Dom Orani abre a fase diocesana do processo de beatificação de frei Nemésio Bernardi, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos

“O que levou a Província a reunir esse processo realmente foi a vida de santidade de frei Nemésio, e suas virtudes, o seu exemplo, o seu jeito simples de ser capuchinho”

Foto: Jainere Rojas

Testemunho de Fé / Rita Vasconcelos

O processo de beatificação e canonização do religioso da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos frei Nemésio Bernardi foi oficialmente aberto pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, no dia 14 de julho. A sessão ocorreu no Santuário Basílica de São Sebastião, na Tijuca.

Em entrevista ao Testemunho de Fé, o vice-postulador, frei Almir da Silva, da Província de Nossa Senhora dos Anjos dos Frades Capuchinhos do Rio de Janeiro, explicou que com a abertura do processo de beatificação começará o inquérito diocesano, a fase mais importante e delicada do processo, pois destina-se a recolher as provas documentais e testemunhais do Servo de Deus. Com base jurídica bem precisa, o inquérito diocesano tem a finalidade de esclarecer todas as dúvidas referentes ao caráter pessoal ou privado, documentos, cartas e outros materiais.

Instalação do Tribunal. Da esq. para a dir., Padre André Luiz Oliveira dos Santos (notário), padre Vitor Aguilar da Silva (Promotor de Justiça), Cardeal Tempesta, Dom Roberto Lopes (Delegado para a Causa dos Santos) e frei Almir da Silva (Vice-postulador).

Frei Nemésio Bernardi

Frei Nemésio Bernardi nasceu no dia 9 de março de 1927, em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. Era filho de Adriano Bernardi e Filomena Zandoná Bernardi. O casal teve 18 filhos, dos quais três morreram logo depois do nascimento, e um aos quatro anos. Dos demais 14 filhos, Frei Nemésio e outros 11 seguiram a vida religiosa. Frei Nemésio professou a sua vocação religiosa no dia 6 de janeiro de 1944, e veio para o Rio de Janeiro em 1964. No início, prestava serviços na hospedaria do convento e era o responsável por deixar os quartos limpos para os frades, principalmente oriundos da sua região, que vinham à capital por motivos de saúde ou resolver algum assunto. Foi ordenado sacerdote em 21 de janeiro de 1984. Cozinheiro do convento por muitos anos, ele tinha virtudes de sempre estar a serviço do outro e a sua disponibilidade para atender a chamados para bênçãos ou visitas a enfermos, ocasião em que ele largava tudo para responder aos apelos. Na etapa final de sua vida, frei Nemésio sofreu devido a um câncer, sentia muitas dores, mas jamais reclamava e nunca perdia o humor.

TF – Por que a abertura de beatificação do frei Nemésio está sendo realizada no Rio de Janeiro?

Frei Almir da Silva – A abertura do processo de beatificação de frei Nemésio está sendo realizada no Rio de Janeiro, pois foi o local onde ele faleceu. E depois também onde, na maioria do tempo, ele conviveu. Frei Nemésio era gaúcho, nasceu em Veranópolis (RS) e veio para o Rio de Janeiro a serviço da Província do Rio Grande do Sul. Depois, ele pediu a sua transferência para a nossa província e, aqui, viveu até a sua morte. Como muitos o conheciam, e a maioria do seu trabalho foi feito no Rio de Janeiro, nós abrimos, então, o processo para a sua beatificação e canonização.

TF – O que levou a Província de Nossa Senhora dos Anjos dos Frades Capuchinhos do Rio de Janeiro a iniciar o processo de beatificação de frei Nemésio? 

Frei Almir da Silva – A Província Nossa Senhora dos Anjos abraçou esta causa com muito entusiasmo, pois frei Nemésio era muito querido. Já em vida muitos o olhavam como um santo. Ele era uma pessoa muito simples, que conseguiu viver os votos, a obediência, a pobreza e a castidade de uma maneira muito pura. Era uma pessoa que muito ajudava. Ele era muito feliz com a sua vocação e realizado. Então foi, para nós, uma grande alegria abrir o processo, abrir a causa de frei Nemésio. Tenho certeza que todos nós frades abraçamos essa causa e confiamos que, em breve, teremos, sim, um santo em nossa província.

