
Uma Celebração de Arte, Comunidade e Espiritualidade no Coração da Tijuca
Por Emilton Rocha
As pastorais do Santuário Basílica de São Sebastião, Tijuca (RJ), já estão mobilizadas para a confecção dos tapetes para a solenidade de Corpus Christi no dia 19 de junho (quinta-feira), ocasião em que serão celebradas três missas – 7h, 11h30 e 18h.
Na véspera, os tradicionais tapetes serão confeccionados por integrantes das diversas pastorais, após a Santa Missa das 18h. Os tapetes produzidos pelos paroquianos estarão expostos no corredor central para as solenes missas no dia 19.
Ao longo dos anos, a celebração de Corpus Christi no Brasil se tornou uma verdadeira manifestação de fé e arte popular, em que comunidades inteiras se reúnem para dar vida a esse espetáculo visual. Em cidades como Ouro Preto, em Minas Gerais, e São Gonçalo, no Rio de Janeiro, a tradição dos tapetes se destaca pela riqueza de detalhes e a criatividade envolvida na sua criação. A confecção dos tapetes, além de ser um ato de devoção, é também uma oportunidade de confraternização entre os membros da comunidade, que unem forças para transformar as ruas em verdadeiros corredores de beleza e espiritualidade.
Além dos materiais tradicionais, muitas comunidades têm incorporado elementos da natureza local em seus tapetes, como folhas e flores, o que reforça a ligação entre a celebração religiosa e a valorização do meio ambiente. Em algumas localidades, a preparação dos tapetes se inicia ainda na madrugada, em um esforço coletivo que envolve pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos, criando um forte senso de pertencimento e colaboração.
A procissão de Corpus Christi, dentro e fora das igrejas, vem acompanhada de cânticos e orações e é um momento de grande emoção para os participantes, que veem sua dedicação materializada no caminho percorrido pelo Santíssimo Sacramento. Essa manifestação de fé e arte não apenas celebra a presença de Jesus Eucarístico, mas também fortalece os laços comunitários e a identidade cultural das cidades brasileiras, perpetuando uma tradição que se renova a cada ano com o mesmo fervor e dedicação.
A cada ano, essa tradição se renova, trazendo consigo novas interpretações e estilos que refletem a diversidade cultural e a criatividade das comunidades envolvidas. Os tapetes, mais do que simples obras de arte efêmera, são expressões vivas de fé e devoção, onde cada detalhe é cuidadosamente pensado para honrar o sagrado e celebrar a união entre os fiéis.
Em algumas regiões, a preparação dos tapetes se transforma em um verdadeiro evento comunitário, com famílias inteiras participando e transmitindo o conhecimento de geração em geração. As crianças aprendem desde cedo a importância desse ato, não apenas como um ritual religioso, mas também como uma forma de fortalecer os vínculos familiares e comunitários.
A escolha dos temas e dos materiais utilizados nos tapetes é feita de maneira colaborativa, muitas vezes refletindo as preocupações e os anseios da comunidade naquele momento. Assim, além das tradicionais representações religiosas, alguns tapetes também abordam temas contemporâneos, como a preservação do meio ambiente e a luta por justiça social, ampliando o significado dessa manifestação cultural.
No dia da procissão, o clima é de expectativa e alegria. Os fiéis caminham sobre os tapetes, sentindo-se parte de algo maior, uma conexão que transcende o tempo e o espaço. Para muitos, participar da confecção dos tapetes e da procissão é uma forma de renovar sua fé e reafirmar seu compromisso com a comunidade, fortalecendo laços que são essenciais para a coesão social.
A tradição dos tapetes de Corpus Christi, com sua mistura única de fé, arte e comunidade, continua a encantar e cativar tanto aqueles que participam diretamente quanto os que têm a oportunidade de contemplar essa bela expressão de espiritualidade e cultura. É um testemunho vivo da riqueza e diversidade do patrimônio cultural brasileiro, que se mantém vibrante e relevante, geração após geração.