Após cinco anos de preparação, Manoel Antonio Tavares será ordenado Diácono Permanente

Cardeal Orani João Tempesta presidirá a cerimônia, que terá a presença de bispos, presbíteros e diáconos

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MANOEL: “Indicação de Frei Arles de Jesus foi um gesto muito generoso, creio que ele foi inspirado pelo Espírito Santo” / Foto: Pascom)

Por Emilton Rocha / Pascom

Santo Inácio de Antioquia certa vez comentou a importância dos diáconos: “Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o bispo, que é imagem do Pai,e os presbíteros, como o senado de Deus e como a assembleia dos apóstolos: sem eles, não se pode falar de Igreja”

No próximo dia 5 de dezembro, sábado, a partir das 8h30, dezessete candidatos estarão sendo ordenados Diáconos Permanentes após cinco anos de preparação na Escola Diaconal Santo Efrém, localizada na Zona Norte do Rio, no Seminário Arquidiocesano São José. A cerimônia, que terá a presença de bispos, presbíteros e diáconos, será celebrada na Catedral de São Sebastião, centro do Rio, e presidida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. Devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, o número de convidados será limitado.

Entre os postulantes está Manoel Antonio Lopes Tavares, 62 anos, natural da cidade de Vassouras, município do Centro-Sul do estado do Rio de Janeiro, casado com Graça Tavares (coordenadora de Liturgia do Santuário), pai de Anna Raquel, torcedor do “glorioso Botafogo” (o adjetivo é dele), Manoel é formado em Educação Física pela PUC Brasília, graduado em Teologia pela Faculdade de Brasília e trabalha como Controlador de Tráfego Aéreo. Foi indicado ao diaconato pelo então pároco, Frei Arles Dias de Jesus.

Para estar apto para a Ordenação, foram necessários cinco anos de preparação e quatro de propedêudico [é o que provê ensinamento preparatório ou introdutório, os chamados conhecimentos mínimos. Pode ser definido como um conhecimento necessário para o aprendizado].

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a ordem do diaconato destina-se a ajudar e a servir os bispos e presbíteros. Por isso, o termo “sacerdote” designa os bispos e presbíteros mas não os diáconos. No entanto, a doutrina católica estabelece que o grau de diaconato é um grau de serviço, estabelecido desde a época dos apóstolos, como testemunham os Atos dos Apóstolos e a Carta de São Paulo a Timóteo. Diakonia é a palavra grega que define a função dos diáconos. Esta palavra significa serviço, e é de tanta importância para a Igreja, que se confere por um ato sacramental chamado “ordenação”, ou seja, pelo sacramento da Ordem. No entanto, há uma diferença muito importante entre diáconos e sacerdotes.

PASCOMA partir de quando você sentiu o chamado para ajudar a Igreja por meio da vida litúrgica, pastoral e nas obras sociais e caritativas?

MANOEL – O chamado para ajudar a Igreja por meio da vida litúrgica, pastoral e nas obras sociais e caritativas foi mais intenso a partir do momento em que comecei a participar de retiros, grupos jovens, ECC e me inserir em uma paróquia viva, dinâmica, altruísta, engajada, ministerial e libertadora.

Gostaria muito de ter a provisão na Basílica. Mas nenhum candidato sabe para onde vai”

PASCOMComo sua família reagiu quando soube do seu desejo em se tornar um diácono permanente?

MANOEL – Quando informei à família que fora convidado a me tornar um diácono permanente, aparentemente não causou muita surpresa, fizeram alguns comentários graciosos, mas sinceramente recebi muito apoio e felicitações.

 PASCOMComo foi a sua indicação feita por Frei Arles de Jesus?

MANOEL – A indicação de Frei Arles de Jesus, então pároco do Santuário, foi um gesto muito generoso, creio que ele foi inspirado pelo Espírito Santo e materializou o chamado de Deus. Normalmente o candidato não se apresenta para uma vocação, ela é fruto da escolha e do discernimento do pároco.

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Os dezessete candidatos ao diaconato permanente. Foto: Divulgação

PASCOMComo foi esse processo?

