Terceiro dia de Francisco em Lisboa: os jovens “são alegres, mas não superficiais”

Além dela, Maria da Conceição Brito Mendonça, o Papa teve um breve encontro com a jovem Edna Pina Lopes Rodrigues, “que sofre de uma doença grave” e a quem “o Papa tinha enviado uma mensagem de afeto e de oração no mês de junho”, acrescenta a mesma nota.

O dia de Francisco continuou depois com a visita ao “Parque do Perdão”, onde o Santo Padre confessou três jovens: um italiano, Samuel, de 19 anos; um espanhol, Francisco, 21 anos; e uma guatemalteca, Yesvi, 33 anos.

Neste lugar foram montados 150 confessionários, para aproximar os jovens ao Sacramento da Confissão. Desde o último dia 1º de agosto vários sacerdotes de diferentes nacionalidades se revezaram nos confessionários que foram construídos por detentos dos institutos penitenciários de Coimbra, Paços de Ferreira e do Porto. No Parque do Perdão os jovens podem confessar-se em português, inglês, espanhol, francês e italiano, as cinco línguas oficiais da JMJ, mas também há confissões noutros idiomas.

Esta sexta-feira é um dia de fortes emoções para o Papa Francisco que no início da noite de ontem se encontrou com milhares de jovens na “Colina do encontro”. Foi a cerimônia de acolhida do Santo Padre por parte dos jovens provenientes de todas as partes do mundo.

Depois das 3 confissões nesta manhã de sexta-feira Francisco seguiu para o bairro da Serafina, uma área muito pobre da cidade de Lisboa onde pode ver situações de real abandono.

Na sequencia o almoço, na Nunciatura com um grupo de 10 jovens; entre eles três portugueses e um brasileiro. O dia termina com a Via Sacra no Parque Eduardo VII.

O Centro Paroquial da Serafina, se preparou para receber o Papa Francisco. Uma banda musical recebeu Francisco junto com muitas pessoas do bairro da Serafina. “Ele vir aqui é surreal”, diz Maria de Lurdes Abrantes,  – cita a imprensa local – em frente à igreja que frequenta todos os domingos.

Já o diretor do Centro Paroquial da Serafina, cónego Francisco Crespo, fez os votos de que a JMJ 2023 possa inspirar iniciativas de ação social. “O lema desta Jornada Mundial da Juventude diz-nos que ‘“Maria saiu apressadamente’. Que esta seja a hora de Graça que nos alente numa pressa boa para podermos, a exemplo de Maria, levar a todos a alegria”, declarou o pároco, que foi o anfitrião do Papa Francisco, esta manhã.

O cônego Francisco recordou a história desta instituição e o impacto que teve, sobre ele, a dimensão da “manifestação de pobreza, mas sobretudo o olhar triste e vazio dos idosos sentados nas ruas”.

“Hoje, o Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo, tem uma estrutura, com capacidade para atender na globalidade quase 800 utentes e dando trabalho a mais de 170 funcionários, com uma oferta de serviços bastante variada”, destacou o cônego.

“A vida desta gente melhorou, mas há ainda tanto que fazer”, acrescentou, após mais de 40 anos de trabalho neste bairro.

Os responsáveis da Associação “Ajuda de Berço” apresentaram ao Papa o trabalho desta casa de acolhimento para crianças abandonadas ou em risco, agradecendo a Francisco pelo seu posicionamento em “defesa da vida”.

No testemunho diante do Papa destacou-se que foram acolhidas até hoje 452 crianças que depois encontraram um projeto de vida seguro e definitivo. Para uns foi o regresso à família, para outros, a adoção ou outras casas de acolhimento.

O terceiro testemunho veio da “Acreditar”, Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro: “A nossa missão é estar com todas as crianças e jovens, procurando que o cancro nunca os defina e que a evolução da cura e a melhor qualidade de vida sejam uma realidade”.

Compromisso ecumênico e inter-religioso

Em seu retorno à Nunciatura, no final da manhã desta sexta-feira, o Papa Francisco recebeu a visita de uma delegação do centro de diálogo internacional KAICIID, acompanhada pelo cardeal Ayuso.

Ao cumprimentar a delegação, ele expressou sua gratidão pela visita e dirigiu algumas palavras aos presentes sobre o valor da fraternidade e do diálogo e o perigo do monólogo e do proselitismo.

Em seguida, o Papa Francisco conversou com Rahim Aga Khan, filho do líder da comunidade ismaelita, que tem seu centro em Lisboa.

Por fim, o Papa recebeu um grupo de religiosos e pessoas de diferentes crenças e denominações cristãs envolvidas no compromisso ecumênico e inter-religioso da Igreja portuguesa.

O Papa Francisco agradeceu aos presentes pela fraternidade vivida, pelos esforços de diálogo e recomendou que cuidassem dos jovens, que “são alegres, mas não superficiais”, e correm o risco de serem “anestesiados” pelo mundo que os rodeia.

Com informações Ecclesia.