Bento XVI: “Morrer na Páscoa é um dom de Deus”

O Papa Emérito já fez diversos comentários serenos e repletos de esperança e paz a propósito da morte cristã

Pierre-Philippe MARCOU | AFP

Francisco Vêneto / Aleteia

Morrer na Páscoa, para quem crê na Ressurreição de Cristo, é certamente um privilégio repleto de significado. Por ocasião do sexto aniversário de falecimento da Madre Angélica, fundadora da pioneira rede católica norte-americana de televisão EWTN, a agência de notícias ACI Digital, que pertence ao mesmo grupo, recordou uma inspiradora declaração do Papa Emérito Bento XVI a respeito da data em que a religiosa partiu deste mundo: o Domingo da Ressurreição de 2016, que recaiu no dia 27 de março. Ela tinha 92 anos e havia passado os últimos quinze às voltas com as difíceis sequelas de um derrame cerebral.

De acordo com um testemunho do secretário pessoal de Bento XVI, dom Georg Gänswein, o Papa Emérito afirmou, na época, que morrer em pleno Domingo de Páscoa “é um dom de Deus”. Em dezembro do mesmo ano, Bento afirmou a repórteres da rede que a Madre Angélica havia sido “uma grande mulher, muito corajosa”.

O próprio Bento XVI, ainda como pontífice reinante, havia concedido a ela, em 2009, a medalha “Pro Ecclesia et Pontifice”, a mais alta condecoração que os Papas podem outorgar a um religioso ou leigo na Igreja Católica.

Serenidade e paz perante a morte

Bento XVI já fez diversos comentários serenos e repletos de esperança e paz a propósito da morte cristã, que, afinal, é uma transição desta vida passageira para a vida plena em Deus na eternidade.

Em 7 de fevereiro de 2018, por exemplo, o Papa Emérito enviou uma carta ao jornal italiano Corriere della Sera confirmando a natural deterioração da sua saúde física e afirmando, com grande simplicidade, que já estava “em peregrinação a caminho de Casa”. Ele escreveu na ocasião:

“Só posso dizer que, na lenta diminuição das forças físicas, estou interiormente em peregrinação para Casa. Para mim, neste último trecho do caminho, às vezes um pouco esgotador, é uma grande graça estar rodeado de amor e bondade tamanhos que eu não poderia ter imaginado”.

Em outubro de 2021, ao saber da morte de um grande amigo sacerdote, o pe. Gerhard Winkler, Bento XVI escreveu uma carta aos padres da abadia de Wilhering, na Áustria, para lhes oferecer os seus pêsames. No texto, o Papa Emérito afirma:

“Ele chegou agora ao outro mundo, onde tenho a certeza de que muitos amigos já o aguardam. Espero me unir logo a eles”.

A serenidade diante do final da vida terrena é um sinal de fé. É a consciência de que a vida ilumina a morte e, portanto, a morte ilumina a vida. A morte, afinal, é apenas uma passagem.

Artigo anteriorCovid-19: Santa Sé deixa aos bispos orientações sobre Semana Santa 2022
Próximo artigoFranciscanos Capuchinhos Brasil: Por que Jesus chamou Maria de Mulher? (vídeo)