Festa de São Sebastião no dia 20: sem procissão mas com carreata, missas e muita fé

São Sebastião é um dos mais populares santos do Brasil, onde cerca de 450 igrejas têm seu nome e 62 cidades são apadrinhadas pelo santo

O martírio de São Sebastião, pintura de Hans Holbein, “the Elder”. (Foto: Wikimedia Commons)

Emilton Rocha*

Após a primeira sexta-feira do ano, em que aconteceu um dia inteiro de bênçãos, os frades capuchinhos agora estão voltados para a preparação da festa de São Sebastião, Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro e da Arquidiocese, que anualmente é realizada no dia 20 de janeiro, o dia em que se celebra o santo, com feriado na cidade. Serão celebradas missas de hora em hora, a partir das 5h da manhã até às 19h. O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Tempesta, presidirá Missa Solene às 10h. Os horários são: 5h, 6h, 7h, 8h, 10h (com transmissão ao vivo pelo Facebook e Youtube), 12h, 13h, 14h, 15h, 16h, 17h, 18h e 19h. O uso de máscara será obrigatório no interior do templo, assim como o distanciamento social. Quem for de carro, poderá acessar o estacionamento pela rua Alberto de Siqueira, 29, e de lá mesmo adentrar no Santuário.

São Sebastião, ‘benfeitor dos cristãos’

“São Sebastião tratado por Irene” (1630), quadro atribuído a Georges de La Tour (1593-1652)

São Sebastião nasceu em Narbona, na França, no ano de 256 da Era Cristã. Ainda jovem, mudou-se com a família para Milão, na Itália, cidade de sua mãe. Alistou-se no exército de Roma e tornou-se o soldado predileto do imperador Diocleciano. Conquistou o posto de comandante da Guarda Pretoriana.

Secretamente, Sebastião converte-se ao cristianismo e, valendo-se do alto posto militar, fazia visitas frequentes aos cristãos presos que aguardavam para serem levados para o Coliseu, onde seriam devorados pelos leões, ou mortos em lutas com os gladiadores.  Com palavras de ânimo e consolo, fazia os prisioneiros acreditarem que seriam salvos da vida após a morte, segundo os princípios do cristianismo.

A fama de benfeitor dos cristãos se espalhou e Sebastião foi denunciado ao imperador. Este, que perseguia os cristãos do seu exército, tentou fazer com que Sebastião renunciasse ao cristianismo, mas diante do imperador, Sebastião não negou a sua fé e foi condenado à morte. Seu corpo foi amarrado a uma árvore e alvejado por flechas atiradas por seus antigos companheiros, que o deixaram aparentemente morto. Resgatado por algumas mulheres lideradas pela cristã chamada Irene, foi levado sob seus cuidados e conseguiu se restabelecer.

Depois de recuperado, Sebastião continuou evangelizando e indiferente aos pedidos dos cristãos para não se expor, apresentou-se ao imperador insistindo para que acabasse com as perseguições e mortes aos cristãos.  Ignorando os pedidos, desta vez, Diocleciano ordenou que o açoitassem até a morte, e depois seu corpo fosse jogado no esgoto público de Roma, para que não fosse venerado como mártir pelos cristãos. Era o ano 287 da Era Cristã.

Culto a São Sebastião

Estátua de São Sebastião (ca. 1671), por Giorgetti, na Basílica de São Sebastião fora dos Muros. Foto: Warburg

Mais uma vez seu corpo foi recolhido por uma mulher de nome Luciana, a quem pediu em sonho que o sepultasse próximo das catacumbas dos apóstolos. No século IV, o imperador Constantino, que se converteu ao cristianismo, mandou construir em sua homenagem a Basílica de São Sebastião, perto do local do sepultamento, junto à Via Appia, para abrigar o corpo de São Sebastião. Seu culto iniciou-se nesse período.

Conta-se que, nessa época Roma estava sendo assolada por uma terrível peste e que a partir do translado das relíquias de São Sebastião a epidemia desapareceu. A partir desta época, São Sebastião passou a ser venerado como santo padroeiro contra apeste, a fome e a guerra.

Durante a Idade Média, a igreja a ele dedicada tornou-se centro de peregrinação e até hoje recebe os devotos e peregrinos de todas as partes do mundo. Sua festa é celebrada no dia 20 de janeiro. Um dos temas preferidos dos pintores do Renascimento, o martírio de São Sebastião foi retratado por vários artistas, entre eles, Bernini, Perugino, Mantegna e Botticelli. Em geral, o corpo é mostrado atravessado por flechas.

