COMO FOI RESTAURADA A IMAGEM DE SÃO SEBASTIÃO?

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Comparação da imagem de São Sebastião após o restauro com uma das aparências anteriores da estátua. (Fotos: Cristina Boeckel/G1 e Emilton Rocha, capa)

A devoção à imagem de São Sebastião é antiga e se confunde com a história da cidade, que foi fundada em 1565

O Natal de 2014 teve um significado ainda mais especial para os devotos de São Sebastião, o santo padroeiro do Rio de Janeiro. Frei Arles de Jesus, reitor da Basílica apresentou publicamente, pela primeira vez, o resultado do processo de restauro na imagem que teria sido trazida na esquadra de Estácio de Sá, o fundador da cidade. O resultado do trabalho, que levou oito meses e meio, foi exibido aos fiéis na missa de Natal.

O processo de limpeza da imagem revelou detalhes que estavam ocultos, como o desenho das costelas e o umbigo. “Foram retiradas mais de dez camadas de intervenções anteriores, com massa e tinta”, afirmou a restauradora Graça Costa, que foi responsável pelo trabalho ao lado do frei Cassiano Gonçalves. Com a retirada das camadas, a imagem, de 89,5 centímetros de altura e 11 quilos, ficou com um aspecto muito diferente do que se conhecia até então.

Os frades mais idosos ajudaram no trabalho de recuperação da história da imagem através da identificação, em fotografias, de uma parte das mudanças pelas quais a imagem passou. Ainda assim, a falta de registros oficiais dificultou o processo de retorno à aparência mais próxima do original.

“Não havia fonte de documentação das intervenções anteriores, o que dificultou o trabalho. Os capuchinhos mais idosos ajudaram a dar informações que auxiliaram no restauro. Mas, pela idade da imagem, é impossível registrar tudo”, reconheceu Graça.

O resplendor e as flechas, que eram de madeira, foram substituídos por outros, de prata, como provavelmente eram há mais de 450 anos. As várias intervenções teriam alterado até os olhos do santo, que, ao longo do tempo, teriam sido transformados em azuis quando eram, originalmente, castanhos.

Exames comprovaram idade

Além do restauro, a imagem de São Sebastião que é guardada pelos frades capuchinhos passou por uma série de exames para comprovar a autenticidade. No Rio de Janeiro, a imagem passou por uma tomografia e um raio X no Laboratório de Instrumentação Nuclear da Coppe/UFRJ. Uma amostra da imagem também foi enviada a São Paulo para passar por outros exames de constituição do material. Todos comprovaram que a imagem é originária do século XVI, com estilo do renascimento germânico e provavelmente de origem portuguesa.

A devoção à imagem de São Sebastião é antiga e se confunde com a história da cidade, que foi fundada em 1565, por Estácio de Sá, que instalou uma capela em homenagem ao santo no local onde é atualmente a Praia Vermelha. O próprio Estácio de Sá, morto em 1567, teria sido sepultado no local. Mais tarde, a imagem e os restos mortais do fundador teriam sido levados para uma igreja no Morro do Castelo, que foi derrubado em 1922. A imagem então teria sido levada para a paróquia onde está atualmente.

Os frades capuchinhos receberam do imperador D. Pedro II a atribuição de serem os guardiões das três relíquias da cidade do Rio de Janeiro: a imagem de São Sebastião que foi restaurada, a pedra fundamental da fundação da cidade e os restos mortais de Estácio de Sá. Todas seguem no Santuário Basílica Menor de São Sebastião (Frades Capuchinhos), na Rua Haddock Lobo, 266, na Tijuca.

Fiéis ajudaram a pagar a restauração

O restauro da imagem de São Sebastião foi pago por meio de doações de fiéis que frequentam a igreja e recursos da Ordem dos Capuchinhos.

Emilton Rocha (Pascom), com informações do G1

 

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