
Iniciado em 2019, o trabalho de renovação do piso da Basílica do Santo Sepulcro entrou em sua última etapa: a colocação do novo pavimento. Um projeto que revelou inúmeros tesouros graças a uma intensa atividade arqueológica de seis anos, e que agora aguarda apenas ser partilhado.
Valdemar De Vaux / Aleteia
Desde 2019, a imprensa noticia regularmente novas descobertas arqueológicas no Santo Sepulcro, em Jerusalém. Não é de se admirar: a basílica, uma das mais importantes da cristandade, tem uma história conturbada e representa muito para os fiéis. Construída no local tradicionalmente reconhecido como o da crucifixão e do túmulo de Cristo, na primeira metade do século IV, ela sucedeu a um edifício pagão, erguido após o nivelamento desse jardim extra-muros em terraços, outrora utilizado como pedreira.
Após a renovação do edículo, entre 2016 e 2017 — aquela pequena construção que abriga o Túmulo —, as Igrejas que compartilham o edifício (principalmente os latinos, através dos franciscanos da Custódia da Terra Santa, os gregos e os armênios) desejaram prosseguir com a restauração, refazendo todo o piso, danificado por séculos de peregrinações. Embora a fase preparatória tenha começado em 2019, o início simbólico da obra ocorreu em março de 2022, durante uma cerimônia ecumênica em que a primeira laje foi retirada. Atualmente, a última etapa está em andamento e deve se estender até o início de 2026: pouco a pouco, os 1.000 m² de pavimento estão sendo reinstalados por toda a basílica.
Sob as pedras, belas descobertas arqueológicas
Para preservar ao máximo o caráter milenar do edifício, as lajes retiradas no decorrer dos trabalhos foram numeradas para serem restauradas e recolocadas. Novas pedras também foram talhadas, na mesma tonalidade rosada já escolhida para o edículo, substituindo as mais desgastadas. Nos últimos meses, diversos testes foram realizados no próprio local. Dia após dia, o Santo Sepulcro retoma seu aspecto habitual, depois de longos meses de obras internas, materiais acumulados no átrio e pisos provisórios pouco atraentes.
No entanto, essa parte visível para os peregrinos não é a mais decisiva. As lajes irão cobrir todos os tesouros arqueológicos estudados por um laboratório especializado da Universidade La Sapienza, em Roma, sob a direção da pesquisadora italiana Francesca Romana Stasolla. Durante todo o tempo da obra, ela fez levantamentos regulares das escavações subterrâneas, interpretando pedras e vestígios encontrados. Em breve será publicado um balanço muito aguardado sobre as diferentes camadas de construção e suas transformações. Nas últimas “conclusões preliminares”, divulgadas no final de 2024, os arqueólogos confirmaram que o terreno rochoso era de fato uma antiga pedreira, o que explica os desníveis significativos, mais tarde transformada em área agrícola, como atestam restos de muros de pedra seca e indícios do cultivo de oliveiras e figueiras.
Os arqueólogos de La Sapienza explicam que, no século IV, a câmara funerária foi desobstruída para permitir a construção do primeiro monumento cristão nesse local venerado. Foi erguido então um pequeno santuário circular com uma antessala, três degraus de acesso, doze colunas ao redor e um pórtico de entrada. A construção permaneceu a céu aberto até que a rotunda que a cobria fosse concluída, no fim do mesmo século. Essas descobertas, que confirmam fontes escritas, foram feitas no solo da rotunda atual, apoiadas em vestígios de mármore, moedas e canalizações romanas.