Todo o trabalho foi acompanhado do início ao fim pelos técnicos do Patrimônio Municipal, com fiscais indo até a obra constantemente para supervisão
Emilton Rocha / Pascom
A terceira etapa do restauro da fachada principal do Santuário Basílica de São Sebastião está em sua fase final – quem confirma é o reitor e pároco, Frei Jorge de Oliveira. Situado à Rua Haddock Lobo, Tijuca, aos poucos o templo vai ganhando nova roupagem, incluindo os 7 “santões” – Santo Antônio, São Francisco de Assis, São José, Imaculada Conceição, São Pedro, São Paulo e São Sebastião que ficam no alto – os quais se encontravam muito avariados em situação que inspirava grandes cuidados, com peças que medem cerca de 3 metros de altura cada (quem olha de baixo não imagina).
Frei Jorge lembra que a primeira etapa foi tratava do telhado, “mil metros quadrados foram refeitos, abertos, modernizado, juntamente com todo o madeirame e todo esse processo aconteceu pela primeira vez em quase 100 anos, diz.
“Depois foi a vez das cúpulas” – continua –, “ainda na primeira emenda do então deputado Marcelo Calero, no valor de R$ 700 mil, sendo que a igreja participou com R$ 300 mil”. O frade conta que logo em seguida veio outra emenda, de R$ 340 mil, cujo valores foram aplicados nas cúpulas, refazendo. “Todas essas etapas tiveram o apoio do Marcelo Calero, a quem somos muito gratos de coração”, acentua.
Para ele, é preciso que a comunidade compreenda que tudo isso é uma obra de restauro, ou seja, o trabalho não vai ficar lisinho como se estivesse sendo construído agora, principalmente em se tratando de emboço. “Todo esse trabalho foi acompanhado do início ao fim pelos técnicos do Patrimônio Municipal, com fiscais indo até a obra constantemente para supervisão”, esclarece.
Segundo o reitor, os trabalhos de restauro estão tecnicamente dentro daquilo que precisava ser feito. “Pode ser que não agrade sobre em algumas coisas” – diz – “uma delas é o emboço que costuma ter algumas ondulações e, também, na parte do mármore onde tem algumas manchas que não saem, daí não podermos ir aplicando máquina em cima e lixas abrasivas porque isso leva à deterioração do patrimônio. É preciso que a comunidade entenda isso”, destaca.
Para a quarta etapa, Frei Jorge diz que aguarda para breve a liberação dos recursos, agora com o apoio do deputado federal Reimont Otoni, ex-frade capuchinho. A demora se dá pela suspensão do pagamento das emendas parlamentares pelo ministro Flavio Dino, do STF. O deputado Reimont já sinalizou que a emenda que será destinada à continuidade do restauro está correta, toda documentada e dentro dos “conformes”, faltando apenas a liberação.
Esses recursos serão destinados à quarta etapa do restauro, que abrange o lado direito da igreja (visto por quem está no pátio de frente para o Santuário) que é a parte que está mais deteriorada pela ação do tempo.
Igreja dos Capuchinhos, mais do que uma obra arquitetônica
A Igreja de São Sebastião, localizada no Morro do Castelo, centro do Rio, foi destruída durante a reforma urbanística que desmantelou o morro entre 1920 e 1922. A demolição do Morro do Castelo foi ordenada pelo prefeito Carlos Sampaio e atingiu 460 imóveis, removendo quase 5 mil moradores. A terra do desmonte do Morro do Castelo foi usada para aterrar parte da região central da cidade, dando origem ao aterro do Flamengo e fazendo desaparecer a praia de Santa Luzia.
A Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, localizada na Tijuca, Rio de Janeiro, foi inaugurada em 15 de agosto de 1931. Ela foi construída a partir de elementos da Igreja do Morro do Castelo, que foi edificada em 1567 e reconstruída em 1583 por Salvador de Sá, e guarda os restos mortais de Estácio de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro, além da pedra fundamental da cidade e da imagem primitiva de São Sebastião, trazida de Portugal no século XVI.
A arquitetura da igreja é um exemplo perfeito do estilo neogótico, com suas torres altas e vitrais coloridos que retratam cenas bíblicas e santos da tradição capuchinha. A fachada imponente e os detalhes ornamentais refletem a dedicação e o cuidado empregados em sua construção. A igreja foi projetada para ser não apenas um local de culto, mas também um espaço de encontro e apoio comunitário.
Internamente, a Igreja dos Capuchinhos (hoje Santuário Basílica de São Sebastião) é igualmente impressionante, com um altar-mor ricamente decorado e uma nave espaçosa que pode acomodar um grande número de fiéis. Os frades capuchinhos, conhecidos por seu voto de pobreza e vida simples, trouxeram a espiritualidade franciscana para a Tijuca, criando um ambiente de acolhimento e solidariedade.
Além das missas regulares, a igreja oferece uma série de atividades comunitárias, como distribuição de alimentos, apoio psicológico e espiritual, e eventos culturais. Estas atividades reforçam o papel da igreja como um pilar na vida da comunidade, ajudando a fortalecer laços e promover valores de compaixão e serviço ao próximo.
A construção da Igreja dos Capuchinhos é, portanto, muito mais do que uma obra arquitetônica; é um símbolo de fé, dedicação e serviço comunitário que continua a influenciar positivamente a vida de muitas pessoas na Tijuca e além.