“Aprendi a confiar muito em que a vida está repleta de pessoas amáveis”
Aleteia / José Luis Panero
A atriz mexicana Teresa Ruiz, de 33 anos, tem uma longa carreira artística atrás de si, em que trabalhou com sucesso em todas as áreas: televisão, teatro e cinema.
Tal tem sido o seu compromisso com a arte como ato de redenção, que se juntou ao projeto do produtor e protagonista de ‘Luta pela Fé – A História do Padre Stu’, Mark Wahlberg.
A história do filme baseia-se em acontecimentos reais e contém algumas voltas e reviravoltas muito interessantes. Dirigido por Rosalind Ross e distribuído nos cinemas pela Sony, o filme estreia este mês. A Aleteia conversou com a a atriz e estrela do filme.
Por que você decidiu participar numa produção como esta?
Porque a história é muito bonita e acho que já não se fazem filmes com este tom. Agora há muitos filmes com muita ação ou com uma história mais sombria, certo?
Sinto que há muito poucos roteiros que falam sobre a vocação humana, sobre a grandeza do ser humano, e eu queria fazer parte de uma história como as que vi com os meus pais quando era criança.
Este filme lembra-me, por vezes, filmes como “Encontro Marcado” ou “A Corrente do Bem” (Favores em Cadeia). Sinto que são filmes inspiradores que não são esquecidos ao longo dos anos.
O que sabia sobre a história do Padre Stu?
Nada, na verdade. Depois de ter acabado de ler o roteiro, apercebi-me de que se baseava numa vida real. E eu fiquei agradavelmente surpreendida. Além disso, a narrativa é bastante fiel à história original. Apenas o filme foi salpicado com alguns momentos mais cómicos ou dramáticos para melhorar cenas muito específicas.
O que a impressionou na sua personagem?
Eu gosto muito da Carmen. É uma rapariga honesta com um coração muito puro que tem a capacidade de se transformar, de perdoar, de mudar aquilo em que acredita. Gosto muito dessas personagens. Vim de fazer coisas como ‘Narcos’, ou seja, um trabalho que falava de outro aspecto do ser humano. No entanto, em “Luta pela Fé – A História do Padre Stu” pude explorar essa luz e essa bondade com que por vezes é tão difícil para nós nos ligarmos.
Tem alguma referência a outros casos de conversão como neste filme?
No final do filme há um texto que me comove sempre muito. É o que tem a ver com o verdadeiro Padre Stu, que diz: “Todos nós passamos por estes processos de transformação, mas no seu caso foi um exemplo extremo”.
Acho essas palavras muito bonitas, porque existem de fato exemplos de situações extremas que vale a pena salientar e dar-lhes valor no cinema. Não é em vão que é o caminho de todos nós, não é? Todos temos de nos transformar e todos temos de nos tornar melhores seres humanos a fim de sermos felizes e fazer parte de uma comunidade que esteja em harmonia.
Não, nunca a encontrei. Perguntei sobre isso e Mark Wahlberg me mostrou um pequeno áudio de Stu a falar sobre quando tinha uma namorada, e esta namorada era uma mulher mexicana muito doce, muito bonita, muito familiar, e ele não a queria deixar. Foi um dos seus maiores obstáculos. Mas ele encontrou a sua vocação noutro lugar. Assim, a partir dessa descrição, começámos a criar a personagem.
Como pensa que os espectadores irão reagir quando virem o filme?
Vi o filme com muitas pessoas que não conhecia e havia partes iguais a rir e a chorar. Depois fui com os meus amigos – eles não queriam ir sem mim – e ficaram todos tocados pelo filme, o que os deixou a pensar: “Já não fazem filmes que falem de fé, de amor pela família”, disseram-me eles. E o fato é que ‘Luta pela Fé – A História do Padre Stu’, que tem um forte tom comercial, sabe combinar muito bem todas as emoções. É um grande filme inspirador.
E o que significa a família para si?
Recebi todo o apoio de que poderia precisar para me tornar atriz graças a eles. Todos os dias 10 de Maio viajo para ver a minha mãe. No fim de contas, é tudo o que me importa, que a minha família esteja bem, que estejam saudáveis, que estejam orgulhosos de mim. E penso que muitos mexicanos, latino-americanos e ibero-americanos têm essa forte ligação com as nossas famílias, porque é aí que tudo começa.
O que aprendeu ao longo deste processo?
A confiar muito. Aprendi a confiar muito em que a vida está repleta de pessoas amáveis, apesar de alguns contratempos como o fato de o filme ter sido filmado em tempos de pandemia. No entanto, toda a equipe à minha volta assegurou-me que tudo ia correr bem. E tenho de admitir que foi, eles deram-me muito amor e trataram-me com muito respeito. Tudo isto reconfirma para mim que há muita bondade na indústria cinematográfica.
Ele é o melhor no que faz. E uma pessoa agradável e generosa. A equipe inteira faz parte da sua família. Muitas vezes comparo-o a uma boa equipe de futebol, onde todos sabem como marcar um gol. Foi o que senti no filme sobre o Padre Stu, onde os passes são perfeitos e onde a experiência do filme se torna muito fácil.
A diretora deu-lhe algumas instruções específicas para a sua personagem?
Ela deu-nos muita liberdade para fazermos o que queríamos, para termos ideias… Ela só fez ajustes quando foi realmente necessário melhorar o que já tinha sido preparado. É uma pessoa inteligente, observadora, que ouve e sabe muito bem que tipo de história quer contar.
Como pode a fé ser transmitida?
Aprendi que também neste filme. A minha personagem tem uma fé inabalável. Quando estava a ler o roteiro, perguntei-me: “Como é que se chega a essa fé? Por isso, foi um grande desafio para mim desempenhar este papel. Assim, a primeira coisa que fiz foi olhar para o processo de compreensão da minha própria fé para que eu pudesse transmiti-la a Stu e que não se apresentasse como um ato violento, considerando que ele era ateu.
Qual é a sua opinião sobre os milagres do século XX, com base nos dois que se vê no filme?
Um grande milagre é estar aqui após uma horrível pandemia, onde felizmente não perdi nenhum membro da família. E também que, após um ano e meio, conseguimos lançar o filme ‘Luta pela Fé – A História do Padre Stu’.