Por que São Miguel cuidou de Santa Faustina de forma especial?

Foi o próprio Criador que deu essa ordem ao maior de Seus anjos

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Muitos foram os beatos e santos que em sua caminhada espiritual contaram com o auxílio dos anjos, e não seria diferente com uma entre as  maiores místicas da Igreja Católica: Santa Maria Faustina Kowalska.

Nascida em solo polonês no ano de 1905, tornou-se célebre por seu “Diário”, o qual contém as inúmeras experiências com Jesus Misericordioso. De fato, Faustina é venerada como a Apóstola da Divina Misericórdia, tendo sido beatificada em 1993 e canonizada em 2000 pelo Papa João Paulo II. O nome da irmã Faustina está fortemente associado ao apostolado da Divina Misericórdia, mas um fato preponderante que deve ser salientado é a distinta ação dos anjos em seu ministério.

Santa Faustina e os anjos

Em seus relatos, no Diário, somos impactados por importantíssimos encontros com as criaturas celestes que auxiliaram a santa polonesa para que o apostolado da Divina Misericórdia alcançasse o êxito.

Sabemos que a presença dos anjos é constante na vida de todos; os anjos são partícipes em nossos momentos de alegria, sobretudo nos instantes que travamos as maiores batalhas. Santa Faustina, tendo em visto a grandiosidade da sua missão, era particularmente perseguida pelos demônios, e por esta razão o Criador ordenou ao maior de seus anjos – São Miguel – que cuidasse dela de maneira muito especial.

“No dia de São Miguel Arcanjo, vi esse guia perto de mim. Ele me disse estas palavras: ‘Recomendou-me o Senhor que eu tivesse um especial cuidado por ti. Fica sabendo que és odiada pelo mal, mas não temas. Quem como Deus!’ — E desapareceu. Contudo, continuo a sentir a sua presença e a sua ajuda”.

Diário 706

O Papa Gregório Magno, prestigiado com o título de “Doutor Angelorum”, esclarece o papel dos anjos e arcanjos na vida dos homens. Conta-nos São Gregório que os anjos – do coro dos anjos da guarda – são nossos guias com o encargo de entregar-nos missões particulares. Já os arcanjos – chefe dos anjos – são os encarregados das missões mais relevantes: “quando se trata de fazer coisas maravilhosas, o enviado é Miguel, para dar a entender por suas ações e por seu nome que ninguém pode fazer aquilo em que só Deus é eficiente”.

Proteção de diferentes coros celestes

O Diário de Santa Faustina nos revela episódios junto a seu anjo da guarda e a São Miguel, o que nos leva a distinguir a essencial proteção dos anjos de diferentes coros celestes sobre seu ministério. Conta-nos Irmã Faustina que certo dia saía de uma cerimônia onde estava exposta à imagem de Jesus Misericordioso, e foi surpreendida por uma multidão de demônios que vieram lhe rechaçar e ameaçar. Diante do confronto espiritual, a santa polonesa pode contar com a poderosa ajuda do seu anjo guardião.

“Vendo o seu terrível ódio para comigo, pedi a ajuda do anjo da guarda e imediatamente surgiu diante de mim a clara e luminosa figura do anjo da guarda, que me disse: “Não tenhas medo, esposa do meu Senhor, esses espíritos não te poderão fazer mal sem a permissão Dele”. — Imediatamente desapareceram os espíritos malignos, e o fiel anjo da guarda me acompanhou de maneira visível até a casa. Seu olhar era modesto e tranquilo, e de sua fronte brotava um raio de fogo”.

Diário 419

A Divina Misericórdia

O apostolado de Santa Faustina era – e continua sendo – de suma importância para a humanidade, e mesmo que aos anjos não fora revelada a compreensão da Divina Misericórdia na sua totalidade, cumpriram fielmente os desígnios de Deus quanto ao resguardo e proteção de Maria Faustina: “Minha filha, fala a todo mundo da minha inconcebível Misericórdia. […] A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana nem angélica, a aprofundará”. [Diário 699]

Assim confirma o angelólogo italiano Dom Marcello Stanzione, sobre a inexplicável misericórdia de Deus com seus filhos mais pecadores:

“A admiração pela misericórdia de Deus é um elemento comum entre homens e anjos. Poderíamos sustentar que, enquanto no homem brota de ver uma misericórdia sem limites e inesgotável derramada sobre ele, enquanto está sob o peso de seus pecados mais monstruosos, por outro lado, o espanto dos anjos está em ver tanta misericórdia para com nós, pecadores, uma misericórdia quase inconcebível para aqueles que se lembram da queda irreparável de seus irmãos anjos. Alguns podem se perguntar se nenhuma misericórdia foi mostrada para aqueles anjos rebeldes.

Lembremo-nos disto: a misericórdia deseja um sinal de arrependimento… mas no caso da ofensa causada por aqueles anjos há uma profunda diferença com a dos homens. Aqui está a resposta: “Quando estava refletindo sobre o pecado dos anjos e sua imediata punição, perguntei a Jesus por que os anjos foram castigados logo depois do pecado. — Ouvi a voz: Pelo profundo conhecimento de Deus. Nenhuma pessoa na terra, ainda que seja um grande santo, tem um conhecimento de Deus como têm os anjos”.

Diário 1332

Os anjos e a misericórdia

Os anjos podem não conceber a Misericórdia na sua totalidade, pois este é um mistério que só a Deus compete.  Porém, não podemos ignorar que os santos anjos anseiam pela nossa salvação como se a deles própria fosse, e a única maneira de sermos salvos é pelo arrependimento de nossos pecados e pela graça que a Divina Misericórdia incidirá sobre cada um de nós no derradeiro momento da nossa morte.

“[…] As entranhas da Misericórdia de Deus foram abertas para nós pela vida

de Jesus, estendido na cruz;

não deves duvidar, nem desesperar, pecador,

mas confiar na misericórdia, porque também tu podes ser santo.

Duas fontes jorraram em forma de raios

do Coração de Jesus,

não para os anjos, querubins ou serafins,

mas para a salvação do pecador”.

Diário 525 – Caderno II – Cantarei a Misericórdia do Senhor pelos séculos

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