Qual é a receita da hóstia?

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O pão destinado à consagração durante o sacrifício da missa é chamado de hóstia. Sua fabricação, herdada da tradição judaica, deve atender a certos requisitos.

Por Aleteia França

Os Evangelhos são unânimes em relatar que foi o pão que Cristo designou como seu corpo durante a Última Ceia, instituindo assim a missa. Contudo, o pão utilizado hoje para a fabricação das hóstias é muito específico, chamado de pão ázimo.

Na verdade, trata-se de um pão não fermentado, feito apenas com farinha de trigo e água, e seu cozimento deve ocorrer rapidamente após a mistura desses dois ingredientes para impedir o desenvolvimento de qualquer fermento. As placas de metal entre as quais as hóstias são assadas por vezes trazem gravadas uma cruz, um cristograma ou outro símbolo que recorda que a hóstia é, literalmente, a “vítima” do sacrifício incruento: Cristo.

Símbolo da Nova Aliança

O uso do pão ázimo é conhecido e herdado da tradição judaica do matzá, preparado para a festa do Pessach em memória do Êxodo de Israel do Egito:

“Durante sete dias, comereis pães sem fermento. Desde o primeiro dia, fareis desaparecer o fermento de vossas casas. Aquele que comer pão fermentado, entre o primeiro e o sétimo dia, será excluído do povo de Israel” (Ex 12, 15).

Pode-se ver nisso um sinal de frugalidade, que marca a situação precária dos judeus na sua saída do Egito. Mas é também um sinal de renovação. O fermento, originalmente, vinha de um pedaço de pão antigo, que era incorporado à massa do pão “novo” para fazê-la fermentar. O pão não fermentado, que se torna o cordeiro pascal, isto é, o cordeiro da passagem, é, portanto, um pão absolutamente novo e puro de qualquer incorporação de pão antigo, significando assim a renovação na Nova Aliança. É por essa razão que o cardeal Sarah afirmou em 2017 que a fabricação de hóstias com o uso de outras substâncias além da farinha e da água — como açúcar ou mel, por exemplo — constituía um “grave abuso”.

Contudo, é importante notar que esse uso do pão não fermentado não é partilhado por todas as Igrejas. Seguindo a tradição ortodoxa, as Igrejas Católicas de rito bizantino utilizam pão fermentado. Essa tradição encontra sua justificativa no fato de que o pão que fermenta é visto como animado por um processo dinâmico. Esse processo representa a vida de Cristo ressuscitado, na qual o pão realmente se transforma durante a transubstanciação.

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