Papua Nova Guiné: o Papa encontra uma Igreja jovem e sedenta da Palavra de Deus

O Papa em sua chegada a Papua Nova Guiné, na cerimônia de boas-vindas no Aeroporto de Port Moresby (Vatican News)

“A fé é forte aqui. Estive na selva e é lindo ver que nessas pequenas estradas você encontra pessoas que, com um coração simples, pedem que você pare e reze a Missa e dê a comunhão. Elas nos dizem: ‘Precisamos da confissão’. Elas têm muito respeito pelo padre e pela Eucaristia, especialmente as crianças. As igrejas aqui estão cheias de jovens e crianças. E é exatamente isso que o Papa vai encontrar: uma Igreja jovem e sedenta da Palavra de Deus”, diz o missionário verbita, padre Alejandro Diaz.

Vatican News

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As ondas azuis do oceano de um lado, as selvas e florestas do outro. É assim que a parte norte de Papua Nova Guiné, a segunda etapa da longa viagem do Papa Francisco à Ásia e Oceania, aparece à primeira vista. Vilarejos espalhados entre a praia e os planaltos, sem eletricidade, sem aquedutos, sem supermercados.

Em Papua Nova Guiné, a segunda etapa de sua 45ª Viagem Apostólica Internacional, suspensa entre a Ásia e a Oceania, o Papa Francisco também se encontrará com os missionários de Vanimo, que chegaram de longe para continuar o trabalho daqueles que os precederam na proclamação do Evangelho naquela periferia do continente que leva o nome do Oceano.

Diálogo e respeito são as palavras-chave, explica à agência missionária Fides padre Alejandro Diaz, 51 anos, missionário argentino do Instituto do Verbo Encarnado: “Cheguei aqui há um ano para iniciar a primeira experiência de um mosteiro masculino em Papua-Nova Guiné. A estrutura, no vilarejo de Wutung (situado ao norte, a poucos quilômetros da fronteira com Papua, ndr), já está ativa”.

Amizade entre o Bispo de Roma e os missionários no país

“Vivemos a vida contemplativa típica dos monges, nos dedicamos à oração e vivemos do que produzimos. Mas também somos missionários, e o horto não fica apenas no mosteiro. Entramos em contato com os vários vilarejos da selva e também estamos ensinando-os a cultivar a terra, a criar vacas, gansos ou galinhas”.

Agora, com a chegada do Papa, há muito a ser feito, muito a preparar: “Felizmente, muitos aceitaram o Evangelho e, quando souberam que o Pontífice estava chegando, todos se colocaram à disposição para nos ajudar”, revela o padre Diaz.

Há um vínculo de amizade entre o Bispo de Roma e a comunidade de missionários que trabalham no norte de Papua Nova Guiné. Um vínculo que começou há anos: “Ele sempre nos apoiou. Graças à ajuda que nos enviou, construímos um internato para meninos, conseguimos encontrar veículos quatro por quatro para nos deslocarmos pela selva”. Graças à caridade do Papa, “também conseguimos comprar um micro-ônibus que serve como ônibus escolar para os vilarejos”.

Ótimo relacionamento dos missionários com a população

“O Papa – conta o missionário – insistiu muito para vir aqui a Vanimo, que é uma cidade pequena (150.000 habitantes, ndr), muito pobre. Aqui ele se reunirá com a comunidade local e depois chegará a um vilarejo próximo, Baro, para uma visita particular à nossa escola”. Um concerto preparado pelos alunos, que vêm ensaiando com seus instrumentos há semanas, lhe dará as boas-vindas. “O Papa Francisco abençoará 25 imagens da padroeira da Argentina, Nossa Senhora de Luján (um ícone que também será homenageado pelo Papa com a entrega da rosa de ouro, ndr), pois a chegada do Pontífice coincide com o 25º aniversário da chegada da imagem de Nossa Senhora de Luján a Papua Nova Guiné. “As imagens que ele abençoará serão doadas para as capelas dos vilarejos na selva”.

Papa Francisco em sua 45ª Viagem Apostólica Internacional (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Muitas pessoas estão chegando a Baro e Vanimo há dias, não apenas para ouvir e ver o sucessor de São Pedro, mas sobretudo para ajudar a organizar e montar os espaços para a cerimônia: “Com um coirmão, outro dia, também fomos caçar cervos. As pessoas também nos pedem hospitalidade e vêm sem nada, porque não têm nada. Muitos vieram a pé, alguns sem sapatos. Caminharam durante dias e, com um espírito alegre, nos ajudam a preparar o que é necessário”.

Uma Igreja jovem e sedenta da Palavra de Deus

O padre Diaz nos diz que o relacionamento que foi criado entre os missionários e a população “é ótimo. Eles nos receberam muito bem. Estão abertos ao encontro com Cristo e à fé católica, tal como lhes é proposta”. Estes dias, todos têm participado de reuniões, celebrações e adoração eucarística a fim de se preparar para a chegada do Papa. “Até mesmo os não católicos o fizeram. Aqui vivemos com respeito”.

Diferentemente de outras partes do mundo, reconhece o padre Diaz, ”aqui todos têm um senso religioso. Dias atrás, tivemos uma procissão noturna com a Bíblia. Muitas pessoas participaram, até mesmo não-cristãos. E rezamos com uma oração universal, colocando Deus no centro”. E essa unidade também pode ser vista nos preparativos para a visita papal: “Até mesmo os líderes de outras religiões pediram nossa permissão para participar porque entendem que é um evento importante”.

“A fé é forte aqui. Estive na selva – continua o padre Diaz -, e é lindo ver que nessas pequenas estradas você encontra pessoas que, com um coração simples, pedem que você pare e reze a Missa e dê a comunhão. Elas nos dizem: ‘Precisamos da confissão’. Elas têm muito respeito pelo padre e pela Eucaristia, especialmente as crianças. As igrejas aqui estão cheias de jovens e crianças. E é exatamente isso que o Papa vai encontrar: uma Igreja jovem e sedenta da Palavra de Deus”.

A fé é a riqueza e o bem precioso dos papuásios

“A alegria deles – enfatiza o missionário – está na fé. É a sua riqueza e o seu bem precioso, e só isso é suficiente para eles. Nós podemos somente acompanhá-los e ajudá-los em seu caminho de fé”.

A escolha dos missionários é uma escolha de paciência que confia no tempo, sem entrar em conflito drástico com os costumes e as tradições locais. “Nós não removemos ou apagamos as culturas locais. Há muita magia, superstição, bruxaria… mas seus costumes e tradições são importantes. Aos poucos, esclarecemos todos os elementos e eles entendem e aceitam ainda mais a fé católica”.

É claro que não faltam dificuldades: “Alguns líderes tribais não aceitam esses ensinamentos. Eles acham – diz o religioso – que queremos roubá-los ou que eles não querem renunciar à veneração de espíritos ou elementos da natureza. Nossa tarefa é explicar-lhes bem que queremos ajudá-los, compartilhar com eles coisas que são boas para suas vidas”. E a visita do Papa, “para nós missionários, é como uma carícia. Nos sentimos encorajados a continuar nesse caminho”.

(com Fides)

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