São Sebastião é o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, dando seu nome à cidade desde a sua fundação por Estácio de Sá. Diz-se que na batalha final que expulso os franceses do Rio, São Sebastião foi visto com uma espada na mão, entre os portugueses, mamelucos e índios, lutando contra os franceses calvinistas. Além do que, o dia era 20 de janeiro, o dia em que se celebra o santo. É um dos mais populares santos do Brasil, onde cerca de 450 igrejas têm seu nome e com 62 cidades apadrinhadas.

Sem procissão, mas com carreata como em 2021

Assim como em 2021, ano em que teve início a pandemia de Covid 19, em 2022 também não será realizada a tradicional procissão que será substituída por uma carreata saindo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz (Zona Oeste), passando na parte da tarde em frente à Basílica e seguindo para a Catedral, no centro da cidade.

Capuchinhos a favor da vacinação

Reitor Frei Jorge de Oliveira: “Orientamos as pessoas a se vacinarem e que elas superem esse olhar de que se trata de algo que não é sério ou que a doença não é perigosa”

Segundo Frei Jorge de Oliveira, reitor e pároco do Santuário Basílica de São Sebastião, algo bonito está acontecendo, que é a oportunidade da vacinação: as duas doses mais a dose de reforço. “Houve bastante adesão mas ainda existem resistências à vacina”, disse à Pascom (Pastoral da Comunicação).

“Nós, capuchinhos, orientamos as pessoas a se vacinarem e que elas superem esse olhar de que se trata de algo que não é sério ou que a doença não é perigosa”, diz. Para ele a realidade é que ainda existem muitos óbitos causados pela pandemia. “São perdas de pessoas importantes para todos nós, mas temos a expectativa de que tudo isso melhore cada vez mais com as vacinas”, acentua.

Devido à pandemia, durante todo o dia de São Sebastião não haverá distribuição de água benta em garrafas plásticas reaproveitadas como em anos anteriores, evitando-se a manipulação ao lavar, preparar e encher os vasilhames. Garrafas com água mineral estarão à venda para, caso os fiéis desejem, peça que algum frade abençoe o líquido. Barracas estarão oferecendo alimentos, tais como como salsichão, canjica, entre outros.

A mensagem do reitor: “Que cada um de nós, paroquianos, devotos, amigos, benfeitores e demais colaboradores procure se vacinar com responsabilidade e seriedade para que possamos chegar ao nível de satisfação e dizer: “puxa vida, agora estamos num momento melhor e eu contribuí para isso acontecer.”

Programação da Trezena 

Início: Dia 7, às 18h, presidida pelo Cardeal Orani Tempesta – Responsável: Liturgia – Gesto concreto: Açúcar.

Dia 8, sábado, 17h – Responsável: MESC – Gesto concreto: Óleo

Dia 9, domingo, 17h – Responsável: Grupo de JovensGesto concreto: Macarrão espaguete

Dia 10, segunda, 18h – Responsáveis: AssociaçõesGesto concreto: Leite em pó

Dia 11, terça, 18h – Responsável: Terço dos HomensGesto concreto: Feijão

Dia 12, quarta, 18h – Responsáveis: Dízimo/TuranoGesto Concreto: Macarrão espaguete

Dia 13, quinta, 18h – Responsáveis: Marianos e OFSGesto Concreto: Milho para canjica

Dia 14, sexta, 18h – Responsável: Apostolado da OraçãoGesto Concreto: Leite em pó

Dia 15, sábado, 17h – Responsável: MESC – Gesto concreto: Café

Dia 16, domingo, 17h – Responsáveis: Jovens/BatismoGesto Concreto: Milho para canjica

Dia 17, segunda, 18h – Responsável: Pastoral FamiliarGesto concreto: óleo

Dia 18, terça, 18h – Responsável: Terço dos HomensGesto concreto: Café

Dia 19, quarta, 18h – Responsável: LiturgiaGesto concreto: Arroz

Santuário Basílica de São Sebastião – Frades Capuchinhos

Endereço: Rua Haddock Lobo, 266, Tijuca, próximo à estação do Metrô Afonso Pena.

*Com informações de eBiografia

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