“Ser homossexual não é crime”, disse o Papa em entrevista à Associated Press, transmitida neste 25 de janeiro. “(O ato homossexual) é pecado, mas vamos distinguir entre um pecado e um crime. Também é pecado não ter caridade para com o próximo”.
Agnès Pinard Legry / Aleteia
As declarações do Papa Francisco sobre a homossexualidade, durante entrevista à agência Associated Press publicada nesta quarta-feira, 25 de janeiro, repercutiram mundialmente. “Ser homossexual não é crime”, afirmou ele. “Não é crime. Mas (o ato homossexual) é um pecado, sim. Pois bem, mas vamos primeiro distinguir entre um pecado e um crime”.
Ele fez as suas declarações ao ser questionado sobre as leis que criminalizam a homossexualidade em cerca de 67 países, entre os quais há onze que preveem até a pena de morte para homossexuais. O Papa descreveu essas leis como “injustas”, lembrando que Deus ama todos os seus filhos do jeito que eles são. Francisco também observou que alguns bispos católicos apoiam essas leis e pediu que eles passem a receber na Igreja as pessoas homossexuais, testemunhando “ternura, como Deus faz por cada um de nós”. Para isso, o Papa considera que esses bispos devem “entrar num processo de conversão”.
“Somos todos filhos de Deus. E Deus nos ama como somos e dá a cada um de nós a força para lutar pela nossa dignidade”.
O Catecismo da Igreja Católica esclarece que a homossexualidade como tal não é pecado, ou seja, o fato de uma pessoa ser homossexual não a torna automaticamente uma pecadora simplesmente em decorrência do fato da sua orientação sexual. Mas a prática de atos homossexuais é pecado, e o Papa fez menção a essa diferença.
Francisco destacou, aliás, que a prática dos atos homossexuais continua sendo pecado, mas acrescentou que “não ter caridade para com o próximo” também é pecado.
Os atos homossexuais constituem pecado porque esta “orientação permanece intrinsecamente desordenada”, recordou o Papa durante a entrevista. Trata-se de palavras do Catecismo, em seu número 2357. O texto explica que os atos homossexuais são inerentemente desordenados porque são contrários à lei natural: fecham o ato sexual ao dom da vida e não procedem de uma genuína complementaridade afetiva e sexual. Entretanto, prossegue o catecismo, as pessoas homossexuais devem ser acolhidas com respeito, compaixão e sensibilidade – e isto é parte essencial da mensagem da Igreja. O Papa reforça na entrevista: “As pessoas homossexuais devem ser tratadas com respeito como todo filho de Deus”.
Ao longo do seu pontificado, Francisco nunca deixou de recordar com precisão e humanidade a mensagem da Igreja sobre a homossexualidade.
“Se uma pessoa é gay e busca o Senhor de boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”, questionou ele em 2013, ao voltar da JMJ do Rio, em resposta a um jornalista que lhe perguntava sobre a existência de um lobby gay dentro do Vaticano.
Aos cerca de quarenta pais de crianças assim chamadas “LGBT”, aos quais recebeu em audiência no mês de setembro de 2020, Francisco havia assegurado o mesmo:
“A Igreja ama seus filhos como eles são, porque são filhos de Deus”.