Francisco, o Papa que “sacudiu” a Igreja diante da crise da modernidade

O Papa Francisco discursa ao se encontrar com trabalhadores durante visita à sede do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, em Roma, em 13 de junho de 2016. O Papa Francisco criticou a “descarada” livre circulação de armas ao redor do mundo, comparando-a desfavoravelmente aos obstáculos burocráticos impostos à ajuda humanitária. “Não faz diferença de onde as armas vêm; elas circulam com descarada e praticamente absoluta liberdade em muitas partes do mundo”, disse o pontífice em visita ao Programa Mundial de Alimentos. Seus comentários foram feitos um dia depois de um atirador ter matado 50 pessoas a tiros em uma boate em Orlando, mas o líder católico não se referiu especificamente ao tiroteio. / AFP PHOTO / POOL / TONY GENTILE

O Magistério de Francisco procurou dar as respostas adequadas para as crises do nosso tempo

Na segunda-feira de Páscoa de 2005 uma notícia triste ecoou pelo mundo: a morte do Papa Francisco aos 88 anos. Ao trazer a informação, o cardeal carmelengo Farrel, lembrou: “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”

É importante agradecer a Deus pelo Papa Francisco e recordar seu pontificado por meio de suas encíclicas. O Papa Francisco assumiu o Evangelho no formato do diálogo poliédrico: “Exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária: é preciso não se contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas (Amoris Laetitia 201)”. Francisco desejou a ação permanente de Igreja em saída, conforme afirmou: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação” (Evangeli Gaudium 27).

A Encíclica Social intitulada Fratelli Tutti coloca nos números finais os desafios para os fiéis das religiões: “Chamada a encarnar-se em todas as situações e presente através dos séculos em todo o lugar da terra – isto mesmo significa “católica” –, a Igreja pode, a partir da sua experiência de graça e pecado, compreender a beleza do convite ao amor universal. Com efeito, “tudo o que é humano nos diz respeito (…); onde quer que as assembleias dos povos se reúnam para determinar os direitos e os deveres do homem, sentimo-nos honrados, quando no-lo permitem, tomando lugar nelas». Para muitos cristãos, este caminho de fraternidade tem também uma Mãe, chamada Maria. Ela recebeu junto da Cruz esta maternidade universal (cf. Jo 19,26) e cuida não só de Jesus, mas também do resto da sua descendência” (Ap 12,17).

Com o poder do Ressuscitado, Ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde resplandeçam a justiça e a paz. Como cristãos, pedimos que, nos países onde somos minoria, nos seja garantida a liberdade, tal como nós a favorecemos para aqueles que não são cristãos onde eles são minoria.

Existe um direito humano fundamental que não deve ser esquecido no caminho da fraternidade e da paz: é a liberdade religiosa para os crentes de todas as religiões. Esta liberdade manifesta que podemos “encontrar um bom acordo entre culturas e religiões diferentes; testemunha que as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças e na alegria de sermos irmãos porque filhos de um único Deus”.

Mudanças

O Papa Francisco propôs mudanças dentro da estrutura da Igreja para favorecer a coerência com o Evangelho e fortalecer a missão.

Publicada em 19 de março de 2022 a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium trouxe os principais pontos para a reforma da Cúria Romana priorizando a Evangelização. Nesse contexto, também são esperadas mudanças na formação dos clérigos e dos seminários maiores.

O tema da sinodalidade apresenta horizontes de mudanças profundas na comunhão das igrejas. A Igreja na Alemanha sugere padres casados, diaconisas e ampla participação do povo de Deus nas decisões eclesiais. Uma nova relação entre homens e mulheres na Igreja precisa superar a misoginia e o patriarcalismo estruturais. Essa reforma interior pela santidade na coerência do Evangelho tem como consequência a reforma exterior na vivencia de Igreja ministerial e participativa onde absolutamente ninguém é excluído: é uma proposta integral de reforma da alma e do corpo.

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