TF – O nada consta (Nihil obstat) da Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano, foi liberado em fevereiro de 2022. Quais foram os passos seguintes até a abertura do processo neste dia 14 de julho?

Frei Almir da Silva – Após o Nihil obstat, o passo seguinte foi conversar com Dom Roberto Lopes, delegado para a Causa dos Santos na Arquidiocese do Rio de Janeiro, responsável por acompanhar as pesquisas e as etapas dos processos dos candidatos, e a pedido de Dom Orani já marcamos a data da abertura do processo. Essa é a primeira sessão do inquérito arquidiocesano. Agora, o serviço do Tribunal Arquidiocesano é poder investigar a vida de frei Nemésio, ver a sua fama de santidade, a vida, as obras e suas virtudes. Agora, serão entrevistadas 57 testemunhas, das quais, dentre elas, estão frades que estudaram e conviveram com ele no Rio Grande do Sul; as irmãs (biológicas) de frei Nemésio ainda vivas, o seu irmão e os sobrinhos, bem como também ex-provinciais e paroquianos aqui do Santuário Basílica São Sebastião. Ou seja, é um processo que agora demora um pouco mais porque cada pessoa será ouvida separadamente, dando o seu testemunho, através de algumas perguntas que serão feitas. Esse processo tenta recolher dados desde a infância até os últimos momentos de vida de frei Nemésio.

TF – Como será a fase diocesana do processo de beatificação e canonização, e como os devotos podem participar desse processo?

Frei Almir da Silva – A fase diocesana é importante, pois destina-se a recolher as provas documentais e testemunhais do Servo de Deus. Com base jurídica precisa, o inquérito diocesano tem a finalidade de esclarecer todas as dúvidas da vida e do ministério, os documentos, as cartas e outros materiais.

Os devotos podem participar nesse processo escrevendo e entregando diretamente para mim, ou enviar para o nosso e-mail que é postulacaofreinemesio@gmail.com.br, como tem no santinho que estamos a distribuir. Também enviar para a Cúria Provincial, aos cuidados do vice-postulador, frei Almir da Silva, na Rua Haddock Lobo, 266, na Tijuca, CEP: 20260-142, Rio de Janeiro (RJ). Assim, as pessoas podem mandar seus relatos de graças alcançadas, de milagres ou então de pedidos. E nós vamos recolher e anexar ao processo, depois enviar a Roma.

TF – Como e por que ele ganhou fama de santidade a ponto de a província decidir abrir o processo de beatificação?

Frei Almir da Silva – O que levou a Província a reunir esse processo realmente foi a vida de santidade de frei Nemésio, e suas virtudes, o seu exemplo, o seu jeito simples de ser capuchinho, que a muitos encantou, que a muitos ajudou. Frei Nemésio estava sempre a serviço. Ele era sacerdote, mas, ao mesmo tempo, não perdeu a essência do ser irmão. Um grande confrade. Ele muito participava, sempre presente em nossos capítulos, presente, principalmente, nos momentos de oração, em nossas recreações, de uma maneira muito simples. E lembrar esses momentos de frei Nemésio, para nós, é muito importante porque ele foi um grande exemplo.

TF – Como foi a vida e o ministério de frei Nemésio como frade capuchinho sobretudo aqui no Rio de Janeiro? 

Frei Almir da Silva – A vida e o ministério de frei Nemésio são para nós importantes, pois ele deixa um legado. Ele deixa uma forma de ser capuchinho, bonita, simples, singela. No princípio, ele era irmão. E foi irmão por muitos anos, servindo à hospedaria, aos frades doentes, na cozinha, como porteiro. Ele era uma pessoa que fazia tudo sem murmurar, e se colocava a serviço de todos. E, depois, como sacerdote, frei Nemésio não perdeu essa essência. Frei Nemésio continuou, cada vez mais, a servir. Serviu ao povo de Deus, através do seu ministério, levando a Unção dos Enfermos às várias partes do Rio de Janeiro, abençoando as casas, abençoando o povo de Deus. Então, o ministério de frei Nemésio foi vivido por completo. Ele foi para os frades irmãos um exemplo de serviço e para os frades sacerdotes também, pois foi um exemplo de como colocar o seu ministério a serviço do povo.

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