São Joaquim e Santa Ana foram, no seu tempo e nas circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto da salvação da humanidade
Aleteia / Hozana*
Desde a antiguidade foi prometida uma descendência a Davi, que dele viria o Salvador. Ao longo dos séculos, toda a tribo de Judá – os descendentes de Davi – esperava o Salvador que dela viria. Na consumação dos tempos Jesus, por obra do Espírito Santo, foi gerado no ventre de Maria Santíssima, filha de Ana (do hebraico Hanna, Graça) e Joaquim (Javé prepara ou fortalece).
Quando somos gerados no ventre materno, nós o somos no pecado original, ou seja, no pecado das nossas origens. E qual é nossa origem? Adão e Eva. De que maneira o pecado de Adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes? Vejamos.
“O gênero humano inteiro é em Adão como “um só corpo de um só homem”. Em virtude desta “unidade do gênero humano”, todos os homens estão implicados no pecado de Adão (…). Adão e Eva cometem um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana, que vão transmitir em um estado decaído. É um pecado que será transmitido por propagação à humanidade inteira (…) um pecado “contraído” e não “cometido”, um estado e não um ato” (Catecismo da Igreja Católica, § 404)
Ora, se Jesus foi concebido sem pecado, pois Deus não peca, sua concepção só poderia acontecer em um ventre puro, sem pecado. E isto aconteceu no de sua Santa Mãe Maria, concebida sem pecado.
Como Maria foi gerada sem o pecado original?
Este milagre aconteceu com Ana, casada com Joaquim, descendente da família real de Davi. Ali Deus, em sua onipotência, reservou para si um ventre capaz de conceber aquela que, tão pura quanto os pais, fosse capaz de gerar em si o próprio Deus. Quanta graça e quanto milagre em uma família como a Ana e Joaquim! Pai, mãe e filha repletos da graça de Deus!
Embora não tenhamos notícias sobre os avós de Jesus no Novo Testamento, é possível conhecê-los no Proto-Evangelho de Tiago, do século II. Joaquim teria nascido na Galileia e Ana, estéril, em Belém. Quando se casaram foram morar em Jerusalém e viveram uma vida de muito temor a Deus. Como não tinham filhos, Joaquim era publicamente debochado, pois não ter filhos era considerado na época uma punição de Deus pela sua inutilidade. O Senhor então os abençoou com o nascimento da Virgem Maria e, também segundo a antiga tradição, ambos já eram de idade quando receberam esta graça.
A história de Joaquim e Ana se assemelha à história de Abraão e Sara. Ambos eram estéreis e, graças à benevolência de Deus, geraram já na velhice. A semelhança não para por aí. “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gl 4,4-5). Deus visitou seu povo, cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência.
O que podemos aprender com a história dos avós de Jesus?
Na Sagrada Escritura a velhice é circundada de veneração (2 Mac 6, 23). O justo não pede para ser privado da velhice e do seu peso; ao contrário, ele reza assim: “Vós sois a minha esperança, a minha confiança, Senhor, desde a minha juventude… Agora, na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus, para que eu narre às gerações a força do vosso braço, o vosso poder a todos os que hão-de vir” (Sl 71 [70], 5-18). O idoso recorda a todos, e de maneira especial aos jovens, que a vida é uma curva, com um início e um fim: Os santos Joaquim e Ana, para experimentar a sua plenitude, dão-nos referência de valores, não efêmeros nem superficiais, mas sólidos e profundos.
Neste mês de julho celebramos Sant’Ana e São Joaquim. É um mês especial para nos lembrarmos dos avós e idosos. Em 2021, com uma menção honrosa, Papa Francisco instituiu o “Dia Mundial dos Avós e dos Idosos”, celebrado no último domingo de julho. O Santo Padre, em seus discursos, nos exorta: “Tal recordação deve inspirar-nos que nunca deixemos de olhar, cuidar, integrar e aprender com os nossos idosos (…) os jovens têm obrigação de escutar e aprender com os seus avós: esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado (…) “Lembrai-vos dos vossos guias que vos pregaram a palavra de Deus. Considerai como eles souberam encerrar a carreira. E imitai a sua fé” (Hb 13, 7). (…) A memória dos nossos antepassados leva-nos à imitação da fé. É verdade, às vezes a velhice é um pouco desagradável devido às doenças que comporta. Mas, a sabedoria dos nossos avós é a herança que nós devemos receber”.
Elos da salvação
Nossa Senhora recebeu no lar formado por seus pais todo o tesouro das tradições da Casa de Davi que passavam de uma geração para outra; foi nele que aprendeu a dirigir-se a Deus com imensa piedade e conheceu as profecias relativas à chegada do Messias. São Joaquim e Santa Ana foram, no seu tempo e nas circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto da salvação da humanidade. Os avós são importantes na vida da família para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade. E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família.
“Far-nos-á bem pensar nos numerosos idosos e idosas nas casas de repouso e também naqueles que — esta palavra é feia, mas digamo-la — são abandonados pelos seus entes queridos (…). Oremos por eles para que sejam coerentes até o fim. Este é o papel dos idosos, este é o tesouro. Oremos pelos nossos avós que muitas vezes desempenharam um papel heroico na transmissão da fé em tempos de perseguição (…) Um povo que não protege os avós, um povo que não respeita os avós não tem futuro porque não tem memória, perdeu a memória”. (Discurso do Papa Francisco em novembro de 2013).
Que estas palavras do Papa Francisco nos façam refletir a respeito do valor que damos aos nossos avós. Valorizemos nossos avós e idosos, porque eles são os privilegiados transmissores da nossa fé. Convido você a rezar pelos avós do mundo inteiro pedindo a intercessão dos avós de Jesus, São Joaquim e Sant’Ana: clique aqui para se inscrever na novena. Que Deus nos ilumine e fortaleça as nossas famílias pela intercessão de Sant’Ana e São Joaquim.
*Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana