Foi com um beijo na mão que o Papa Francisco acolheu na manhã de quarta-feira, 20 de abril, na Praça São Pedro, o sacerdote albanês Padre Ernest Simoni, que passou 28 anos na prisão durante a perseguição comunista na Albânia. O Santo Padre já o havia abraçado comovido em 21 de setembro, em Tirana, após ter ouvido a história da sua perseguição.
“Por 11 mil dias Padre Ernest foi submetido a torturas e trabalhos forçados”, conta ao L’Osservatore Romano Mimmo Muolo, jornalista do “Avvenire”, que escreveu o livro “Padre Ernest Simoni. Da perseguição ao encontro com Francisco”. E foi precisamente o sacerdote que entregou esta manhã uma cópia do livro ao Papa. Ele estava acompanhado pela Ir. Marisa, representante das Edições Paulinas, responsável pela publicação da obra.
A prisão
“A minha perseguição – afirmou Padre Simoni ao jornal da Santa Sé – teve início na noite do Natal de 1963 quando, pelo simples fato de ser sacerdote, fui preso e colocado na cela de isolamento, torturado e condenado à morte”. Seu companheiro de cela recebeu a ordem de registrar “a previsível raiva” do sacerdote contra o regime, mas Padre Ernest pronunciou somente palavras de perdão e de oração aos seus algozes. Assim, a pena prescrita foi de 25 anos de trabalhos forçados, a ser cumprida nas minas e nos esgotos de Scutari. “Na prisão – recorda ele – celebrei a missa em latim de cor e também distribuí a comunhão”.
A liberdade
Finalmente, em 5 de setembro de 1990, chegou a liberdade e Padre Ernest recomeçou sua atividade pastoral que – confia – em realidade nunca havia interrompido, “mas somente vivido em um contexto especial”. E o seu primeiro ato foi o de confirmar o perdão aos seus algozes: “para eles – precisou – invoco constantemente a misericórdia do Pai”.
Oração
À inevitável pergunta sobre como pode resistir a tal perseguição sem curvar-se, o sacerdote respondeu com um sorriso antes de revelar o seu segredo: “Mas eu não fiz nada de extraordinário, sempre rezei a Jesus, sempre falei de Jesus”.
Perseguição será temas de mais dois livros
A edição do L’Osservatore Romano dedica uma página inteira ao tema das perseguições contra a Igreja na época da União Soviética. Em 21 de abril, às 17h30min, de fato, será apresentado o livro organizado por Jan Mikrut intitulado “A Igreja e o comunismo na Europa Centro-oriental e na União Soviética” (San Pietro in Cariano, Gabrielli Editori, 2016, 797 páginas, 48 euros). Entre as pessoas que se pronunciam no livro estão o Cardeal Miloslav Vkl, Arcebispo Emérito de Praga, que assinou o Prefácio; Dom Cyril Vasil, Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais; o historiador jesuíta Nuno da Silva Gonçalves e o curador da obra, de quem são publicados trechos da apresentação.
O projeto editorial prevê outros dois livros que analisarão “a refinada e multiforme batalha dos comunistas contra a religião em geral e, de modo particular, contra a Igreja Católica”. Em particular, o segundo volume será dedicado aos testemunhos dos cristãos na Europa Centro-oriental, enquanto o terceiro tratará inteiramente da Igreja Católica em território da União Soviética. (JE)
Por: Rádio Vaticano