Até então, acreditava-se que Santa Teresinha morrera de tuberculose aguda, em 30 de setembro de 1897, aos 24 anos.
Por Pe. José Ferreira Filho / Jornal ‘O São Paulo’
Em meio às comemorações pelo centenário da canonização de Santa Teresa de Lisieux, celebrado no dia 17 de maio, uma nova análise toxicológica revelou que a verdadeira causa de sua morte não se deveu, inicialmente, à doença que a acometera.
Até então, acreditava-se que Santa Teresinha morrera de tuberculose aguda, em 30 de setembro de 1897, aos 24 anos. No entanto, o estudo do professor Philippe Charlier – patologista forense e chefe do laboratório da Universidade de Paris-Saclay – revelou um fator adicional: o corpo de Teresa apresenta evidências claras de intoxicação por mercúrio.
A investigação envolveu a análise de uma mecha de cabelo da Santa. Com a permissão da Arquidiocese de Estrasburgo, o professor Charlier retirou dois fios de cabelo de uma de suas relíquias na igreja de Herbitzheim, no norte da França, conhecida como “pequena Lisieux”, e os enviou para exame na Dinamarca.
A datação do segmento de cabelo mostra que ele corresponde exatamente às últimas quatro semanas de vida de Santa Teresinha. O laudo pericial também registra evidências de queda acentuada nas concentrações de ferro e cobre em seus cabelos, além de estes apresentarem dois picos distintos de mercúrio, cerca de 10 dias antes de sua morte.
O mercúrio é um metal pesado, tóxico para o corpo em grandes quantidades. Em 1897, era comumente usado em certos tratamentos médicos – por exemplo, alguns remédios para parasitas intestinais ou, notavelmente, para tuberculose. O professor explica que o médico carmelita em Lisieux provavelmente administrou um medicamento à base de mercúrio na tentativa de curar Santa Teresinha.
Infelizmente, isso parece ter piorado seu estado. “Podemos, portanto, dizer que Santa Teresinha morreu de tuberculose, mas também de uma complicação iatrogênica (induzida pela medicação ou pelo médico)”, observa ele.
Em outras palavras, ela ainda teria morrido de tuberculose, mas o tratamento com mercúrio – administrado em uma época sem antibióticos – acelerou seu declínio final. A tuberculose foi o grande flagelo do século XIX até o surgimento dos medicamentos modernos. O mercúrio pode ter sido uma tentativa frustrada de salvá-la, mas provavelmente acelerou sua morte.
Fonte: Aleteia (edição em inglês)