O centenário da canonização de Santa Teresinha

Reprodução da canonização de Santa Teresinha, na Basílica de São Pedro, em 17 de maio de 1925

Desde a infância, Teresinha demonstrava uma grande sensibilidade espiritual e um profundo desejo de santidade. Aos 15 anos, conseguiu autorização excepcional para ingressar no Carmelo de Lisieux, onde viveu até sua morte.

Frei Patrício Sciadini / O São Paulo

Era o dia 17 de maio de 1925 quando o Papa Pio XI declarou Santa aquela jovem de Lisieux, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que ele chama carinhosamente “a estrela do seu pontificado”, palavra vivente de Deus, missionária, que ensinava à Igreja coisas sublimes. Já a sua fama tinha se espalhado, já tínhamos as igrejas com o seu nome no mundo, e as primeiras dedicadas foram no Brasil.

Hoje, depois de cem anos, podemos dizer com certeza que a sua presença no mundo e na Igreja é sempre maior, e o demonstra a Carta Apostólica que o Papa Francisco quis dedicar-lhe no aniversário dos 150 anos do seu nascimento: “C’est la confiance”, um tema querido ao Papa. A misericórdia é fonte de toda felicidade, de toda esperança, e confiança no Senhor da história.

Nesta celebração dos 100 anos de sua canonização – em que a Igreja dos nossos tempos, muitas vezes se vê complicada pelos meios de comunicação, não sabendo bem usá-los –, Santa Teresinha nos convida a uma volta “urgente” ao Evangelho, o livro que, quando você o abre, encontra Jesus. Um Jesus único, amor que nos abraça na sua misericórdia e que nos confia a fazer dos seus braços “o divino elevador para subir ao Pai”.

Teresinha influenciou toda a teologia, a espiritualidade e o caminho da mesma Igreja, com o caminho que ela chama de “novo, reto e breve”. É o que nós conhecemos como a infância espiritual.

Deus amor e misericórdia não olha somente as nossas obras, mas sim os nossos desejos, e especialmente o nosso amor. Ela escreve: “Deus não precisa das nossas obras, mas sim do nosso amor”.

Um amor dom recebido, que devemos dar, uma presença de Deus escondida nas pequenas coisas: a beleza de uma rosa, o canto dos passarinhos, a beleza do céu estrelado. Sem a simplicidade e a pureza de coração, não podemos ver a Deus. A Igreja é sempre missionária, deve sair de si mesma e ir. Mas como podemos ir se estamos encerrados em um mosteiro, se a doença nos prega em uma cama, se não temos mais idade para correr? Eis a resposta de Santa Teresinha sempre atual e sempre válida: “Serei missionária pela oração e pelo sacrifício!”, duas oportunidades sempre possíveis para todos.

Que este centenário renove nos nossos corações o valor do essencial da vida: “o Amor”. Que a leitura dos seus escritos nos ajude a “simplificar o nosso relacionamento com Deus e com os outros”. O Papa Francisco nos diz: “Mais tem passado o tempo e Santa Teresinha é sempre mais atual”. Todos os Papas, começando de Leão XIII até Francisco, falaram de Santa Teresinha. E certamente o Papa Leão XIV sobre ela também nos dirá.

Gostaria de convidar a todos a encontrar o próprio caminho de santidade, como nos ensina Santa Teresinha. Todos somos chamados a sermos santos, mas não pelo mesmo caminho. Qual é o seu caminho?

Santa e doutora do amor e da confiança em Deus

Santa Teresinha do Menino Jesus, também conhecida como Santa Teresa de Lisieux, foi uma religiosa carmelita francesa e uma das figuras mais amadas da espiritualidade católica. Nasceu em 2 de janeiro de 1873, na cidade de Alençon, França, em uma família profundamente cristã. Seus pais, Luís e Zélia Martin, também foram canonizados pela Igreja.

Desde a infância, Teresinha demonstrava uma grande sensibilidade espiritual e um profundo desejo de santidade. Aos 15 anos, conseguiu autorização excepcional para ingressar no Carmelo de Lisieux, onde viveu até sua morte. Apesar da vida breve e na clausura, Teresinha deixou um grande legado espiritual por meio de seus escritos, especialmente sua autobiografia, intitulada “História de uma Alma”, na qual descreve sua “pequena via” de confiança, simplicidade e abandono total ao amor de Deus. Sua espiritualidade, centrada na humildade e no oferecimento das pequenas ações do cotidiano, conquistou o coração de milhares de fiéis ao redor do mundo.

Santa Teresinha faleceu em 30 de setembro de 1897, com apenas 24 anos, após uma dolorosa luta contra a tuberculose. Mesmo sem jamais sair do Carmelo, foi proclamada Padroeira das Missões em 1927, devido ao seu profundo amor pela evangelização e pelos missionários.

Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, na Basílica de São Pedro, e, em 1997, proclamada Doutora da Igreja por São João Paulo II – título reservado a santos cujos ensinamentos são de grande relevância para toda a Igreja.

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