Todo 25 de dezembro celebramos o Natal. Por trás deste hábito bem estabelecido, existe uma lógica teológica. As datas das festas, que são baseadas no calendário solar ou lunar, não devem nada ao acaso. Aqui estão algumas explicações.
Aleteia / Valdemar de Vaux
Qual será a data da Páscoa em 2023? Sem olhar para nosso calendário, é difícil responder a esta pergunta. E o Natal? Essa é fácil… O interesse desta observação pode parecer limitado. Todos sabem que a escolha de 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Jesus tem um forte valor simbólico, já que já era uma festa pagã do solstício de inverno. Seis meses após a festa da Natividade de São João Batista, o Natal é, portanto, a vitória do dia sobre a noite.
Mas a escolha de uma data fixa tem um significado mais profundo que nos permite entender melhor o que celebramos. Para simplificar, há várias maneiras de contar o tempo para estabelecer um calendário, na maioria das vezes usando o ritmo do sol (calendário gregoriano) e da lua. O calendário hebraico usa uma combinação destes. O efeito deste uso é o seguinte: usar o sol como base para um calendário dá um determinado dia que não muda se se acrescentar um dia por ano a cada quatro anos. Confiar na lua, por outro lado, requer um ajuste contínuo, já que as fases da lua são compensadas pelo sol.
Dois modos diferentes
Para ser breve, o Natal é uma data fixa, enquanto que a Páscoa é uma data variável, o cálculo depende da lua cheia. Isto é apropriado, já que a Páscoa é a celebração da morte e ressurreição de Jesus, enquanto o Natal é a comemoração do dia de seu nascimento. No primeiro caso, celebramos uma realidade que ainda está ativa no mundo de hoje. Hoje, onde estamos, Cristo realmente nos salva. Esta instabilidade do calendário nos permite experimentar isto: a Páscoa vai além de nosso controle e nos dá um sabor de eternidade.
Em vez disso, no Natal, lembramos que Jesus uma vez entrou em nossa carne, que ele armou sua tenda entre nós. O mistério da Encarnação é, naturalmente, um prenúncio do mistério da Salvação, mas paramos lá em 25 de dezembro. E todo o sabor do Natal reside no fato de que nosso Salvador é antes de tudo um bebê compartilhando nossa condição humilde, limitada e portanto mortal, finita no tempo. É, de certa forma, a contrapartida da Páscoa. O eterno chegou ao tempo – bendito seja Ele – para que o tempo pudesse se tornar eterno.