“Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade” é o tema do texto divulgado pelo Santo Padre neste primeiro dia de fevereiro
Por A12 Redação
A partir da quarta-feira de Cinzas (14 de fevereiro) a Igreja Católica inicia a Quaresma, tempo de preparação para bem celebrar a Páscoa do Senhor. É um tempo oportuno para a mudança de vida, afinal, Jesus não quer holocaustos e sacrifícios, mas corações puros e misericordiosos.
E abrindo o mês de fevereiro, o Papa Francisco divulgou nesta quinta-feira (1º) a tradicional mensagem para a Quaresma deste ano, sobre o tema “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade”. No texto, que você confere neste link, o Santo Padre focou a reflexão no Livro do Êxodo, enfatizando que quando o nosso Deus Se revela, comunica liberdade.
“Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão” (Ex 20, 2).
O Papa orienta que da mesma maneira que Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito, também hoje o povo de Deus traz dentro de si vínculos opressivos que deve optar por abandonar.
“Damos-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos”, recorda.
As palavras de Francisco são diretas ao dizer que a Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser o lugar do primeiro amor, assim como um esposo, que nos atrai novamente a si e sussurra ao nosso coração palavras de amor.
Uma Quaresma concreta
“Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de libertá-lo das mãos dos egípcios e de fazê-lo subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que emana leite e mel”. (Ex 3, 7-8).
A partir dessa passagem, o Papa nos faz refletir que o primeiro passo para viver bem o tempo quaresmal é querer ver a realidade ao nosso redor.
“Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao Céu. Perguntemo-nos: E chega também a nós? Mexe conosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos outros, negando a fraternidade que originariamente nos une”.
Francisco relembrou a primeira viagem do seu pontificado, para a ilha de Lampedusa, extremo sul da Itália, em julho de 2013, ressaltando mais duas perguntas extraídas da Palavra de Deus, que ainda são muito atuais.
“‘Onde estás?’ (Gn 3, 9) e ‘Onde está o teu irmão?’ (Gn 4, 9). O caminho quaresmal será concreto, se, voltando a ouvir tais perguntas, confessarmos que hoje ainda estamos sob o domínio do Faraó. É um domínio que nos deixa exaustos e insensíveis. É um modelo de crescimento que nos divide e nos rouba o futuro”.
Deus não Se cansa de nós
O sumo pontífice reforça que devemos acolher a Quaresma como o tempo forte em que a Sua Palavra é novamente dirigida, como tempo de conversão, um tempo de liberdade e deu o exemplo do próprio Jesus, que foi estimulado pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade.
“Durante quarenta dias, temos Jesus diante dos nossos olhos e conosco: é o Filho encarnado. Ao contrário do Faraó, Deus não quer súbitos, mas filhos. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido”.
Quaresma, tempo de decisões
Ao fim da mensagem, o Papa Francisco refletiu que na Quaresma agir também é parar, mas parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano em presença do irmão ferido. O amor de Deus e o do próximo formam um único amor.
E ainda como Igreja que caminha juntos, o Santo Padre nos sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias capazes de modificar a vida cotidiana, como os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado.
“Quero dizer-vos, como aos jovens que encontrei em Lisboa no verão passado: Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. É a coragem da conversão, da saída da escravidão. A fé e a caridade guiam pela mão esta esperança menina. Ensinam-na a caminhar e, ao mesmo tempo, ela puxa-as para frente. Abençoo-vos a todos vós e ao vosso caminho quaresmal”.