Santa Missa da Romaria do Rio será celebrada com cálice raro

João Pedro Oliveira / A12

Cálice raro do ano de 1900 será usado em Santa Missa da Romaria do Rio de Janeiro

Por Laís Silva / A12 Redação

Neste sábado (30), o Santuário Nacional acolhe a tradicional Romaria da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que está em sua 125ª edição, escrevendo uma história muito bonita de peregrinação, fé e devoção à Nossa Senhora Aparecida. Esta é a maior romaria que a Casa da Mãe acolhe todos os anos.

Um gesto especial e histórico marca esta edição, pois um cálice que Dom Joaquim Arcoverde deu de presente ao Santuário em dezembro de 1900, há exatos 125 anos, será usado pelo Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, na Santa Missa, como sinal da presença e devoção do povo carioca à Padroeira do Brasil.

Na celebração deste ano, Dom Orani usará o cálice centenário e também colocará uma rosa especial aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida, como gesto de gratidão e renovação da fé carioca.

O vínculo entre Aparecida e o Rio de Janeiro

A relação entre a Arquidiocese do Rio de Janeiro e o Santuário Nacional de Aparecida é antiga e cheia de significado. Já no século XIX, famílias e grupos viajavam em carroças, caminhões e trens até a Basílica Histórica para expressar sua fé. Uma bonita tradição de peregrinação que continua até os dias de hoje.

Em 1931, a visita da imagem original de Nossa Senhora Aparecida ao Rio, durante sua proclamação como Padroeira do Brasil, fortaleceu ainda mais esse vínculo.

Em 1976, o Cardeal Eugenio de Araujo Sales definiu oficialmente que a romaria aconteceria no último sábado de agosto, uma tradição que permanece viva.

A história do Cimélio

Arquivo / Arquidiocese do RJ

Cimélio, no dicionário, pode ser descrito como um “objeto raro”, um “tesouro da igreja” e, se analisarmos bem, esse objeto centenário é sim um tesouro, pois foi um presente dado ao Santuário Nacional e guardado por todos esses anos com muito carinho.

A notícia sobre o cálice oferecido por Dom Arcoverde durante a romaria oficial da arquidiocese foi redescoberta pelo padre Eduardo Douglas por meio de uma matéria publicada no jornal Cidade do Rio, em 15 de dezembro de 1900.

A partir dessa descoberta, o bispo auxiliar do Rio, Dom Hiansen Vieira Franco, se interessou pelo tema e, após novas pesquisas, conseguiu localizar o cálice.

“A nossa grande surpresa é que esse cálice foi descoberto na reserva técnica do museu da Basílica Nacional de Aparecida, e já nos mandaram fotos e ficamos todos muito felizes de ver que um objeto litúrgico tão antigo está em perfeitas condições, mostrando o zelo que o Santuário tem por cuidar daquilo que é dado a Nossa Senhora”, explicou dom Hiansen.

Após a localização do cálice, foi solicitada ao reitor e aos prefeitos de Igreja do Santuário Nacional a autorização para usar o cálice na celebração destes 125 anos de Romaria na Casa da Mãe, o que prontamente foi autorizado.

O bispo auxiliar do Rio expressou a alegria em poder redescobrir essa história e, depois de 125 anos, celebrar uma Santa Missa da Romaria do Rio de Janeiro com esse objeto litúrgico.

“Um presente da Arquidiocese do Rio de Janeiro para Nossa Senhora, agora celebrar com ele vai ser também um presente que a própria Basílica oferece a Arquidiocese emprestando por alguns momentos, para ser celebrada a Santa Missa deste ano de 2025.

125 anos depois, nos sentimos profundamente ligados e renovados na nossa devoção à Nossa Senhora Aparecida, utilizando esse objeto litúrgico tão precioso e tão bonito, conforme vimos nas fotos e estamos ansiosos para ver pessoalmente no sábado, se Deus quiser”.

Santuário Nacional
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