Por que Padre Pio necessitava de proteção especial do céu?

Os anjos conferiram ajuda peculiar ao santo capuchinho, principalmente diante dos assaltos que ele sofria de Satanás. E a participação ativa dos seres celestiais na vida de Padre Pio pode estar vinculada a um fato específico

Loo Burnett / Aleteia

Se há um santo de nosso tempo que exortou os fiéis a se voltar em oração aos anjos, este foi São Padre Pio. Seja pela própria experiência em contar com a intercessão do guardião em momentos cruciais de sua jornada; seja pela relevância da missão dos espíritos celestes à salvação das almas.

Detentor de consideráveis carismas, o sagrado se manifestava pelas virtudes e ações de Padre Pio. Era sábio e prudente neste sentido, somente com a autorização de seu superior, ou para o ensinamento de algo revelava o que lhe sucedia. Porém, aqueles que conviviam com ele conheciam de perto a realidade preternatural na vida do capuchinho estigmatizado.

Os dons da bilocação, da cura, da ciência infusa, da profecia, do perfume de flores, dom dos êxtases, da confissão em massa, da leitura de corações – inclusive dos pecados esquecidos que ele relembrava no confessionário. É preciso ressaltar o dom especialíssimo da comunicação com o além, leia-se aqui: as Almas do Purgatório e a intimidade frequente com seu anjo da Guarda, iniciada quando Padre Pio ainda era um garoto em Pietrelcina.

Como se não bastassem todos os dons supracitados, os sinais da Paixão e a transverberação marcaram o corpo e a alma do religioso com o selo indelével do extraordinário.

Padre Pio e os anjos

No início do seu sacerdócio, Padre Pio enviava cartas aos diretores espirituais – Padre Benedetto e Padre Agostino, mencionando os encontros com as criaturas angélicas, inclusive as lutas que travava com o maior dos inimigos: o demônio. Em uma destas correspondências, não poupou palavras quando declarou o que acontecia ao seu redor: visões dos espíritos celestes, locuções, visita dos anjos, sobretudo do anjo da guarda e sua luta constante com o diabo.

O ano de 1918 foi inesquecível para o capuchinho, e os fatos estão registrados em carta a seu diretor espiritual. Conta-se que em 5 de agosto Padre Pio vivenciou o fenômeno doloroso da transverberação, quando um misterioso ser – a quem o santo se referia como “personagem misterioso ou personagem oculto” – surgiu em frente ao religioso, perfurando seu peito com uma lança muito fina. Este fenômeno – a transverberação – acontece na alma, o que não impede de provocar também alguns efeitos corporais como uma espécie de dor lancinante. Na história da Igreja encontramos alguns santos que a experimentaram, como Santa Teresa D´Ávila. Na mística experiência da santa, um anjo de aparência formosa surgia com um dardo de ouro comprido e uma espécie de fogo na ponta, o qual cravava e tirava de seu coração.

Quem era esse personagem?

Padre Pio nunca revelou a identidade deste personagem, porém a criatura surgiria dias depois para assinalar em seu corpo os sinais da Paixão. Era o dia 20 de setembro, ocasião em que o capuchinho iniciaria a Novena de São Miguel Arcanjo. No momento que permanecia no coro da Igreja em oração, apareceu-lhe uma criatura semelhante a do evento da transverberação. Conforme narrou em carta ao Padre Benedetto, o religioso explica que o tal personagem manifestou-se com “as mãos, os pés e o lado direito pingando sangue”. Quando este desapareceu, Padre Pio se viu com os machucados nos mesmos membros, situação que o fez perder muito sangue.

São Pio era muito devoto dos anjos, sobretudo de São Miguel. Pelo fato de San Giovanni Rotondo estar localizado a 25 quilômetros do Santuário e Gruta do Monte Sant´Angelo, era comum o capuchinho exortar os peregrinos a estender a jornada espiritual até o afamado local da aparição do Arcanjo. Dizia ele: “Vá até a Gruta cumprimentar o Arcanjo”. Estudiosos creditam ao personagem misterioso, cujo nome nunca fora revelado, a identidade de São Miguel Arcanjo.

“O anjo da guarda me ensinou tudo”

Ademais, diante de tantos fenômenos ocorridos com as criaturas celestes, por volta de 1912, Padre Agostinho teve uma ideia fantástica para saber se as manifestações com o santo seriam de ordem espiritual, ou autossugestão. Ainda não havia acontecido o episódio da transverberação ou dos estigmas. Padre Agostinho começou a escrever algumas cartas em grego e em francês, idiomas totalmente desconhecidos pelo sacerdote. Ao passo que Frei Pio recebia estes documentos, os compreendia tranquilamente como se fosse a sua língua nativa: o italiano. Algumas pessoas testemunharam o fato prodigioso, e ao ser indagado por seu confessor, Padre Pio respondeu: “Você sabe, o anjo da guarda me ensinou tudo”! Numa de suas correspondências ao confessor Agostinho, Padre Pio comunicou como a compreensão destas cartas se desvelava:

“Os personagens celestiais não cessam de me visitar e de me fazer saborear a embriaguez dos bem-aventurados. E se a missão do nosso anjo da guarda é grande, a do meu é ainda maior, pois também devo atuar como mestre na explicação das outras línguas”.

Proteção especial

Não podemos deixar de mencionar que, além da ajuda peculiar com as traduções que os anjos concediam ao Padre Pio, o sensacional se fazia presente quando o santo era socorrido por seu anjo diante dos assaltos de Satanás. São inúmeras as histórias e os testemunhos da ação das criaturas celestes na trajetória deste religioso. A participação ativa dos anjos em sua vida pode estar vinculada ao fato de Padre Pio ser o primeiro sacerdote estigmatizado da história da Igreja, o que necessitava de uma especial proteção do Céu.

Bibliografias consultadas:

PARENTE, Fr. Alesio. Mandami il tuo Angelo Custode. San Giovanni Rotondo: Edizioni Padre Pio di Pietrelcina, 2019. BURNETT, Loo. São Miguel Arcanjo – um tratado sobre angelologia. SÃO PAULO: Paulus, 2021.

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