O primeiro Papa não italiano desde 1523 foi o terceiro pontífice da Igreja em menos de 3 meses
Dia 16 de outubro de 1978: há 43 anos, São João Paulo II era eleito Papa no Ano dos 3 Papas, tornando-se o primeiro pontífice não italiano desde 1523 e, em contrapartida, o terceiro Papa da Igreja Católica num período de menos de 3 meses.
De fato, os Papas Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II se sucederam no trono de Pedro não só durante um mesmo ano, mas durante um mesmo verão italiano, entre 6 de agosto e 16 de outubro de 1978. Seria preciso voltar no tempo mais de três séculos e meio para encontrar um precedente semelhante: Clemente VIII, Leão XI e Paulo V, em 1605.
Paulo VI foi substituído pelo Patriarca de Veneza Albino Lucini, que adotou o nome duplo e incomum de João Paulo e morreu apenas 33 dias depois de eleito pontífice, vindo a ser por sua vez substituído por um dos mais carismáticos e influentes líderes da história da humanidade: o cardeal Karol Wojtyla, arcebispo de Cracóvia, que manteve o nome escolhido pelo antecessor e passou para a posteridade como São João Paulo II.
Seu antecessor havia feito história logo na escolha do nome, já que era a primeira vez que um Papa adotava um nome duplo. Tratava-se de uma homenagem aos dois predecessores imediatos, João XXIII e Paulo VI. Entretanto, a morte inesperada e chocante do novo Papa fez alguns supersticiosos acharem que aquela escolha era um “sinal nefasto”.
Não, porém, para São João Paulo II.
Na memorável tarde de 16 de outubro daquele ano inesquecível, o cardeal protodiácono apareceu na sacada aberta para a Praça de São Pedro e anunciou ao mundo um novo e inesperado pontífice, que, imediatamente, saiu à mesma sacada e deu a sua primeira bênção “urbi et orbi” – “para a cidade e para o mundo”.
O primeiro e histórico discurso de São João Paulo II
O novo Papa improvisou então as seguintes palavras:
“Louvado seja Jesus Cristo! Queridos irmãos e irmãs, ainda estamos tristes com a morte do amado Papa João Paulo I. E aqui, os eminentes cardeais chamaram um novo bispo de Roma. Eles o chamaram de um país distante; muito distante, mas sempre tão próximo da comunhão na fé e na tradição cristã. Eu tive medo de receber esse chamado, mas o fiz com espírito de obediência a nosso Senhor e com total confiança em Sua mãe, a Santíssima Virgem.
Além disso, não sei se consigo me explicar direito na sua língua italiana; se eu erro, se eu erro, vocês me corrigirão! E assim me apresento a todos vocês para confessar a nossa fé comum, a nossa esperança, a nossa confiança na Mãe de Cristo e da Igreja, e também, e também, para começar de novo este caminho, este caminho da história e da Igreja. Começar com a ajuda de Deus e com a ajuda dos homens”.
A eleição daquele Papa que veio de longe rompeu 455 anos de pontífices italianos e abriu o mais longo período de Papas não italianos desde os 70 anos de Avignon, quando, entre 1305 e 1378, os Papas vieram exclusivamente da França: de fato, o polonês São João Paulo II foi substituído pelo alemão Bento XVI e este pelo argentino Francisco, o primeiro Papa vindo das Américas.
Fonte: Aleteia / Foto: Vaticano