MANOEL – Como paroquiano, eu já exercia a “diaconia” característica dos batizados: participava das pastorais sociais, litúrgica, Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC), das exéquias, palestras na Escola da Fé, reuniões no Vicariato e também do Conselho Pastoral Paroquial (CPP). Em virtude dos frades estarem em idade avançada ou doentes, havia e continua havendo necessidade de alguém que pudesse administrar os sacramentos, entrevistar noivos, visitar casas e hospitais… “a messe é grande e poucos os operários”.

PASCOMQuanto tempo durou o curso e onde foi feito?

MANOEL – Após a indicação, houve umana entrevista na Escola Diaconal. No ano seguinte começouo “propedêutico”, período de um ano de adaptação e vivência. E, a este, foram somados mais quatro anos de formação teológica, filosófica, bíblica, humana e estágio pastoral. A formação é na Escola Diaconal Santo Efrém, que funciona nas dependências do Seminário Arquidiocesano São José.

PASCOMComo será a ordenação?

MANOEL – É uma cerimônia belíssima, cheia de simbolismos e significados. Os diáconos são ordenados pela imposição das mãos, gesto que vem desde os Apóstolos. Desde o tempo dos Apóstolos, a Igreja católica teve em grande honra a sagrada Ordem do diaconato. Na Ordenação, a matéria é a imposição das mãos do Bispo, feita em silêncio sobre cada um dos Ordinandos antes da Oração consecratória: “Enviai sobre eles, Senhor, nós Vos pedimos, o Espírito Santo, que os fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério”. A seguir, os ordenados são revestidos com a estola diaconal e a dalmática, pelas quais é manifestado exteriormente o ministério que a partir de agora realizam na liturgia. Recebem o livro dos Evangelhos, com a função de proclamarem o Evangelho nas celebrações litúrgicas e de pregarem a fé da Igreja por palavras e obras.

PASCOMComo você e a família se sentem às vésperas do acontecimento?

MANOEL – Estamos todos muito felizes e ansiosos por este evento. Os parentes mais distantes se comprometeram a rezar e assistir pelos meios de comunicação, Rede Vida, WebTV Redentor, Facebook, etc.

PASCOMUm diácono pode batizar, abençoar matrimônios, assistir os enfermos com o viático, celebrar a Liturgia da Palavra, pregar, evangelizar e catequizar. Só não pode celebrar missas e ouvir confissões?

MANOEL – Correto. A celebração da eucaristia e a confissão são sacramentos exclusivos dos presbíteros, instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo.

PASCOM – O senhor já sabe quando será seu primeiro trabalho como diácono ordenado?

MANOEL – Estão dizendo que tem uns cinco batizados para serem feitos quando eu sair da Catedral. Brincadeiras a parte, pelas necessidades da Basílica, começarei o mais breve possível.

PASCOM – Em que paróquia o senhor irá exercer o seu ministério? Será no Santuário Basílica de São Sebastião mesmo?

MANOEL – Gostaria muito de ter a provisão na Basílica. Mas nenhum candidato sabe para onde vai. A provisão é um segredo guardado a sete chaves, revelado pelo Cardeal somente após a ordenação, depois de terminada toda a solenidade, nas despedidas na sacristia.

PASCOM – Na sua opinião, no quê sua vida irá mudar na pós-ordenação? Algo mais a dizer sobre o acontecimento?

MANOEL – No aspecto familiar não deve mudar muita coisa, pois, é recomendado que devemos servir em primeiro lugar à igreja doméstica. Muita coisa irá mudar na administração do tempo dedicado às tarefas da Igreja, às pastorais, aos serviços sociais, na administração dos sacramentos do batismo e matrimônio, nas entrevistas com noivos, direção espiritual, enfim na diaconia da palavra, da liturgia e da caridade. Ao lema da turma “Eis-me aqui Senhor, envia-me” (Is 6,8) acrescentei um pessoal – “Servo por amor” – e gostaria que rezassem para que eu possa assim viver e realizar. Rezem para que surjam muitas e santas vocações na Igreja, pelos novos diáconos permanentes e suas famílias. Deus abençoe a todos!

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