Após ter vivido de perto a violência nessas ocasiões, dom Orani expressou em diferentes ocasiões a necessidade de promover a paz
Por ACI Digital
Entre os participantes do Congresso Eucarístico Internacional, em Budapeste, Hungria, estará um brasileiro apresentado pelos organizadores do evento como o “cardeal à prova de balas”. Trata-se do arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), dom Orani João Tempesta, que em diferentes ocasiões já foi vítima da violência.
Além da cerimônia de abertura e da Missa de encerramento, que deverá ser presidida pelo papa Francisco, o Congresso Eucarístico, a ser realizado entre os dias 5 e 12 de setembro, contará com uma série de programações espirituais e culturais, com a presença de palestrantes e peregrinos dos cinco continentes.
Dentro desta programação “os peregrinos poderão conhecer Orani João Tempesta, o cardeal ‘à prova de balas’, arcebispo do Rio de Janeiro”, dizem os organizadores. O cardeal brasileiro “sobreviveu a dois assaltos à mão armada e a um tiroteio nas ruas”.
Tudo isso ocorreu em menos de dois anos. O primeiro caso aconteceu em setembro de 2014, quando dom Orani foi vítima de um assalto no bairro de Santa Teresa. Na ocasião, ele seguia de carro acompanhado pelo motorista, um fotógrafo e um seminarista. Os assaltantes levaram pertencentes do cardeal, como a cruz peitoral, o anel, o relógio, o celular, além da mochila e o paletó do motorista, a batina do seminarista e todo o equipamento fotográfico. Na fuga, abandonaram os objetos roubados, exceto o equipamento do fotógrafo. Durante o assalto, um dos rapazes reconheceu dom Orani e disse: “Eu não queria fazer isso, o senhor me perdoa?”. Mais tarde, o arcebispo afirmou publicamente ter perdoado os infratores.
O cardeal foi vítima de assalto novamente em julho de 2015, em Quintino, quando retornava para casa, após se reunir com os fiéis da paróquia Nossa Senhora da Paz, em Campo Grande. No carro, estavam também o motorista e um casal de amigos italianos. O arcebispo teve o celular e outros pertences roubados, incluindo um crucifixo de prata que ganhou de São João Paulo II. O motorista foi levado como refém e liberado alguns metros depois.
O cardeal brasileiro “sobreviveu a dois assaltos à mão armada e a um tiroteio nas ruas”
Na época, dom Orani afirmou que o que aconteceu com ele “acontece com tanta gente”. “O fato de um ser cardeal arcebispo chama a atenção. Eu rezo para que esses jovens encontrem famílias e pessoas que os ajudem a mudar de vida e serem felizes”, afirmou.
Em junho de 2016, dom Orani ficou preso no trânsito em meio a um tiroteio, em Santa Teresa. Os disparos aconteceram durante um confronto entre bandidos e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) dos Morros Fallet/Fogueteiro. O cardeal precisou sair de seu carro e se abrigar ao lado do veículo para se proteger, assim como outros motoristas e passageiros de ônibus.
Após ter vivido de perto a violência nessas ocasiões, dom Orani expressou em diferentes ocasiões a necessidade de promover a paz. “Aquilo que eu vi não me despertou raiva das pessoas, mas sim uma sensação de obrigação de trabalhar mais pela paz, mais pelas pessoas, pelos jovens, pelos adolescentes. Uma responsabilidade aumentada”, disse em 2018, à BBC Brasil.
Nos EUA, bispo também foi vítima da violência
Um caso recente de bispo vítima da violência aconteceu nos Estados Unidos. No sábado, 22 de maio, o bispo de Oakland, dom Michael Barber, foi assaltado enquanto rezava o terço, caminhando ao redor da catedral da cidade. No mesmo dia, havia sido realizada no local uma vigília contra a violência armada.
Segundo NBC Bay Area News, o bispo contou durante a Missa de domingo que, na abordagem, um homem apontou a arma para ele e pediu sua carteira. Após o bispo lhe entregar o dinheiro, o assaltante também pediu seu anel.
“Eu disse, por favor, não atire, sou um padre católico”, contou o bispo à ABC7 News. O bispo afirmou ainda que estava com medo e preferia ter sua vida, então, deu o anel episcopal.