“Agora no céu, suplicamos, que o Papa Bento XVI junto de Deus interceda por todos nós que o amamos e continuamos reverenciando a sua obra, o seu pontificado, e o seu sorriso discreto e amável, uma das maiores obras teológicas e pastorais de todos os tempos.” (Cardeal Orani Joao Tempesta)
Por CNBB
Os cardeais brasileiros expressaram, com pesar, notas de condolências pela morte do Papa emérito Bento XVI, ocorrida na manhã do dia 31 de dezembro, aos 95 anos de idade. Todos agradeceram a Deus pela vida de Bento, sua contribuição para a missão e a história da Igreja. Pediram, ainda, para que nos próximos dias as Igrejas Particulares celebrem santas missas por seu sufrágio.
O cardeal Paulo Cezar Costa, da arquidiocese de Brasília, se uniu ao Papa Francisco e à Igreja Universal, determinando que em todas as paróquias da arquidiocese de Brasília, até o dia 5 de janeiro – quando acontecerá o funeral -, celebrem-se missas com o Povo de Deus em sufrágio pela alma do Papa Bento XVI, “pedindo ao Senhor que recompense com o prêmio dos justos aquele que foi um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor”.
Em nota publicada na manhã do sábado, 31 de dezembro, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, disse que Bento XVI foi um homem simples, humilde, sensível e até tímido, muito atencioso e fino no trato com as pessoas. “Foi um intelectual e teólogo de grande profundidade e seus escritos e homilias certamente serão uma referência para a Igreja também no futuro. Como poucos, ele compreendeu os problemas do nosso tempo e deu indicações essenciais para a vida e a missão da Igreja”, consta em um dos trechos.
“Demos graças a Deus por Bento XVI e por sua contribuição para a vida e a missão da Igreja. Que o Senhor da vinha receba, agora, esse humilde e dedicado operário de sua messe e lhe dê a recompensa por suas fadigas em favor do reino de Deus. Descanse na paz de Deus, papa emérito Bento XVI!”, diz dom Odilo na conclusão da nota.
O arcebispo de Salvador, na Bahia, cardeal Sergio da Rocha, expressou imensa gratidão ao Papa emérito que se apresentou como “humilde operário da vinha do Senhor”, aos 19 de abril de 2005, logo após ser eleito Sucessor do Apóstolo Pedro, tendo vivido com humildade, sabedoria e fidelidade o seu ministério petrino até o gesto humilde e corajoso de sua renúncia no dia 11 de fevereiro de 2013.
“Nós tivemos a graça de contar com a presença dele no Brasil, em 2007, por ocasião da Conferência de Aparecida e da canonização de Santo Antonio de Sant’Ana Galvão. Como Papa Emérito, se dispôs a “uma vida consagrada à oração”, segundo ele mesmo declarou, testemunhando sempre o seu amor à Igreja e a comunhão com o seu sucessor, o Papa Francisco”, diz um trecho da nota do cardeal Sergio.
Na ocasião, o cardeal convidou a todos os fiéis da arquidiocese de Salvador a rezarem para que Deus lhe conceda a recompensa eterna. “Peço que em todas as Igrejas da arquidiocese de São Salvador da Bahia, sejam feitas orações e celebradas missas pelo seu descanso eterno”.
O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, salientou que o Papa Bento XVI foi um fiel seguidor de Jesus. “Homem de Igreja! Eleito Papa aos 19 de abril de 2005, apresentou-se como simples humilde trabalhador na vinha do Senhor, sentindo-se consolado pelo fato do Senhor saber trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. Ao renunciar despediu-se, agradecido, como simples peregrino iniciando a etapa final de sua peregrinação nesta terra, que terminou no dia de hoje”.
“As catequeses, os escritos permanecem como ensinamentos, como obra teológica e catequética de inspiração. Foi o Papa do amor! A Encíclica Deus caritas est, é um dos textos que acorda para a essência da vida humana, mas também da fé. Buscou apresentar os fundamentos da fé, especialmente ao retomar o mistério da encarnação e a fé como encontro. A sua afabilidade nos encontros permanece como sinal de sua personalidade, colegialidade e comunhão. Serviu à causa da paz, do ecumenismo, da dignidade da pessoa humana, na fidelidade ao Concílio Ecumênico Vaticano II”.
Já o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, declarou que a notícia divulgada na manhã do último dia do ano de 2022 era para todos uma oportunidade de um grande exame de consciência no ano que termina e de se colocar disponível para o novo ano que se inicia, agora com o olhar retrospectivo de um grande homem de Deus que partiu e que serviu à Igreja como “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”.
“Ao me deslocar para Roma nestes dias para suas exéquias recordo com carinho dos vários encontros pessoais que tivemos com ele e, em especial, seu grande amor à Igreja e à Cristo que marcou sua vida e missão. Devem ressoar em nossos coraçõesas palavras do seu testamento espiritual: “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Jesus Cristo é verdadeiramente o caminho, a verdade e a vida – e a Igreja, com todas as suas dificuldades, é verdadeiramente o Seu Corpo”.
Para mim são também profundas as palavras do ministério do Papa Bento XVI: “Cooperatores veritatis!”. Sempre busquemos ser, com Cristo, cooperadores da Verdade do Evangelho! Agora no céu, suplicamos, que o Papa Bento XVI junto de Deus interceda por todos nós que o amamos e continuamos reverenciando a sua obra, o seu pontificado, e o seu sorriso discreto e amável, uma das maiores obras teológicas e pastorais de todos os tempos. Descanse em paz! Deus lhe pague pelo seu testemunho de construtor de pontes, sem jamais renunciar a verdade da fé católica e apostólica”.