As Sagradas Escrituras nos auxiliam a compreender que Deus permite, sim, o acontecimento das coisas, no entanto, Ele não é autor do mal e do pecado existentes no mundo.
Por Letícia Dia / A12 Redação
Nos últimos dias, o noticiário e as redes sociais têm sido inundados com informações e imagens do desastre ambiental que vive o Estado do Rio Grande do Sul.
Inúmeras pessoas perderam suas casas, seus bens materiais, passam por dificuldades e algumas, infelizmente, tiveram as suas vidas ceifadas.
Diante de situações como esta, corremos o risco de automaticamente questionar: por que Deus permite tantas coisas ruins? Onde Ele está, que não faz nada para proteger tantos inocentes e solucionar os problemas da humanidade?
As Sagradas Escrituras nos auxiliam a compreender que Deus permite, sim, o acontecimento das coisas, no entanto, Ele não é autor do mal e do pecado existentes no mundo. Deus ama a criação. “Deus viu tudo que havia feito: era muito bom” (Gn 1,31)
“Deus criou todas as coisas, explica São Boaventura, não para aumentar a Sua glória, mas para a manifestar e para a comunicar. Para criar, Deus não tem outra razão senão o seu amor e a sua bondade: As criaturas saíram da mão (de Deus) aberta pela chave do amor. […]” (Catecismo da Igreja, 293).
O pecado e tudo o que é mau entra em nosso mundo por meio do egoísmo, e pode brotar em nossos corações da mesma forma que a desobediência entrou no coração de Adão e Eva.
No caso de um desastre natural, como o que estamos vendo atualmente, podemos afirmar que é fruto do próprio descaso e falta de cuidado da nossa “Casa Comum”, como diz o Papa Francisco.
“Estas situações provocam os gemidos da Irmã Terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo. Nunca maltratámos e ferimos a nossa casa comum como nos últimos dois séculos. Mas somos chamados a tornar-nos os instrumentos de Deus Pai, para que o nosso planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda ao Seu projeto de paz, beleza e plenitude” (Laudato Si, parágrafo 53).
Conforme a Encíclica do Santo Padre, Deus está no reflexo de tudo o que existe. Precisamos nos dar conta disso e, dessa forma, alimentar em nós o desejo de adorar a Deus “por todas as Suas criaturas e juntamente com elas”.