega dos documentos, os processos entram na fase romana, na qual o dicastério vai dar continuidade ao estudo das virtudes heroicas, dos depoimentos, dos relatos de graças alcançadas. O dicastério também vai verificar se os processos aconteceram de acordo com as normas da Santa Sé.

O próximo passo para as causas é a nomeação de um relator que acompanhará a elaboração da positio de cada uma das causas. A positio é um documento que contém uma biografia documentada dos candidatos a veneráveis e testemunhos de pessoas sobre a vida deles, relatando a prática das virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança).

Com a positio aprovada, serão feitas duas comissões: uma histórica e uma teológica, ambas formada por nove membros, dos quais sete precisam aprovar a causa. Por fim, há um congresso de bispos e cardeais que em sua maioria também tem que aprovar a causa para que ela seja apresentada ao papa. Passando por todas essas etapas, a Santa Sé reconhece as virtudes heroicas e o servo de Deus passa a ser venerável.

Depois do reconhecimento como venerável, é necessária a confirmação de um milagre para a declaração de beato ou beata e, posteriormente, de um segundo milagre para a canonização.

Padre João Maria Cavalcanti de Brito

O processo de beatificação do padre João Maria Cavalcanti de Brito foi aberto pela arquidiocese de Natal (RN). Segundo a arquidiocese, o início dos trâmites entre a arquidiocese e a Santa Sé aconteceu em 2002, mas somente em 2004, a causa do sacerdote foi iniciada e ele recebeu o título de servo de Deus.

O padre João Maria Cavalcanti de Brito nasceu em 23 de junho de 1848 na Fazenda Logradouro, zona rural do município de Caicó, hoje Fazenda Três Riachos, no município de Jardim de Piranhas, região Seridó do Rio Grande do Norte. Foi ordenado padre no Ceará, em 30 de novembro de 1871. Atuou em vários municípios do Rio Grande do Norte e era conhecido como o “anjo de Natal”, por seus trabalhos com os mais necessitados. Ele também ajudou no combate à seca e na luta contra a epidemia de varíola. Morreu de varíola, em 16 de outubro de 1905.

Irmã Adélia

A serva de Deus irmã Adélia, uma das videntes de Nossa Senhora em Cimbres (PE), teve o seu processo de beatificação aberto pela diocese de Pesqueira (PE). O Tribunal diocesano foi instalado em março deste ano e a fase diocesana terminou no domingo (13).

A irmã Adélia nasceu em 16 de dezembro de 1922, em Pesqueira. Quando criança ela presenciou a aparição de Nossa Senhora em 1936 e 1937, na região de Cimbres. Ela entrou para as Irmãs Damas em 1941 e se dedicou à formação dos mais pobres. Morreu em 13 de outubro de 2013, em Recife, aos 90 anos.

Madre Vitória da Encarnação

O processo da Madre Vitória da Encarnação foi aberto em 19 de novembro de 2019 na arquidiocese de Salvador (BA) e reiniciado em abril deste ano. A fase arquidiocesana terminou em 25 de setembro.

A madre Vitória da Encarnação nasceu em 6 de março de 1661, em Salvador (BA). Ela se destacou pela vida de oração, piedade e caridade. Em 1686, aos 25 anos, entrou para o Mosteiro do Desterro, o primeiro mosteiro de enclausuradas do Brasil, das filhas de Santa Clara de Assis. Madre Vitória da Encarnação morreu em 19 de julho de 1715, uma sexta-feira, às 15h, com fama de santidade. Segundo as religiosas da época, no momento de sua morte, elas sentiam “uma maravilhosa fragrância de rosas” inundando os espaços do mosteiro.

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