Evangelizar nos novos meios de comunicação
A segunda palestra do primeiro dia do Curso dos Bispos, 27 de janeiro, com o tema “Comunicação a serviço da comunhão”, foi ministrada pelo presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, do Vaticano, Dom Claudio Maria Celli.
O arcebispo analisou a comunicação na Igreja Católica e a sua relação com os avanços tecnológicos desta área. O documento base usado foram as cartas Inter Mirifica e Evangelii Nutiandi, do Papa Paulo VI, que foram, segundo Dom Celli, a primeira abertura da Igreja Católica para a comunicação como se entende hoje.
De acordo com as cartas, “a Igreja é depositária da Boa Nova que há de ser anunciada. É o conteúdo do Evangelho e, por conseguinte, da evangelização, que ela guarda como um depósito vivo e precioso, não para manter escondido, mas sim para o comunicar”. Dom Claudio destaca ainda que “comunicar é uma dimensão profundamente humana. Quando eu falo, comunico algo meu para o outro, não é apenas uma troca de informação”, disse.
O arcebispo alertou para a necessidade da Igreja acompanhar os avanços tecnológicos para se relacionar com os jovens. Por exemplo, a internet, segundo ele, não é uma ferramenta de comunicação, e sim um meio, um ambiente onde a Igreja deve estar presente e evangelizando. “Nós, discípulos do Senhor, temos a missão de dar testemunho dos nossos valores”, ponderou.
Para o bispo emérito do Ordinariado Militar do Brasil, em Brasília (DF), Dom Osvino José Both, a Igreja no Brasil se comunica de forma eficiente e abrangente. O que falta saber, conforme atentou, é se este processo está sendo orientado com o objetivo certo.
“A Igreja está adiantadíssima. Veja quantas rádios e TV’s católicas nós temos no Brasil. Elas são sustentadas, a muito custo, pelo povo brasileiro. Agora vem o grande desafio: nós, enquanto cristãos, estamos usando esses meios para evangelizar?”, disse.
Para o vigário episcopal para a Vida Consagrada na Arquidiocese do Rio, Dom Roberto Lopes, a comunicação não é tão eficiente porque muitos sacerdotes têm medo dos novos meios. “Nós precisamos nos adequar, para dar uma resposta de evangelização ao mundo moderno”, alertou.
Dom Roberto citou nomes que, segundo ele, servem de inspiração, como: Bento XVI, o primeiro pontífice a usar a rede social “Twitter” para se comunicar com os fiéis e o Papa Francisco, que deu continuidade a esta abertura.
Também para Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, da Diocese de Guarabira, na Paraíba, o receio atrasa os avanços da Igreja nos novos meios de comunicação, mas a palestra serviu para ensiná-los a usar estes meios de uma maneira hábil. Por exemplo, é uma nova forma de “levar as pregações, as homilias e catequeses para os fiéis”, destacou Dom Francisco.
Para o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, o debater o assunto comunicação é muito positivo. Para ele, “os meios de comunicação têm extrema importância como fator de união dos homens de nosso tempo, para promoção do convívio fraterno e ação comum”. Dom Antônio acredita que a missão da Igreja neste contexto é saber transmitir a cultura católica por meio de testemunhos de vida e com a utilização das redes sociais, sempre pautada pelos ensinamentos evangélicos.
A temática da comunicação social foi discutida pela primeira vez no Concílio Vaticano II, cujos documentos são aprofundados desde 2011 no Curso, promovido pela Arquidiocese do Rio, que reúne bispos de todo Brasil.
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Por: Luis Pedro Rodrigues (luispedro@testemunhodefe.com.br) e Nathalia Cardoso (nathaliacardoso@testemunhodefe.com.br) | Fonte: Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro