Enquanto seus primos São Francisco Marto e Santa Jacinta morreram ainda crianças, ela viveu até os 97 anos, como carmelita
Aleteia / Francisco Vêneto
Avança a causa de beatificação da Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, que foi uma das três crianças a quem Nossa Senhora apareceu em Fátima no ano de 1917.
Seus primos São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto faleceram ainda crianças, respectivamente aos 10 e aos 9 anos, e foram canonizados pelo Papa Francisco no centenário das aparições, em 2017. São as primeiras crianças santas não-mártires da história da Igreja Católica.
Por sua vez, Lúcia teve uma longa vida como religiosa carmelita, vindo a falecer em 2005. Seu corpo repousa na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.
Neste último 13 de outubro, o Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma, recebeu a seu respeito a “Positio Super Vita, Virtutibus et Fama Sanctitatis” (Relatório sobre a Vida, Virtudes e Fama de Santidade), que faz parte do seu processo de beatificação e canonização. Atualmente, a Irmã Lúcia é venerada como Serva de Deus.
O que diz o relatório
O volume recém-entregue da “Positio” (lê-se “pozítsio“, em latim eclesiástico) contém a Biografia da Irmã Lúcia, baseada nos documentos recolhidos durante a fase diocesana do processo. Traz ainda a “Informatio” (lê-se “informátsio“, em latim eclesiástico), que descreve as virtudes que ela praticou, e uma série de depoimentos de testemunhas, o diário da Irmã Lúcia e outros diversos documentos inéditos que são importantes para o processo.
O ato de entrega do relatório, em Roma, contou com a presença do cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos; do pe. Marco Chiesa, ocd, postulador geral da causa; da Irmã Ângela de Fátima Coelho, asm, vice-postuladora; do monsenhor Maurizio Tagliaferri, relator; e da Irmã Filipa Pereira, asm, colaboradora da causa.
O que acontece agora
A “Positio” será lida e analisada por um conjunto de nove teólogos. Eles emitirão seu parecer no Congresso dos Consultores Teólogos, ao qual deverá seguir-se a elaboração da Relação final, que resume a trajetória espiritual da Irmã Lúcia, as suas características de santidade e as comprovações de prática das virtudes em grau heroico.
Esta relação final deverá será apresentada à sessão ordinária dos bispos e cardeais que compõem o Dicastério para as Causas dos Santos. Nesta sessão, um bispo ou cardeal nomeado como ponente pelo prefeito do dicastério preparará o voto escrito da sessão, a ser apresentado ao Papa Francisco durante uma audiência especial. O Papa então decidirá sobre a promulgação do Decreto sobre as Virtudes Heroicas. Desse momento em diante, a Irmã Lúcia passará de Serva de Deus a Venerável.
O que deverá acontecer ainda
Ainda deverão seguir-se os processos de beatificação e canonização para que, finalmente, após a comprovação de dois milagres atribuídos à sua intercessão, a Irmã Lúcia venha a ser declarada santa.
Os processos de canonização se estruturam na fase diocesana e na fase romana. A fase diocesana da causa de canonização da Irmã Lúcia começou em 2008, passados apenas três anos do seu falecimento, graças a uma dispensa concedida pelo Papa Emérito Bento XVI no tocante aos cinco anos de espera, estipulados pelo Direito Canônico. Com a finalização da fase diocesana, em 13 de fevereiro de 2017, a competência direta sobre o processo passou à Santa Sé e ao Papa.