Festas Juninas: A tradição e a devoção brasileira aos santos juninos

As festividades do mês de junho carregam a tradição e a devoção aos santos da Igreja Católica

Cacio Murilo / Shutterstock

Laís Silva / A12 Redação

No Brasil, o mês de junho é conhecido como o mês das festas juninas, uma tradicional manifestação cultural que, além de alegrar as famílias e as comunidades com as danças e comidas típicas, celebram também a memória de quatro santos católicos: Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo.

Essas festas reúnem a cultura popular e a devoção aos santos protetores. Cada região do país tem suas tradições e suas particularidades, mas com certeza todas elas são animadas e com muita música e alegria.

As festas juninas seguem o Calendário Litúrgico da Igreja Católica. Acredita-se que as festas aos santos juninos foram inspiradas nos rituais de comemoração da fertilidade da terra, no período pré-gregoriano, durante o solstício de verão na Europa. A Igreja Católica fez a substituição dos antigos rituais dedicados a outros deuses por festas dedicadas aos santos.

Santo Antônio

Entre as festas celebradas neste mês, a primeira é de Santo Antônio, dia 13 de junho, doutor da Igreja. Ele, que é conhecido como um santo familiar, protetor do lar e que ganhou a fama de “santo casamenteiro”.

A partir daí, veio tradição de fazer simpatias e orações aos pés do santo para que a pessoa consiga se casar.

São João Batista

Sidney de Almeida/ Shutterstock

No dia 24 de junho celebramos o dia de São João Batista. Foi ele quem anunciou a vinda de Jesus e a Salvação que Cristo iria trazer para todos. Essa tradição substitui o culto a Adônis, um dos deuses da mitologia grega que coincide com as mudanças das estações onde naquela região se encerrava o inverno e renascia a primavera. Na antiga cultura, eles entendiam que nessa mudança era Adônis quem trazia a “boa-nova”.

O cristianismo assimilou essa ideia substituindo o culto a Adônis pela festa de São João Batista, já que ele trouxe a “boa-nova” da vinda de Jesus Cristo, a promessa na Salvação, que renovaria todas as coisas.

A festa de São João é a mais característica desta época do ano. A região Nordeste do Brasil, por exemplo, realiza a festa que ganhou o título de “Maior São João do Mundo”, na Paraíba. Entre os elementos culturais desta festa está a fogueira, que não é por acaso. A fogueira faz referência ao sinal de Santa Isabel, mãe de São João, para Maria, mãe de Jesus.

São Pedro e São Paulo

Victor Hugo Barros

Esta é a última data das festas de Santos no mês de junho. Dia 29 é lembrado o dia do martírio desses dois Apóstolos de Cristo.

São Pedro, após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, liderou os discípulos, organizando e criando a Igreja. Por este motivo ele também é lembrado como o primeiro Papa da Igreja Católica. Ele foi crucificado de cabeça para baixo por não se achar digno de morrer como seu mestre. Ficou conhecido como o guardião das portas do céu, responsável por permitir ou não as chuvas, além de ser protetor das viúvas e dos pescadores.

São Paulo também foi um dos apóstolos de Cristo, apesar de não ter convivido diretamente com Jesus. Ele tornou-se um dos grandes evangelizadores da Igreja primitiva e um dos grandes responsáveis pela expansão da igreja. Paulo morreu decapitado, no mesmo dia em que São Pedro foi crucificado.

São Pedro e São Paulo são os dois pilares da Igreja Católica, e sua festa tem como objetivo manter as origens da Igreja, pois estavam unidos com o mesmo propósito.

A data que celebramos o dia de São Pedro e São Paulo, nas festividades juninas é também o dia em que ocorre a “tomada do mastro de São João”, marcando o fim das festividades. Como forma de comemoração, algumas festas fazem a fogueira triangular.

Tradição junina

A tradição das festas juninas conquistou o coração das pessoas. E a paixão foi tanta que a festa, que era junina, hoje também é “julina” e em algumas regiões até “agostina”.

Apesar da existência das festas juninas em diversas regiões do país, essas manifestações culturais ganham mais força nas áreas rurais e nos sertões do Brasil.

Em 2019, frei Mário Sérgio dos Santos Souza, da arquidiocese de Feira de Santana (BA), concedeu uma entrevista a revista Bote Fé, da Edições CNBB, e nela ele contou que mesmo com o passar dos anos, a expressão cultural das festas juninas tem se preservado, sobretudo no Nordeste do Brasil.

“Por isso, o sertão é tão cantado, o grande flagelo da seca, os namoros ingênuos e apaixonados, os santos também, as letras com certas denúncias da fome e da miséria em que vivia esse povo, mas nunca perdeu a fé a capacidade de se divertir. São João é esperado com toda a expectativa pelos nordestinos. É a festa que marca a identidade desse povo”.

Fonte: A12, Mundo educação, CNBB, Orientar Centro Educacional

Artigo anteriorComo está a recuperação do Papa Francisco após cirurgia no intestino
Próximo artigoPapa Francisco estará na JMJ em agosto, diz patriarca de Lisboa