
Uma caminhada de fé em preparação para a Festa de Nossa Senhora das Dores, no dia 15 de setembro.
Por Emilton Rocha / Pascom Capuchinhos
A Confraria de Nossa Senhora das Dores, vinculada ao Santuário Basílica de São Sebastião, na Tijuca (Rio de Janeiro), convida para o Setenário em honra a Nossa Senhora das Dores que este ano acontece no período de 8 a 14 de setembro e recorda, por meio de rezas, cânticos as Sete Dores de Maria. Serão sete dias de devoção com missas e orações, como a Coroinha, o Stabat Mater e a Ladainha, em preparação para a festa principal, celebrada no dia 15, com Missa às 18h, ocasião em que estarão presentes todos os confrades.
A confraria é uma associação religiosa de fiéis leigos cujo objetivo é honrar a Virgem Dolorosa e propagar sua devoção. Suas raízes históricas remontam ao antigo Morro do Castelo, onde havia intensa devoção mariana antes da transferência da imagem e das tradições para o atual Santuário Basílica, na Tijuca. Havia também expressões marianas populares junto à Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos no morro — como a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, erguida em ação de graças, sinal de que a vida religiosa do morro cultivava fortemente a devoção à Virgem.
No final da Idade Média e início da Idade Moderna, essa devoção se expandiu pela Europa e muitas Confrarias de Nossa Senhora das Dores nasceram sob inspiração servita, reunindo leigos para rezar e praticar obras de piedade em memória dos sofrimentos de Maria.
Além da vivência espiritual, a associação promove gestos concretos de solidariedade. Durante os festejos, os devotos são convidados a oferecer doações, especialmente leite em pó, destinadas ao “Clube do Leite” do Santuário, que atende crianças previamente cadastradas.

A confraria é presidida por Rodrigo Tavares, auxiliado por outros membros. Os confrades se reúnem para rezar, planejar e organizar as celebrações, além de acolher novos integrantes, sempre com a orientação espiritual dos frades capuchinhos. Os interessados em participar devem procurar a Secretaria do Santuário Basílica de São Sebastião, onde é possível obter informações sobre reuniões e inscrições.
Devoção a Nossa Senhora das Dores
A data de 15 de setembro é celebrada como o Dia de Nossa Senhora das Dores. A santa é venerada pela Igreja Católica desde o século XIII e sua popularidade fez com que fosse proclamada padroeira de diversas cidades dentro e fora do Brasil. Em Minas Gerais, é venerada como Nossa Senhora da Piedade, padroeira do Estado.
O título Nossa Senhora das Dores (ou Mater Dolorosa, “Mãe Dolorosa”) refere-se às sete dores que Maria sofreu ao longo da vida, sobretudo nos momentos da Paixão de Cristo. A tradição cristã reconhece em Maria a “Mãe Dolorosa”, que uniu seu coração de maneira única ao mistério da cruz e da redenção.
A devoção se difundiu a partir da Idade Média, especialmente no século XIII, com a Ordem dos Servos de Maria (Servitas), fundada em Florença, em 1233. Inspirados pelo Espírito, os servitas cultivaram a memória das dores de Maria e difundiram a prática da meditação das Sete Dores da Virgem, que recordam os episódios mais marcantes do sofrimento de Maria ao lado de Jesus.

As Sete Dores de Nossa Senhora
1 – A Profecia de Simeão (Lc 2,25-35) – Simeão anuncia que Jesus será “sinal de contradição” e que uma espada transpassaria a alma de Maria.
2 – A Fuga para o Egito (Mt 2,13-15) – Maria parte às pressas para o exílio, carregando no coração a angústia pela vida do Filho.
3 – A Perda do Menino Jesus em Jerusalém (Lc 2,41-50) – Durante três dias, Maria sofre a aflição de não encontrar o Filho.
4 – O Encontro com Jesus a Caminho do Calvário (Lc 23,27-31) – Maria vê Jesus ferido e humilhado, carregando a cruz.
5 – Maria aos Pés da Cruz (Jo 19,25-27) – Presente na agonia de Cristo, Maria recebe a missão de ser Mãe da Igreja.
6 – A Descida de Jesus da Cruz (Mc 15,42-46) – O corpo sem vida de Jesus é entregue aos braços da Mãe.
7 – O Sepultamento de Jesus (Lc 23,55-56) – Maria acompanha o Filho ao sepulcro, vivendo a dor da separação e a esperança na ressurreição. Esses episódios revelam a íntima participação de Maria na obra da redenção.
Expansão da Festa
O Papa Pio VII, em 1817, estendeu a celebração litúrgica a toda a Igreja como forma de agradecimento pela libertação após o cativeiro. Posteriormente, o Papa Pio X fixou a data em 15 de setembro, logo após a festa da Exaltação da Santa Cruz, destacando a profunda união de Maria com o sacrifício de Cristo.
Nossa Senhora das Dores é para os cristãos um símbolo de fé, esperança e amor perseverante. Sua presença silenciosa ao pé da cruz é testemunho de fidelidade e fortaleza, inspirando os fiéis a transformar a dor, quando vivida na fé, em caminho de salvação.
No Brasil e em outros países, a devoção à Virgem Dolorosa se manifesta em festas, novenas, procissões e encenações da Paixão. Igrejas, paróquias e confrarias lhe são dedicadas, sempre destacando o coração traspassado por sete espadas, símbolo de suas dores e de sua entrega de amor.