Como é eleito um Papa?

Conclave para a eleição do 267º Papa da Igreja Católica acontecerá no interior da Capela Sistina, no Vaticano, a partir do dia 7 de maio | Vatican Media/Arquivo – mar.2013

O Conclave se inicia com a missa votiva Pro Eligendo Pontifice na Basílica de São Pedro, que será celebrada na manhã do dia 7

Por O São Paulo

Na segunda-feira, 28, durante a Quinta Congregação Geral, os cardeais reunidos no Vaticano decidiram que o Conclave para eleger o 267º Sucessor de Pedro começará em 7 de maio.

A eleição de um Romano Pontífice obedece a ritos muito precisos, marcados por um clima de silêncio, oração e segredo, previsto ao pormenor na constituição apostólica Universi Dominici Gregis, assinada por São João Paulo II em 1996. Em 2013, o Papa Bento XVI fez algumas atualizações por meio da carta apostólica, em forma de Motu ProprioNormas Nonnullas.

A partir desses documentos, O SÃO PAULO responde às principais questões sobre o Conclave.

O que é o Conclave? 

É o processo reservado e solene para a eleição do novo Romano Pontífice, que ocorre na Capela Sistina, sob estrito segredo e com normas muito precisas para garantir a liberdade e a ordem da eleição.

Quem tem o direito de eleger o Papa? 

Podem eleger o Papa apenas os Cardeais da Santa Igreja Romana que não tenham completado 80 anos de idade antes da vacância da Sé Apostólica, ou seja, 21 de abril de 2025.

Onde os cardeais ficam hospedados durante o Conclave? 

Ficam hospedados na Domus Sanctae Marthae (Casa Santa Marta), dentro do Vaticano, em estrito isolamento, sem acesso a meios de comunicação e dispositivos eletrônicos.

Quem pode estar presente no Conclave além dos cardeais? 

Apenas pessoas indispensáveis para auxiliar nas exigências pessoais e de serviço: o secretário do colégio cardinalício, que desempenha as funções de secretário da assembleia; o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, com dois cerimoniários e dois religiosos da sacristia pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo presidente do Conclave para lhe servir de assistente; alguns religiosos de diversas línguas para as Confissões, bem como dois médicos e enfermeiros para eventuais emergências; as pessoas dos serviços técnicos de alimentação e de limpeza; os condutores que transportam os eleitores entre a Casa Santa Marta e o Palácio Apostólico; os sacerdotes admitidos como assistentes de alguns cardeais eleitores. Todas essas pessoas prestam juramento de segredo.

Quem preside o Conclave? 

A norma estabelece que o Conclave deve ser presidido pelo Cardeal Decano do Colégio Cardinalício ou, na sua ausência, o Vice-Decano. Como tanto o Decano, Cardeal Giovanni Battista Re, 91, quanto o Vice-Decano, Cardeal Leonardo Sandri, 81, estão impedidos de participar por ultrapassarem o limite de idade, preside o Cardeal eleitor mais antigo segundo a ordem de precedência, no caso, o Cardeal Pietro Parolin.

Como se inicia o Conclave? 

Com a missa votiva Pro Eligendo Pontifice na Basílica de São Pedro, que será celebrada na manhã do dia 7. Na tarde do mesmo dia, os cardeais eleitores se reunirão na Capela Paulina, no Palácio Apostólico, de onde saem em procissão solene e invocando, com o cântico do Veni Creator, a assistência do Espírito Santo, para a Capela Sistina, lugar da realização da eleição.

Que juramento os cardeais fazem? 

Ainda antes de as portas da Capela Sistina serem fechadas, os cardeais eleitores prestam o juramento por meio de uma fórmula lida por aquele que preside o Conclave, na qual os purpurados prometem observar fielmente a constituição apostólica Universi Dominici Gregis e que, quem for eleito Papa, compromete-se a desempenhar com fidelidade o munus Petrinum e a defender os direitos e a liberdade da Santa Sé. Também juram guardar absoluto segredo sobre tudo o que disser respeito à eleição, antes, durante e depois dela, salvo autorização explícita do novo Pontífice, e rejeitar qualquer interferência externa. Em seguida, cada cardeal, colocando a mão sobre o Evangelho, concluirá: “Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão”.

Como é feita a votação para eleger o novo Papa? 

A eleição ocorre somente por escrutínio secreto. Cada cardeal escreve seu voto em uma cédula e se dirige ao altar com a cédula visível em mãos. Ali, em voz alta, pronuncia o juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito.” Em seguida, deposita a ficha no prato e, com ele, introduz o voto no recipiente preparado para recolhê-los. Após isso, faz uma inclinação diante do altar e retorna ao seu lugar.

Quantos escrutínios podem ocorrer em um dia? 

Podem ocorrer até quatro escrutínios por dia: dois pela manhã e dois à tarde.

Quantos votos são necessários para a eleição do Papa? 

São necessários pelo menos dois terços dos votos dos cardeais presentes. Se este número não for alcançado no escrutínio, as cédulas são queimadas com produtos químicos que produzem uma fumaça preta, sinalizando que a escolha ainda não aconteceu.

O que acontece se várias votações não alcançarem a quantidade de votos necessários? 

Após 33 ou 34 escrutínios sem sucesso (dependendo se houve ou não votação no primeiro dia do Conclave), dedica-se um dia inteiro à oração, reflexão e diálogo. Em seguida, as votações recomeçam e só podem ser votados os dois cardeais que receberam mais votos no último escrutínio. Esses dois candidatos, no entanto, não podem votar. Ainda é necessário que o eleito receba pelo menos dois terços dos votos para ser validamente eleito.

O que ocorre quando um cardeal é eleito Papa? 

Pergunta-se ao eleito se aceita a eleição. Se aceitar, pergunta-se que nome deseja tomar como Papa. Então, as cédulas da votação são queimadas, dessa vez, produzindo uma fumaça branca para anunciar a eleição de um novo Pontífice.

Quais formas de eleição foram abolidas? 

Antes da constituição apostólica Universi Dominici Gregis, a Igreja permitia outras formas possíveis de eleger o Papa: eleição por aclamação ou inspiração, que acontecia quando todos os cardeais, de forma espontânea e unânime, proclamavam a eleição de um candidato, sem necessidade de votação formal. Também havia a eleição por compromisso: quando os cardeais, diante de dificuldades para chegar a um consenso, podiam delegar a eleição a um grupo menor de cardeais, escolhidos entre eles mesmos, confiando a esses o poder de eleger o Papa em nome de todos. Ambas as formas foram abolidas.

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