Nicanor era “bem conceituado” pelos Apóstolos o suficiente para que entendamos a sua santidade, ainda que a Tradição ou algum escrito não tenham registrado nada mais sobre a sua vida
Nicanor foi um dos sete diáconos, escolhidos pelos Apóstolos no início da Igreja, para servir ao povo de Jerusalém; os demais são Estevão, Filipe, Prócoro, Timão, Parmenas e Nicolau (At 6,1-7). Destes, temos mais notícias apenas de Estevão, primeiro mártir por Cristo (cf. At 7,55-60) e Filipe, que pregou na Samaria e converteu Simão Mago e um etíope eunuco (fato tradicionalmente considerado como o início da Igreja Ortodoxa Etíope)(At 8,9-13; 26-40).
A necessidade destes diáconos ocorreu porque, naquele período, a Igreja distribuía os auxílios recebidos em comum, mas os judeus que falavam grego alegaram que suas viúvas não estavam recebendo devidamente tais ajudas, sendo preteridas pelos que falavam hebraico. Os Apóstolos decidiram que não era correto que eles mesmos deixassem de pregar a Boa Nova para se encarregar das distribuições, e assim rezaram impuseram as mãos, para este serviço, sobre sete homens bem conceituados.
Acredita-se que São Nicanor tenha sido martirizado em 76, mas não há dados que o confirmem. O Annales Ecclesiastici de Barônio, com algumas informações sobre ele, atualmente é considerado historicamente incorreto.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão
O fato de que Nicanor era “bem conceituado” pelos Apóstolos é o suficiente para que entendamos a sua santidade, ainda que a Tradição ou algum escrito não tenham registrado nada mais sobre a sua vida. A escolha deste grupo de diáconos foi certamente abençoada pelo Espírito Santo e formalmente ratificada pelas orações e imposição dos Apóstolos. De fato, será incontável o número de santos no Paraíso, dos quais não haverá qualquer memória ou sequer registro nesta terra.
A ação de Deus muito frequentemente, ou ainda certamente na maioria das vezes, ocorre sem qualquer percepção da nossa parte, que infelizmente nem nos damos conta de muito daquilo que Ele já nos permite acessar, quem sabe por isso somos tão facilmente ingratos ao Senhor. “Assim os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”, nos recorda Jesus (Mt 20, 16). O que importa é que, sob as bençãos da Igreja, atuemos conforme nos indica o Espírito nas nossas vocações pessoais, procurando sempre a orientação dos bons pastores para discernir o que Deus nos pede. Isto nos deve bastar para, como o santo diácono, sermos “vencedores” – “Nicanor” é um nome de origem grega com este significado, que foi realizado na prática, e nos lembra de que era comum aos antigos o entendimento de que cada nome pessoal indicava uma missão. Por isso Jesus Cristo é o Salvador Ungido.
Interessante também é recordar o simbolismo bíblico do número sete (não propriamente um seu “poder significativo”, que seria uma espécie de idolatria numerológica), que indica a perfeição. Na figura dos sete diáconos, podemos enxergar a perfeição do serviço e dos bens levados aos irmãos e a todos os necessitados, o alimento do corpo e da alma, fundamentalmente a evangelização que é nossa tarefa e glória pelo Batismo, e na caridade.
Oração
Senhor, que destes a cada um de nós um nome pelo qual seremos reconhecidos no Céu, concedei-nos que pela intercessão de São Nicanor recebamos a imposição das Vossas mãos para cumprir o serviço que nos destinastes, e sejamos felizes no absoluto anonimato das boas obras, pois sem a humildade, origem de todas as virtudes, não poderemos receber ou distribuir as graças e auxílios que devemos aos irmãos, nem ser contados no número dos eleitos, dos Vossos escolhidos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: A12