Rezar ao Preciosíssimo Sangue de Cristo é agradecer o amor derramado entregue por nós, diz liturgista

Escultura de são Longuinho na basílica de São Pedro, no Vaticano | Shutterstock/Isogood_patrick

Por Monasa Narjara / ACI Digital

Está chegando ao fim o mês de julho, dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus, uma oportunidade de celebrar “o mais sagrado”, disse o padre e liturgista Alexandre Nunes, dos Legionários de Cristo, à ACI Digital. “Rezar ao Preciosíssimo Sangue de Jesus é agradecer a Ele essa doação total das Suas forças, do Seu sangue que ao final foi um ato supremo de amor”.

“Jesus entregando-se na cruz nos ama e amando nos redime, pagando na sua carne nossos pecados”, disse o padre. “Só Ele era o mais perfeito homem, por ser Deus é que podia pagar o nosso resgate e assim, reabrir as portas do paraíso que nos foi fechada pelo pecado de Adão e Eva”.

Segundo o padre, na Eucaristia “Jesus quis também ter o elemento do sangue, porque para os judeus, o sangue simboliza a alma da pessoa”.

“Por isso, o cristão deve viver com devoção esse Preciosíssimo Sangue de Jesus, porque está aí a presença de Jesus vivo, ressuscitado na comunhão que se entrega a nós. Então, é assim que devemos viver como cristãos essa devoção, ser conscientes da grandeza daquilo que nos foi doado em Jesus Cristo, a Eucaristia”, frisou.

Início da devoção

Segundo o padre, a devoção com a história de são Longinus, que não aparece nos Evangelho. A tradição conta que Longinus, ou Longuinho, no Brasil, era o soldado romano que perfurou o corpo crucificado de Jesus na cruz para se certificar se ele já estava morto.

Longuinho era cego de um olho. Quando brotou sangue e água do lado perfurado de Jesus, algumas gotas caíram no seu olho. Longinus ficou curado e se converteu. O soldado recolheu o sangue e a água que tinham caído no chão e disse: “esse sangue é precioso, é poderoso” e guardou em duas ânforas, disse o padre Nunes.

O liturgista disse que no ano 37 Longinus foi a Mântua, na Itália, como missionário. Ali, na basílica de Santo André, estão conservadas as duas ânforas com a terra que tinha recolhido são Longinus recolheu. Lá começou a confraria do preciosíssimo sangue de Jesus. Segundo o padre Nunes, até hoje, na sexta-feira Santa, a cripta é aberta “solenemente e se expõem essas ânforas”.

“É um momento extraordinário porque vai o prefeito, vai o bispo, os cônegos, vai o chefe da polícia e cada um tem a chave e também o sacristão tem uma chave; são várias chaves. E o sacristão é aquele que tem um mapa de como abrir, como girar as chaves, quantas voltas devem dar, como tem que mover um pouco a porta, puxar, empurrar para que se abram”, contou o padre.

A propagação desta devoção foi tão grande que o papa Leão III, no ano 804, atestou a autenticidade da relíquia e oficializou a devoção.

São Gaspar de Búfalo

No início de 1800, em Roma, são Gaspar de Búfalo fundou uma congregação dedicada ao Preciosíssimo Sangue de Jesus, conta o liturgista a ACI Digital.

Neo sacerdote, são Gaspar foi enviado pelo papa Pio VII para a basílica de são Nicolau de Mira, em Roma, para acompanhar uma confraria do Preciosíssimo Sangue de Jesus. “Ele se apaixonou tanto pelo tema que começou a promover fortemente a devoção e quis fundar uma congregação religiosa cuja espiritualidade é o Preciosíssimo Sangue de Jesus”, disse Nunes.

Na noite de 5 ou 6 de julho de 1809, são Gaspar de Búfalo foi preso e deportado por se recusar a jurar fidelidade às ordens de Napoleão, que havia invadido os Estados Papais. Com a queda de Napoleão, ele voltou a Roma e fundou a congregação: os Missionários do Preciosíssimo Sangue de Jesus.

Segundo padre Alexandre, foi apenas em 1849 que a festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus foi instituída pelo papa Pio IX, que fixou a data de 1º de julho, por causa de uma profecia do sucessor de são Gaspar de Buffalo de que Roma seria libertada se Pio IX estabelecesse essa festa no dia 1º de julho.

Ladainha ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

Segundo o padre Nunes, a oração mais conhecida, “instituída, aprovada e reconhecida pela igreja até hoje” é a ladainha ao Preciosíssimo Sangue de Jesus e rezá-la é um movimento de “gratidão para que nenhuma gota desse sangue derramado por Jesus seja derramado em vão, seja desperdiçado e ignorado por nós”

A ladainha ao Preciosíssimo Sangue de Jesus foi composta em 1960 pela Congregação dos Ritos, atual Congregação para o Culto Divino e foi promulgada pelo papa João XXIII no dia 24 de fevereiro do mesmo ano. Confira a oração:

Senhor, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos. Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.

Artigo anteriorNovena de Nossa Senhora dos Anjos prepara fiéis para a grande festa no dia 2 de agosto, em Itambacuri (MG)
Próximo artigoSanto do dia 26 de julho: Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora