Papa Francisco: 10 anos em 10 imagens

Gestos e imagens que resumem o pontificado do primeiro papa sul-americano da história

Antoine Mekary | ALETEIA

Por I.Media

O Papa Francisco deixou sua marca desde as primeiras horas de seu pontificado, com gestos e palavras que dariam o tom do seu pontificado. E neste 10º aniversário de sua chegada à Cátedra de Pedro, a agência I. MEDIA selecionou 10 gestos que resumem de maneira particular o pontificado do primeiro papa sul-americano da história.

1 – FRANCISCO SE CURVA AOS FIÉIS NA NOITE DE SUA ELEIÇÃO

O novo papa havia acabado de aparecer na sacada da Basílica de São Pedro e seu estilo já se destacava. Vestindo uma simples batina branca, o papa argentino fez um pedido inusitado: “Peço que rezem ao Senhor para que Ele me abençoe”. O primeiro papa a assumir o nome de Francisco curvou a cabeça diante da multidão de fiéis reunidos na Praça de São Pedro e na Via della Conciliazione, a fim de receber a bênção de Deus. Por cerca de 15 segundos, o silêncio pairou sobre aquela noite histórica.

O gesto de humildade do papa recém-eleito. / VINCENZO PINTO | AFP

2 – FLORES EM HOMENAGEM AOS MIGRANTES AFOGADOS EM LAMPEDUSA (8 DE JULHO DE 2013)

O Papa Francisco estava instalado no trono de Pedro há pouco tempo quando decidiu ir à pequena ilha italiana de Lampedusa para “chorar os mortos” da imigração. De frente para o mar, após um longo momento de meditação, atirou à água uma coroa de flores em memória dos milhares de afogados no Mediterrâneo, mar que se tornou um “grande cemitério” de refugiados. Segundo a ONU, mais de 20.000 migrantes morreram no Mediterrâneo de 2014 a 2020.

Francisco homenageia os mortos no Mediterrâneo. / Photo by OSSERVATORE ROMANO / AFP

3 – CONFISSÃO PERANTE O PÚBLICO (28 DE MARÇO DE 2014)

Na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco foi orientado pelo mestre de cerimônias a entrar em um confessionário e ouvir as confissões dos fiéis. Mas, em vez de cumprir o plano, o pontífice argentino caminhou em direção a outro confessionário onde um padre o esperava para ouvir a confissão dele. Durante vários minutos, e pela primeira vez na história, cinegrafistas e fotógrafos puderam imortalizar a cena de um papa se confessando. O objetivo era claro: encorajar os católicos a redescobrir o gosto por esse sacramento. Também nesta perspectiva, o Papa lançaria um Jubileu da Misericórdia no ano seguinte.

Papa Francisco se confessa na Basílica de São Pedro. / Le pape François se confessant dans la basilique Saint-Pierre le 13 mars 2015 © ALESSANDRO BIANCHI / POOL / AFP

4 – ENCONTRO COM O PATRIARCA RUSSO EM CUBA (12 DE FEVEREIRO DE 2016)

Quase mil anos após o grande cisma de 1054, o chefe da Igreja Católica se encontrou pela primeira vez com o patriarca ortodoxo de Moscou. Este encontro histórico, ocorrido no aeroporto de Cuba, selou o estreitamento das relações entre as duas igrejas. Diante de um grande crucifixo de estilo bizantino, os dois se abraçaram e se beijaram no rosto. A lenta aproximação entre as duas Igrejas seria brutalmente interrompida pela guerra na Ucrânia. As divergências geradas pelo conflito ficaram patentes quando os jornalistas noticiaram que o Papa Francisco pediu a Kirill que não se tornasse “coroinha de Putin”.

Encontro histórico entre o papa e o patriarca russo em Cuba. / Max ROSSI | POOL | AFP

5 – CARONA PARA REFUGIADOS DE LESBOS (16 DE ABRIL DE 2016)

“Somos todos migrantes.” Em abril de 2016, o Papa Francisco viajou à Grécia e visitou um abrigo de refugiados em Lesbos. Na volta, ele surpreendeu ao colocar 12 migrantes em seu avião, incluindo seis crianças. As três famílias muçulmanas eram da Síria.

Papa Francisco encontra migrantes durante visita à Grécia. AP/Associated Press/East News

6 – ENCONTRO COM O IMÃ DE AL-AZHAR (4 DE FEVEREIRO DE 2019)

Os dois líderes religiosos se encontraram para assinar um texto que defende a paz e condena a violência em nome de Deus. Foi um gesto poderoso que aconteceu durante a visita de Francisco aos Emirados Árabes Unidos no final de uma década marcada pela violência do Estado Islâmico.

Em março de 2021, o Papa Francisco se reuniria no Iraque com a maior autoridade espiritual dos muçulmanos xiitas, o Aiatolá Ali al-Sistani.

O Papa Francisco e o Grande Imã Sheikh Ahmed al-Tayeb do Egito, se cumprimentam enquanto trocam documentos durante encontro em Abu Dhabi. / VINCENZO PINTO | AFP

7 – BEIJO NOS PÉS DOS LÍDERES DO SUDÃO DO SUL (11 DE ABRIL DE 2019)

O 266º papa ajoelhou-se diante de dois líderes do Sudão do Sul, beijando seus pés em um apelo para que apoiassem seu pedido de paz. Naquele mês de abril de 2019, a imagem inusitada deu a volta ao mundo. Com esse gesto, que surpreendeu até os seus colaboradores mais próximos, o Papa Francisco destacou a trágica situação de um país que só conhece a guerra. O Papa viajaria ao Sudão do Sul em fevereiro de 2023 para reiterar o apelo à paz.

O Papa Francisco ajoelha-se para beijar os pés do presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit. O encontro aconteceu na Casa Santa Marta, no Vaticano. / Photo by Handout / VATICAN MEDIA / AFP

8 – A ORAÇÃO NA PRAÇA SÃO PEDRO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 (27 DE MARÇO DE 2020)

É uma imagem que será preservada nos livros de História. Em 27 de março de 2020, enquanto grande parte do mundo estava confinado e os sinos das igrejas de Roma tocavam, o Papa Francisco ficou sozinho na Praça de São Pedro. Por outro lado, milhões de pessoas na frente de suas telas o assistiram fazer a bênção Urbi et orbi, “à cidade e ao mundo”, em uma atmosfera apocalíptica. Alguns dias antes, ele havia confiado a cidade de Roma à Virgem Maria, enquanto a Itália sofria os efeitos de um vírus então desconhecido.

Na pandemia de Covid-19, o Papa Francisco dá a bênção Urbi et orbi na Praça São Pedro vazia por causa das medidas sanitárias. / YARA NARDI / POOL / AFP

9 – VISITA À EMBAIXADA DA RÚSSIA (25 DE FEVEREIRO DE 2022)

O Papa fez um gesto sem precedentes logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em 25 de fevereiro, poucas horas após a invasão, ele decidiu ir pessoalmente à embaixada da Rússia na Santa Sé para falar com o embaixador. “Foi uma decisão que tomei durante uma noite de vigília, pensando na Ucrânia”, contaria ele mais tarde.

Outras ações referentes à guerra aconteceriam posteriormente. Em 6 de abril, no meio de uma audiência geral, ele beijou a bandeira da cidade ucraniana de Bucha, onde cadáveres – alguns com as mãos amarradas para trás – haviam acabado de ser descobertos após a retirada das tropas russas.

O Papa Francisco segura a bandeira da cidade ucraniana de Bucha durante audiência geral na sala Paulo VI do Vaticano, no dia 06 de abril de 2022. / Antoine Mekary | ALETEIA

10 – DESPEDIDA DE BENTO XVI

A imagem é inédita: nunca, na história recente, um papa enterrou seu antecessor. Na Praça de São Pedro, a missa fúnebre acabava de terminar e o Papa Francisco se dirigia à basílica, quando se virou para esperar o caixão de Bento XVI. O pontífice argentino o abençoou e, depois, colocou a mão direita sobre o caixão de cipreste, fazendo uma reverência.

Papa Francisco em seu comovente adeus a Bento XVI. / © Vatican Media
Artigo anteriorHoje a Igreja celebra o terceiro Domingo da Quaresma
Próximo artigoSucesso de bilheteria, filme sobre São José ganha novas datas de exibição nos cinemas brasileiros