“Uma Frente Parlamentar Católica implica ter esse olhar, o olhar de Jesus Cristo. Ter o olhar de Cristo implica ter a vida, a realidade, as pessoas como Deus as vê, implica ter um olhar alargado, ver possibilidade onde a Lei apontava condenação”
Por Luiz Lopes Jr.* / CNBB
Foi instalada, na manhã de quarta-feira, 4, a Frente Parlamentar Católica Apostólica Romana no Senado Federal. A criação do grupo é proposição do senador Astronauta Marcos Pontes e conta com 12 senadores. O evento contou com a presença do arcebispo de Brasília (DF), cardeal Paulo Cezar Costa, e de representantes de outras instituições católicas.
Na resolução que aprovou a instalação da Frente Parlamentar, são apresentados os objetivos de defender os princípios éticos, morais e doutrinários da Igreja Católica; acompanhar projetos e assessorar os parlamentares na elaboração e votação de propostas.
A Comissão será presidida pelo senador Astronauta Marcos Pontes e com o senador Flávio Arns na vice-presidência. Em seu discurso de abertura, Pontes falou do compromisso de que os valores cristãos sejam considerados nas discussões legislativas.
“Defender os princípios da Igreja significa defender os valores de milhões de brasileiros. O Brasil é uma nação cristã, sendo a sua maioria católica. São milhões de brasileiros que, guiados por sua fé, contribuem diariamente para a formação cultural e moral da nossa sociedade”, pontuou.
Política pelo bem comum
O arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, recordou que a Igreja possui “uma visão elevada sobre a política, que deve atuar pelo bem comum”, e que seu exercício deve conduzir a comunidade humana à sua realização. Ele destacou o diálogo como um caminho para a paz, recordando algumas falas do Papa Francisco, e orientou que a Frente Parlamentar deve ter o olhar de Cristo para o outro e deve estar unida, mesmo nas diferenças.
“Uma Frente Parlamentar Católica implica ter esse olhar, o olhar de Jesus Cristo. Ter o olhar de Cristo implica ter a vida, a realidade, as pessoas como Deus as vê, implica ter um olhar alargado, ver possibilidade onde a Lei apontava condenação”, disse, lembrando de passagens do Evangelho nas quais Cristo mostra seu olhar de misericórdia, perdão e esperança.
“Ter o espírito de Cristo tem que ser lei para nós. Por isso, nessa Frente Parlamentar, o que une tem que ser maior do que o que divide, onde se encontra a pessoa concreta; onde, por detrás das discussões, das divergências, dos interesses, das ideologias existem pessoas a serem encontradas, acolhidas e amadas. Existe um irmão, uma irmã. Essa Frente Parlamentar deve ser local onde as diferenças se tornam dom; onde o outro, a outra não é olhado pelo partido, se é de direita ou de esquerda, mas pela possibilidade que traz consigo; onde aquele que discorda de mim, que pensa diferente de mim, é um irmão, não um inimigo”.
Laicidade do Estado
Por meio do diálogo e da amizade social diante das diferenças, o arcebispo destacou a realização da “verdadeira laicidade do Estado”. Dom Paulo também explicou o a ideia de laicidade, frente à confusão entre Estado Laico e Estado ateu que se apresenta na sociedade brasileira.
Um Estado ateu, segundo dom Paulo, já teria assumido uma postura diante da religião. Já o Estado Laico “é aquele que protege todas as religiões, que dá liberdade para que todas as religiões possam exercer sua missão religiosa, sua missão social, sua missão caritativa e demais”.
Simpósio sobre a laicidade do Estado e a liberdade religiosa promovido pela CNBB
Além de dom Paulo Cezar, também participaram da sessão de instalação da Frente Parlamentar Católica o bispo auxiliar de Brasília dom Denilson Geraldo, e representantes da arquidiocese de Brasília, da Fundação João Paulo II – mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação, do Santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ), e da Fazenda da Esperança.
*Com informações da Agência Senado