
Um marco importante ocorreu em 2015, quando o Papa Francisco concedeu ao templo o título de Basílica Menor, reforçando o valor espiritual e histórico do santuário onde a festa é celebrada.
Pascom/Capuchinhos
O bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se prepara para celebrar, em 2025, os 100 anos do Círio de Nazaré, uma das mais tradicionais manifestações de fé mariana da cidade. A festa, que reúne milhares de fiéis todos os anos, tem raízes históricas profundas e está diretamente ligada à presença dos frades capuchinhos no Rio de Janeiro. A abertura das comemorações será nesta sexta-feira, 12, com Missa às 18h, coroação e troca do manto da imagem histórica, e lançamento da camiseta comemorativa.
Das origens no Morro do Castelo à Tijuca
A primeira Igreja de São Sebastião foi erguida no Morro do Castelo em 1567, por ordem de Estácio de Sá, fundador da cidade, logo após a vitória dos portugueses sobre os franceses na “Batalha de Uruçumirim”. Construída em honra ao padroeiro da cidade, tornou-se um dos templos mais importantes do período colonial, abrigando inclusive os restos mortais de Estácio de Sá.
Com a demolição do Morro do Castelo em 1922, no contexto das obras para a Exposição Internacional do Centenário da Independência, a antiga igreja foi destruída. Os restos mortais de Estácio de Sá e parte do patrimônio religioso foram transferidos para a nova Igreja de São Sebastião, construída na Tijuca e entregue aos cuidados dos frades capuchinhos. Décadas mais tarde, este templo seria elevado à condição de Santuário Basílica de São Sebastião.
O início do Círio de Nazaré no Rio de Janeiro
A festa do Círio de Nazaré teve início em 1924, na antiga Matriz de São Francisco Xavier, também na Tijuca, com a primeira missa e procissão em honra de Nossa Senhora de Nazaré, organizada pela Comunidade Paraense.
Com a instalação dos frades capuchinhos na nova Igreja de São Sebastião, a devoção encontrou ali seu espaço definitivo. A partir de então, os capuchinhos assumiram a organização da festa, sempre sob a coordenação da Comunidade Paraense, que passou a ser celebrada de forma contínua, completando neste 2025 um século de tradição.
O crescimento da devoção
Com o passar das décadas, o Círio se consolidou como uma das principais expressões marianas da cidade. A devoção se fortaleceu não apenas com a participação dos cariocas, mas também com a presença de devotos vindos da região Norte. Desde 2009, a visita anual da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré à Basílica tornou-se um momento especial, mobilizando fiéis de diferentes comunidades.
Um marco importante ocorreu em 2015, quando o Papa Francisco concedeu ao templo o título de Basílica Menor, reforçando o valor espiritual e histórico do santuário onde a festa é celebrada.
O Círio de Nazaré hoje
Atualmente, a programação do Círio na Tijuca inclui:
- Tríduo preparatório;
- Procissão Luminosa no sábado;
- Procissão da Corda no domingo;
- Apresentação do manto e da imagem de Nossa Senhora em sua berlinda.
Esses elementos reproduzem, em escala carioca, a emoção do grande Círio de Belém, reafirmando a identidade religiosa e cultural da festa, que há cem anos enriquece a vida de fé do Rio de Janeiro.
Centenário do Círio de Nazaré na Tijuca – Programação 2025
12/9 – Sexta-feira
Abertura oficial do centenário
18h – Missa com coroação e troca do manto da imagem histórica
Lançamento da camiseta comemorativa
05/10 – Domingo
Abertura da Exposição “Mantos de Nazaré: Fé, Esperança e Amparo”
Mostra reúne alguns dos mais belos e expressivos mantos usados no Círio da Tijuca
09/10 – Quinta-feira
Tríduo – 1º dia
Apresentação da nova berlinda
10/10 – Sexta-feira
Tríduo – 2º dia
Troca do manto da Imagem Peregrina
11/10 – Sábado
Tríduo – 3º dia
Procissão Luminosa (saída da Basílica após a missa das 17h, com percurso pelas ruas do bairro e retorno ao templo)
12/10 – Domingo – Dia do Círio
Missas: 7h, 8h30, 11h30, 17h e 18h30
10h: Procissão do Círio com a corda
11h30: Missa Solene
Tradição e identidade
No centenário, o Círio da Tijuca reafirma-se como expressão de fé, cultura e memória da cidade. O que começou na Matriz de São Francisco Xavier, amadureceu na Igreja dos Capuchinhos e hoje floresce na Basílica de São Sebastião simboliza a perseverança de uma devoção que atravessa gerações e segue reunindo multidões sob o olhar de Maria de Nazaré.