Dia 7 de maio, a tarde, a primeira fumaça do Conclave

Durante sua congregação geral na manhã de hoje, os cardeais fixaram a data de quarta-feira, 7 de maio, para o início do conclave. Na manhã desse dia, será celebrada a missa “para a eleição do pontífice” (pro eligendo pontifice) na basílica de São Pedro. Os cardeais farão sua entrada na capela Sistina à tarde. De acordo com a constituição que regula os conclaves, eles poderão realizar uma primeira votação já no primeiro dia. Nos dias seguintes, devem votar quatro vezes ao dia: duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde.

Segundo a legislação do Vaticano, o conclave poderia ter começado no dia 5 de maio — esta era a data que circulava esta manhã entre alguns cardeais. Matteo Bruni explicou esse prazo adicional, especialmente pelos preparativos necessários antes do evento. “Há diversas operações a serem realizadas antes da abertura do conclave, como a organização da capela Sistina e a disposição dos alojamentos dos cardeais”, declarou ele.

Atualmente, a residência Santa Marta, onde devem ficar os eleitores, possui 126 quartos. No entanto, os cardeais admitidos ao conclave são 135, ou seja, nove a mais. O diretor do Escritório de Imprensa insinuou que alojamentos adicionais poderiam ser oferecidos em um edifício vizinho, a antiga Casa Santa Marta.

A data de 7 de maio também permite “dar a possibilidade a todos os cardeais de se expressarem durante as congregações”, ele comentou. Vindos de todos os cantos do mundo e, na maioria, nomeados nos últimos anos, eles tiveram poucas oportunidades de se encontrar. “Os cardeais não se conhecem bem”, confidenciou esta manhã o cardeal sueco de 75 anos, Anders Arborelius.

Nesta segunda-feira, mais de 180 cardeais — de um total de 252 — estavam presentes na 5ª congregação geral, dos quais mais de uma centena eram eleitores. Cerca de vinte deles tomaram a palavra durante essa reunião, que durou quase 3h30.

Nenhuma lista oficial dos participantes do conclave foi publicada até o momento. O cardeal croata Vinko Puljic, arcebispo emérito de Sarajevo, havia inicialmente anunciado que estaria ausente por motivo de saúde, antes de receber autorização de seus médicos. O cardeal espanhol Antonio Cañizares Llovera, arcebispo emérito de Valência, também apresentou um impedimento por motivos de saúde. Embora alguns possam chegar “mais tarde” por questão de saúde, declarou Matteo Bruni, o número oficial de votantes permanece, por enquanto, em 135.

Durante a manhã, os cardeais discutiram os desafios atuais que o mundo apresenta à Igreja Católica e as “qualidades que o novo papa deverá ter para responder a esses desafios”, relatou Matteo Bruni. Entre esses desafios: a evangelização, as relações com outras religiões e “a questão dos abusos”.

Além disso, os participantes da congregação abordaram um assunto delicado que tem gerado muitas discussões desde a última semana: o caso do cardeal Angelo Becciu, italiano de 76 anos que afirma poder votar para o próximo papa, apesar de o papa Francisco ter lhe retirado os direitos de cardeal eleitor em 2020. Segundo nossas informações, o papa Francisco teria redigido uma carta solicitando que o cardeal Becciu não participe do conclave. “Ainda não há uma decisão sobre essa questão”, garantiu o diretor do Escritório de Imprensa.

Indagado sobre a presença do cardeal peruano Juan Luis Cipriani Thorne, arcebispo emérito de Lima, sancionado em 2019 pelo Vaticano devido a acusações de abusos sexuais de menores, Matteo Bruni não fez comentários. “Todos os cardeais estão convidados às congregações gerais”, declarou ele. O cardeal de 81 anos foi visto em Roma, segundo a imprensa.

Três novos cardeais foram designados para ajudar o cardeal camerlengo, Kevin Farrell, responsável pela administração do Vaticano até a eleição do novo pontífice. Um dos três é automaticamente o cardeal Reinhard Marx, coordenador do Conselho para a Economia. Os outros dois, escolhidos por sorteio a cada três dias, são Luis Tagle, ex-pro-prefeito do dicarstério para a Evangelização, e o francês Dominique Mamberti, que foi presidente do Tribunal Supremo da Sagrada Signatura Apostólica até a morte do papa.

A Capela Sistina, onde acontecerá o conclave, foi fechada ao público. Os trabalhos de preparação devem começar em breve. Esses trabalhos incluem a instalação de palcos, mesas e cadeiras, além da colocação de dois fornos que produzirão a fumaça preta ou branca indicando o resultado das votações. Também estão previstos dispositivos para aumentar a segurança do local. Nos próximos dias, os jornalistas poderão visitar a famosa capela.