“É a terceira vez que experimento um acontecimento deste em Petrópolis e vejo que eles são esquecidos muito rápidos. Não se busca saídas mais técnicas para estes desafios que assola o Município há muitos anos. A proporção desta foi muito grande e traz insegurança para muitas pessoas.”
Emilton Rocha / Pascom
Frei Paulo Roberto Gomes, tratado pelos amigos como Frei Paulinho, morou em Petrópolis, no bairro Quitandinha, ainda estudante de Teologia, de 1990 a 1994. Nos anos 2001 a 2004 voltou como pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida.
– Foi uma experiência muito boa: primeiro porque houve uma boa sintonia entre eu e a paróquia, e quando há uma sintonia entre o pastor e a paróquia, as coisas tendem a ser mais fáceis, não é?” – disse ele a amigos em outubro de 2019, quando voltou à cidade para tomar posse novamente como pároco da mesma igreja, em celebração presidida pelo bispo diocesano Dom Gregório Paixão.
– Retornar a Petrópolis é para mim gratificante pelo fato de poder consolidar trabalhos que havia iniciado naquela época e que não dei continuidade – contou à época.
Na entrevista abaixo, Frei Paulo relata os primeiros momentos após a enxurrada que atingiu Petrópolis no dia 15 de fevereiro, quando em seis horas choveu mais que o esperado para o mês inteiro e o índice de chuva chegou a 259 milímetros. Mesmo enfrentando sentimento de impotência e tristeza, agradece a Deus a solidariedade dos muitos voluntários.
PASCOM – No dia 15 de fevereiro, terça-feira, em seis horas choveu mais que o esperado para o mês inteiro na cidade de Petrópolis, e o índice de chuva chegou a 259 milímetros. O que mais o assustou ao ver os estragos?
FREI PAULO – Ver o volume da água que caía sobre a cidade e a destruição que causou no centro; os ônibus que foram lançados dentro do rio, carregando pessoas; as inúmeras vítimas, algumas conhecidas; a impotência das pessoas frente a esta calamidade, foi assustadora.
O senhor já tinha visto algo parecido em algum lugar do Brasil? Como estão sendo os dias seguintes?
Vi algumas enchentes no Norte que inundava cidades inteiras. Mas essa daqui foi mais assustadora dado que tocava pessoas muito próximas. O deslizamento do Morro da Oficina foi assustador.
Como o senhor se sente ao ver o sofrimento da população?
Experimentamos sentimento de impotência, tristeza, mas coragem para ajudar as pessoas que saíram vivas. Este fato deve acordar as autoridades municipais para uma cultura de prevenção.
A igreja foi muito atingida pela força das águas? Quais os danos causados pelo aguaceiro?
O Quitandinha não sofreu muito desta vez não. Tivemos alguns deslizamentos em menor proporção com vítimas também. Mas a Igreja não teve grande prejuízo não.
Quais as primeiras providências tomadas no âmbito da paróquia?
Ceder o salão para angariar alimentos, roupas, água. A fim de atender aos necessitados. Após distribuirmos para as pessoas que vieram, agora, estamos funcionando como um depósito para dar assistência aos desabrigados que estão nas escolas de outros bairros.
As doações vêm acontecendo conforme previsão?
Graças a Deus o povo é muito solidário e pudemos realizar um trabalho bom, principalmente com muitos voluntários.
O senhor perdeu amigos e paroquianos em consequência do temporal?
Sim, alguns. O Alessandro, jovem que cresceu aqui, homem de Deus, perdeu a esposa e os dois filhos, além de outras pessoas de nossas comunidades.