Gestos e imagens que resumem o pontificado do primeiro papa sul-americano da história
Por I.Media
O Papa Francisco deixou sua marca desde as primeiras horas de seu pontificado, com gestos e palavras que dariam o tom do seu pontificado. E neste 10º aniversário de sua chegada à Cátedra de Pedro, a agência I. MEDIA selecionou 10 gestos que resumem de maneira particular o pontificado do primeiro papa sul-americano da história.
1 – FRANCISCO SE CURVA AOS FIÉIS NA NOITE DE SUA ELEIÇÃO
O novo papa havia acabado de aparecer na sacada da Basílica de São Pedro e seu estilo já se destacava. Vestindo uma simples batina branca, o papa argentino fez um pedido inusitado: “Peço que rezem ao Senhor para que Ele me abençoe”. O primeiro papa a assumir o nome de Francisco curvou a cabeça diante da multidão de fiéis reunidos na Praça de São Pedro e na Via della Conciliazione, a fim de receber a bênção de Deus. Por cerca de 15 segundos, o silêncio pairou sobre aquela noite histórica.
2 – FLORES EM HOMENAGEM AOS MIGRANTES AFOGADOS EM LAMPEDUSA (8 DE JULHO DE 2013)
O Papa Francisco estava instalado no trono de Pedro há pouco tempo quando decidiu ir à pequena ilha italiana de Lampedusa para “chorar os mortos” da imigração. De frente para o mar, após um longo momento de meditação, atirou à água uma coroa de flores em memória dos milhares de afogados no Mediterrâneo, mar que se tornou um “grande cemitério” de refugiados. Segundo a ONU, mais de 20.000 migrantes morreram no Mediterrâneo de 2014 a 2020.
3 – CONFISSÃO PERANTE O PÚBLICO (28 DE MARÇO DE 2014)
Na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco foi orientado pelo mestre de cerimônias a entrar em um confessionário e ouvir as confissões dos fiéis. Mas, em vez de cumprir o plano, o pontífice argentino caminhou em direção a outro confessionário onde um padre o esperava para ouvir a confissão dele. Durante vários minutos, e pela primeira vez na história, cinegrafistas e fotógrafos puderam imortalizar a cena de um papa se confessando. O objetivo era claro: encorajar os católicos a redescobrir o gosto por esse sacramento. Também nesta perspectiva, o Papa lançaria um Jubileu da Misericórdia no ano seguinte.
4 – ENCONTRO COM O PATRIARCA RUSSO EM CUBA (12 DE FEVEREIRO DE 2016)
Quase mil anos após o grande cisma de 1054, o chefe da Igreja Católica se encontrou pela primeira vez com o patriarca ortodoxo de Moscou. Este encontro histórico, ocorrido no aeroporto de Cuba, selou o estreitamento das relações entre as duas igrejas. Diante de um grande crucifixo de estilo bizantino, os dois se abraçaram e se beijaram no rosto. A lenta aproximação entre as duas Igrejas seria brutalmente interrompida pela guerra na Ucrânia. As divergências geradas pelo conflito ficaram patentes quando os jornalistas noticiaram que o Papa Francisco pediu a Kirill que não se tornasse “coroinha de Putin”.
5 – CARONA PARA REFUGIADOS DE LESBOS (16 DE ABRIL DE 2016)
“Somos todos migrantes.” Em abril de 2016, o Papa Francisco viajou à Grécia e visitou um abrigo de refugiados em Lesbos. Na volta, ele surpreendeu ao colocar 12 migrantes em seu avião, incluindo seis crianças. As três famílias muçulmanas eram da Síria.
6 – ENCONTRO COM O IMÃ DE AL-AZHAR (4 DE FEVEREIRO DE 2019)
Os dois líderes religiosos se encontraram para assinar um texto que defende a paz e condena a violência em nome de Deus. Foi um gesto poderoso que aconteceu durante a visita de Francisco aos Emirados Árabes Unidos no final de uma década marcada pela violência do Estado Islâmico.
Em março de 2021, o Papa Francisco se reuniria no Iraque com a maior autoridade espiritual dos muçulmanos xiitas, o Aiatolá Ali al-Sistani.
7 – BEIJO NOS PÉS DOS LÍDERES DO SUDÃO DO SUL (11 DE ABRIL DE 2019)
O 266º papa ajoelhou-se diante de dois líderes do Sudão do Sul, beijando seus pés em um apelo para que apoiassem seu pedido de paz. Naquele mês de abril de 2019, a imagem inusitada deu a volta ao mundo. Com esse gesto, que surpreendeu até os seus colaboradores mais próximos, o Papa Francisco destacou a trágica situação de um país que só conhece a guerra. O Papa viajaria ao Sudão do Sul em fevereiro de 2023 para reiterar o apelo à paz.
8 – A ORAÇÃO NA PRAÇA SÃO PEDRO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 (27 DE MARÇO DE 2020)
É uma imagem que será preservada nos livros de História. Em 27 de março de 2020, enquanto grande parte do mundo estava confinado e os sinos das igrejas de Roma tocavam, o Papa Francisco ficou sozinho na Praça de São Pedro. Por outro lado, milhões de pessoas na frente de suas telas o assistiram fazer a bênção Urbi et orbi, “à cidade e ao mundo”, em uma atmosfera apocalíptica. Alguns dias antes, ele havia confiado a cidade de Roma à Virgem Maria, enquanto a Itália sofria os efeitos de um vírus então desconhecido.
9 – VISITA À EMBAIXADA DA RÚSSIA (25 DE FEVEREIRO DE 2022)
O Papa fez um gesto sem precedentes logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em 25 de fevereiro, poucas horas após a invasão, ele decidiu ir pessoalmente à embaixada da Rússia na Santa Sé para falar com o embaixador. “Foi uma decisão que tomei durante uma noite de vigília, pensando na Ucrânia”, contaria ele mais tarde.
Outras ações referentes à guerra aconteceriam posteriormente. Em 6 de abril, no meio de uma audiência geral, ele beijou a bandeira da cidade ucraniana de Bucha, onde cadáveres – alguns com as mãos amarradas para trás – haviam acabado de ser descobertos após a retirada das tropas russas.
10 – DESPEDIDA DE BENTO XVI
A imagem é inédita: nunca, na história recente, um papa enterrou seu antecessor. Na Praça de São Pedro, a missa fúnebre acabava de terminar e o Papa Francisco se dirigia à basílica, quando se virou para esperar o caixão de Bento XVI. O pontífice argentino o abençoou e, depois, colocou a mão direita sobre o caixão de cipreste, fazendo uma reverência.