Centenas de fiéis recebem com festa a visita da imagem da Virgem de Nazaré na Basílica

Com o tema ‘Maria, Mãe de Misericórdia’, Frei Arles anuncia a grande festa do Círio no Rio para outubro

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Por Emilton Rocha

A imagem da Virgem de Nazaré, em peregrinação pelo Rio de Janeiro, de 2 a 4 de setembro, chegou na manhã deste domingo, 4, em comitiva ao Santuário Basílica de São Sebastião – Frades Capuchinhos, na Tijuca, onde foi recepcionada por centenas de fiéis e por Frei Arles de Jesus, reitor e pároco do templo, que presidiu uma missa, concelebrada pelo padre José Ramos das Mercês, reitor da Basílica do Círio de Nazaré no Pará.

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Inspirado em pontos turísticos da cidade, Frei Arles apresentou o cartaz de divulgação  do Círio de Nazaré no Rio, que será realizado no próximo mês. Com o tema ‘Maria, Mãe de Misericórdia’, a grande festa será realizada na Basílica de 6 a 9 de outubro. De acordo com Frei Arles “é uma festa que vem acontecendo desde 2009, trazida pelo Cardeal Orani João Tempesta, porque o Rio é conhecido como a maior e mais antiga devoção do Círio. Apesar de acontecer em Belém do Pará, a devoção começou em Saquarema, no Rio, em 1630″. Após a missa, Dom Orani abençoou os fiéis.

 

A Virgem de Nazaré e o Ano da Misericórdia

Cardeal Orani João Tempesta *

Nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, uma vez mais, sente-se agraciada com a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Dentro do Ano Santo Extraordinária da Misericórdia celebramos o Círio de Nazaré, no Rio de Janeiro, entre os dias 02 e 04 de setembro.

Pelo oitavo ano consecutivo, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro recebe a padroeira da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré, que em Belém sempre tem a sua festa principal celebrada, na maior manifestação pública católica do mundo, no segundo domingo de outubro, e que neste ano terá como tema: “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia”.

Aqui no Rio de Janeiro a tradição do Círio de Nazaré é antiga. Temos nas Paróquias dos Barnabitas em Copacabana, em Acari, Anchieta e São Sebastião da Tijuca a tradição de celebrar anualmente a festa. Este momento a mais que temos, decorre de uma proposta que a diretoria do círio de Belém nos fez para uma visita da imagem peregrina, e que depois houve a reivindicação para que continuasse, o que agora ocorre anualmente.

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Neste Ano Jubilar da Misericórdia, todos somos chamados a ir ao encontro de Maria, lembrando que “Ad Iesum per Mariae”. A Jesus por Maria! Essa devoção quer nos conduzir a Jesus: “Iesu, in te confido”! (Jesus, confio em ti!). A obra que o Senhor confia a cada um de nós, com confiança na Misericórdia divina, naquele silêncio orante de Maria aos pés da Cruz, quando contemplou o sofrimento redentor de seu Filho Jesus, é confiar absolutamente em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Redentor da criatura humana.

No coração, recebemos a misericórdia de Jesus que se doa a cada um de nós. Jesus perdoa nossos pecados pela ação sacramental da Igreja. Todo pecado confessado, devidamente arrependido, é perdoado, e não devemos cansar de proclamar esta verdade de nossa fé. Do coração perdoado e com a compaixão de Jesus, inicia-se o caminho rumo às mãos, isto é, para as obras de misericórdia, tão importantes no contexto desta Romaria de Nossa Senhora de Nazaré dentro do Ano Santo extraordinário. Não só rezar, mas transformar em gestos concretos nossa oração com as obras de misericórdia. Lembremos que o Papa Francisco acrescentou no dia 1º de setembro a oitava obra de misericórdia temporal e espiritual ligada à contemplação do criado e a trabalhar para cuidar da criação.

A Virgem Maria está no coração de todo o povo brasileiro. E não é diferente em terras cariocas e fluminenses. Não há um penhasco no Rio de Janeiro que não é iluminado pela luz de Cristo e a proteção materna da Virgem Maria. Seja Ela invocada sob mil títulos ou ocasiões, de Aparecida à Nazaré, da Penha ou da Pena, é a mesma Mãe de Jesus que intercede ao seu Filho Jesus pelas necessidades de cada um de nós. Por isso, é significativo que no Coração da Mãe Maria estão todos os anseios de cada um dos filhos de Deus que, recorrendo a Ela, querem tocar no Sagrado Coração de Jesus. E do Coração do Cristo queremos tocar nas mãos de cada um de nós para que sejamos transmissores, como Nossa Senhora de Nazaré, da misericórdia divina. Corações misericordiosos se transformam em mãos misericordiosas e irradiadoras da graça, da misericórdia, da compaixão e do perdão.

O mundo precisa de uma grande reconciliação. E a Igreja é portadora da misericórdia de Deus mediante o dom dos sacramentos. Com o Sacramento da Reconciliação, a Mãe Igreja apresenta ao mundo a beleza e a profundidade do amor misericordioso do Senhor, anunciando e testemunhando a infinita caridade de Deus, Pai que perdoa e acolhe além de nossos merecimentos, como ensinou o Papa Francisco: “desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva” (Evangelii gaudium, 24).

Quando nossos pecados são perdoados e quando nós transmitimos a alegria de uma vida nova, somos transformados e chamados a ser homens e mulheres novos que doam a sua vida em favor do irmão e da irmã. A santidade é atingível e palpável nas pequenas obras de misericórdia e de amor. Abandonando o pecado, vamos iniciar um itinerário virtuoso de caridade, um encontro de amor e de misericórdia com Deus e com a comunidade, no irmão e na irmã.

Nossa Senhora de Nazaré, ao vir de Belém ao Rio de Janeiro nos visitar, quer pedir que na singeleza de sua pequena imagem nós nos rebaixemos diante do grande mistério divino: Nossa Senhora nos convida a caminhar com o Cristo em gestos concretos de misericórdia, de reconciliação, de compaixão, de construção da paz e de pontes de caridade. Nossa Senhora foi uma mulher paciente e orante, acima de tudo, uma mulher que soube ouvir e obedecer a vontade de Deus.

O grande contributo da visita de Nossa senhora de Nazaré ao Rio de Janeiro é nos relembrar que na obediência ao Senhor Jesus, na paciência que brota da confiança orante do Evangelho da Vida, podemos experimentar o alívio de todo cansaço, abrindo-nos levemente à doçura do amor do Cristo Redentor, que redime o gênero humano do pecado e do mal, saboreando o centro da pregação cristã, da alegria de um Cristo que caminha conosco e, como sua Mãe Maria, sempre nos diz: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (cf. Mt 5,5). A mansidão de Jesus nos ensina a transmitir a grande graça da compaixão e da misericórdia na construção do mundo renovado na partilha e na concórdia. Nossa Senhora de Nazaré, interceda pelo Rio de Janeiro junto a seu filho Jesus! Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, assim seja!

* Do site da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

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