Termo esteve presente nas notícias que anunciaram a chegada ao Brasil do órgão vital de D. Pedro I, que desde 1835 está sob a responsabilidade da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Portugal
Aleteia / Beatriz Camargo
Morto em 1834, D. Pedro I nunca exalou o odor da santidade, mas seu órgão vital é preservado pela Igreja Católica como uma relíquia há mais 180 anos. Mas, se o 1º Imperador do Brasil não é um santo, por que seu coração é assim reconhecido?
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que toda a imprensa que utilizou o termo “relíquia” para ser referir ao coração de D. Pedro I escolheu a palavra correta.
Está nos livros
De acordo com o Dicionário Michaelis, usa-se relíquia para definir “corpo ou parte do corpo de algum santo” ou “objeto que pertenceu a um santo ou fez parte do seu suplício”. Mas a explicação do verbete inclui outras duas definições: também é uma relíquia qualquer “coisa preciosa, rara ou antiga, a que se dedica grande apreço”, assim como “pessoa ou coisa que no passado foi objeto de grande admiração ou respeito”.
Dessa forma, foi com apreço que a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa recebeu a missão de preservar o coração de D. Pedro I. Desde 7 de fevereiro de 1835, ele é mantido na capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, localizada na cidade de Porto, em Portugal. A relíquia está imersa em formol dentro de um recipiente de vidro.
O último pedido de um rei
Mas por que o coração do 1º Imperador do Brasil está em Portugal, enquanto seus restos mortais estão sepultados na cripta imperial do Parque da Independência, em São Paulo? Segundo registros históricos, foi em seu leito de morte que D. Pedro I – intitulado rei D. Pedro IV em Portugal – manifestou à Imperatriz Dona Amélia o desejo de que seu coração fosse entregue à cidade do Porto como prova de reconhecimento ao apreço dos portugueses à sua família. D. Pedro I morreu após contrair tuberculose em 24 de setembro de 1834, aos 35 anos, no Palácio de Queluz.
Confira o vídeo que Irmandade da Lapa divulgou em seu canal oficial no Youtube em 2015, ano em que foram celebrados os 180 anos da chegada do coração do monarca à capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa.