Este ato expiatório ao Coração Divino foi proposto pelo Papa Pio XI há quase cem anos na encíclia “Miserentissimus Redemptor”
Por Aleteia
O Papa Pio XI publicou em 8 de maio de 1928 a sua carta encíclica “Miserentissimus Redemptor” (Redentor Misericordiosíssimo), sobre “a reparação que todos devem ao Sagrado Coração de Jesus”.
A encíclica repassa a história da devoção ao Sagrado Coração, desde a Sua aparição a Santa Margarida Maria de Alacoque, e prossegue aprofundando sobre o seu caráter de expiação pelos pecados da humanidade que tanto ferem o Coração Divino. O texto apresenta meios para os fiéis Lhe oferecerem reparação e também ressalta os muitos bens derivados dessa prática. Após colocar-nos a todos sob a intercessão de Nossa Senhora, o pontífice acrescenta a oração que reproduzimos a seguir.
Cabe registrar que é concedida indulgência parcial ao fiel que recitar com sincera piedade este ato de reparação – a indulgência, aliás, pode chegar a tornar-se plenária caso se recite o ato de modo público na solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Obviamente, a obtenção da indulgência exige que se cumpram os requisitos gerais que se aplicam a qualquer indulgência, conforme recordados aqui.
Uma vez que entramos na última semana de junho, mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, é particularmente oportuno oferecer-Lhe este ato reparatório.
Oração de reparação ao Sagrado Coração de Jesus
Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.
Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, mas também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade não Vos querendo como pastor e guia, ou, faltando às promessas do batismo, sacudiram o suavíssimo jugo da vossa santa Lei.
De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente dos costumes e imodéstias do vestir, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra Vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.
Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, oferecemo-vos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que Vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.
Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e pelos nossos próximos, impedir por todos os meios novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.
Recebei, ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde Vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Assim seja.
Papa Pio XI, carta encíclica Miserentissimus Redemptor (8 de maio de 1928)