Igrejas tradicionais da Zona Norte passam por obras de restauração e expansão

Igreja de São Sebastião: a obra está na terceira fase, que se concentra na fachada principal e inclui parte das laterais — Foto: Beatriz Orle

Localizados na Tijuca, os dois templos são patrimônios históricos do Rio e guardam diversas relíquias

Por Priscilla Litwak / O Globo

Rio de Janeiro – A Basílica de São Sebastião, um dos maiores patrimônios históricos do Rio de Janeiro, localizada na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, está passando por uma significativa reforma em sua fachada principal. Após anos enfrentando problemas de conservação, que incluíram danos aos vitrais e a várias peças históricas, o projeto de restauração visa a preparar o templo para a celebração de seu centenário em 2031. Esta iniciativa faz parte de um esforço maior para garantir a preservação desse importante símbolo cultural da cidade, que guarda relíquias como o marco de fundação do Rio, a lápide tumular de Estácio de Sá e objetos que remetem à Igreja dos Capuchinhos quando esta ainda ficava localizada no extinto Morro do Castelo.

Igualmente simbólica, guardiã de relíquias e também situada na Tijuca, a Paróquia de São Francisco Xavier, a mais antiga do bairro, está prestes a receber um edifício anexo que incluirá uma capela e um salão para recepções. A ação é parte do projeto do novo residencial Cores da Tijuca, desenvolvido pela W3 Engenharia em parceria com a Mônaco Incorporações Imobiliárias.

Inaugurada em 1931, a Igreja dos Frades Capuchinhos substituiu a antiga Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo, demolida no início do século passado durante a modernização do Centro do Rio. O projeto de restauração da fachada atual inclui a recuperação das esculturas de concreto armado, do afresco em azulejos portugueses, das portas frontais e da estrutura da parede da fachada, visando a devolver ao templo sua beleza arquitetônica original, com elementos arquitetônicos dos estilos art nouveau, art déco e neobizantino.

Sob a liderança do frei Jorge Luiz de Oliveira, pároco e reitor, a obra é financiada principalmente por verba de emendas parlamentares e contribuições da comunidade local.

Desde o início do projeto, em 2022, a obra foi dividida em etapas para facilitar a execução e o financiamento. A primeira fase, que consistiu na reforma dos telhados, cobriu mais de mil metros quadrados e custou aproximadamente R$ 700 mil, financiados por uma emenda parlamentar do deputado Marcelo Calero, com um adicional de R$ 300 mil custeado pela igreja. A segunda fase, focada na restauração das cúpulas, teve um custo de R$ 340 mil, também cobertos por emendas parlamentares.

Imagem de São Sebastião, no altar do Santuário Basílica de São Sebastião, padroeiro da Cidade e da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Atualmente, a obra está na terceira fase, que se concentra na fachada principal da igreja mas envolve parte das laterais. Com um custo estimado em R$ 340 mil, essa etapa está sendo realizada pela construtora Aqua Total Projetos de Engenharia LTDA, que venceu a licitação.

— Estamos na reta final dessa fase, e a empresa tem feito um trabalho meticuloso para garantir a preservação dos detalhes arquitetônicos da fachada — afirma o frei Jorge Luiz.

A próxima fase inclui a restauração integral das fachadas laterais, com um custo estimado de R$ 700 mil para a lateral direita e de R$ 600 mil para a lateral esquerda. Outros R$ 600 mil cobrirão melhorias na parte de trás da igreja. A restauração da torre está orçada em R$ 1,2 milhão; e o trabalho nos sinos, em R$ 400 mil.

O pároco destaca a complexidade e os elevados custos da restauração, ressaltando a importância de buscar apoio contínuo para o andamento do projeto:

— Se considerássemos o valor total, ultrapassaria os R$ 30 milhões, e, com um valor tão alto, todos tendem a recuar. Por isso, optamos por dividir o projeto em fases, tornando o financiamento mais viável e garantindo que cada etapa seja concluída com qualidade. Por ser um bem tombado pela prefeitura, a igreja desempenha um papel fundamental na parte burocrática, mas a viabilidade financeira e a continuidade do projeto dependem do engajamento da comunidade e de parceiros.

Frei Jorge Luiz também menciona o papel histórico da igreja e a responsabilidade de preservá-la para as futuras gerações.

— Nela, encontram-se diversos itens de valor inestimável, incluindo uma grande variedade de peças de mobiliário, utensílios e vestuário sacro provenientes do Morro do Castelo — diz.

Projeto do edifício anexo à Paróquia de São Francisco Xavier — Foto: Divulgação

As obras do edifício anexo à Igreja de São Francisco Xavier estão previstas para começar em março de 2025, juntamente com a construção do Cores da Tijuca, localizado no terreno adjacente. O empreendimento foi lançado no mês passado e já conta com mais da metade das unidades vendidas. A entrega está prevista para maio de 2027, e a inauguração será marcada por um evento especial, com a presença de autoridades religiosas, incluindo o padre Li, que lidera a paróquia, e o cardeal Dom Orani Tempesta.

Padre Li expressa entusiasmo com a notícia:

— Esta obra é uma prioridade desejada desde os tempos do padre Juca. Desde 2011, temos trabalhado para tornar a Capela do Santíssimo uma realidade. Será um espaço sagrado para missas, casamentos, batizados e também um centro social/pastoral com um salão e salas para catequese, além de assistências médica, dentária e jurídica, entre outras mais de 30 atividades pastorais e sociais. Nosso sonho será realizado.

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