Frei Nemésio
Um homem da esperança e do amor
Missa de Corpo Presente emocionou público que lotou a Basílica; Missa de Sétimo dia será na Quarta-Feira de Cinzas, às 18h
Emilton Rocha / Pascom
Foi com muita emoção que centenas de fiéis, entre amigos e admiradores, se despediram sexta-feira, 5, de Frei Nemésio Bernardi, falecido na manhã do dia anterior, aos 88 anos de idade. A missa de corpo presente foi celebrada na Basílica de São Sebastião (Frades Capuchinhos) e presidida por Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro. “Que Frei Nemésio, agora repousando na paz, encontre com o seu Senhor e que nos ajude, enquanto Igreja, a continuarmos na nossa caminhada enquanto cristãos, e a comunidade de seus irmãos de hábito a perseverança, a continuação da missão que um dia receberam de perseverar com alegria e com generosidade essa bela missão de servir a Deus e aos irmãos e irmãs, anunciando o Evangelho pela vida, pelo testemunho e pela palavra. Que a alma de Frei Nemésio repouse em paz e dê a ele a paz e a luz eterna”, disse o Cardeal na Homilia.
Estiveram presentes na cerimônia os freis Arles de Jesus, Luiz Carlos Siqueira, Edcarlos Hoffman, Serafim, Ney, Isidoro, Almir, João Carlos, Wendy, Dimas, Sebastião, Vital, Júlio, Michel, Alex, Aender, Anderson, frades estudantes e noviços, entre outros; Dom Ubiratan, padres Jorjão (Igreja de Nossa Senhora da Paz) e Luiz Rodrigues Veras (Santuário da Medalha Milagrosa), além do vereador Reimont Otoni. Os cânticos do Coral de São Sebastião fizeram várias pessoas chorar. A missa de sétimo dia será celebrada na Quarta-Feira de Cinzas, às 18h.
Gaúcho de Veranópolis, Frei Nemésio nasceu no dia 9 de março de 1927, mas ele dizia que era um carioca de coração e de adoção, tendo vindo morar no Rio de Janeiro em 1964, a princípio prestando serviços na hospedaria do convento, sendo o responsável em deixar os quartos limpos para os frades, principalmente oriundos da sua região, que vinham à capital fazer, entre outras coisas, tratamento de saúde ou resolver algum outro assunto no Rio, então capital federal. O sacerdote foi cozinheiro do convento por muito tempo.
Ele professou a sua vocação religiosa no dia 6 de janeiro de 1944 e ordenado sacerdote no dia 21 de janeiro de 1984. “Um sacerdote simples, que fazia as coisas simples na vida, não deixando de limpar o refeitório. Viveu a sua vida de forma simples, como deve ser a vida de todos nós. E não deixou de fazer as coisas que são próprias de um homem consagrado e de uma pessoa que abraçou o ministério sacerdotal” – disse Frei Luiz Carlos Siqueira, Ministro Provincial da Ordem dos Capuchinhos nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, ao final da missa de corpo presente.
Segundo Frei Luiz Carlos, Frei Nemésio celebrava a missa na primeira sexta-feira de manhã, tomava o café e ia atender as confissões até o meio-dia, retornando às 16h, e continuava o seu trabalho religioso até atender a última pessoa. “Era um homem prático, que resolvia as coisas de forma mais rápida possível”, recorda o ministro provincial.
Frei Luiz Carlos lembrou também que, há cerca de dois meses atrás, ao visitar Frei Nemésio em seu quarto, disse-lhe: “Você é o homem da esperança!”. No que Frei Nemésio respondeu: “Sim, eu sou o homem da esperança, mas também sou o homem do amor.”
Em seus escritos, há um texto que diz: “A morte é um doce sono, que nos faz acordar nos braços do Pai, para os que amam. Ela (a morte) proporcionará o grande encontro com Deus de todas as graças. Ela será a nossa última oração e o começo de nossa suprema ventura. Não há como viver sem caminhar para a morte. Cada dia morremos um pouco. A vida e a morte andam sempre de mãos dadas.”
Ao final da celebração, Frei Luiz Carlos disse que a missa que acabara de ser celebrada é o encontro de uma vida dedicada a Deus e aos irmãos. “Que frei Nemésio, ele que conhecia e agora conhece a realidade plena da vida, possa ajudar a nossa fraternidade do Rio de Janeiro, do Espírito Santo, do pedacinho de Minas Gerais e lá no Acre a crescer, não tanto em números, mas no grande desafio de ser santo e no grande desafio de viver a vida consagrada. Que ele olhe pela nossa província e por cada um de nós. Que Nossa Senhora dos Anjos possa acompanhá-lo nessa última viagem ao Pai”, concluiu o sacerdote.
“Um ícone da misericórdia”
Padre Jorjão
“Frei Nemésio é tudo aquilo o que Frei Luiz Carlos falou: um homem prático, um homem santo, um homem de Deus, um homem da bondade. A última vez em que estive no convento, durante a Trezena de São Sebastião, e fui visitá-lo, ele disse: “Oi, Jorjão, está de volta?” Ele era alguém que, mesmo a gente passando anos sem vê-lo, quando o encontrava era como se o tivesse visto no mesmo dia. Um homem simples. Frei Nemésio é um ícone da misericórdia no meio de nós. A Ordem Capuchinha nunca deixou de ter santos ao longo da sua história e Frei Nemésio é um exemplo disso. Que junto ao bom Deus, ele interceda por nós e comunidade paroquial.”
“Um homem comprometido com o Evangelho”
Reimont Otoni, vereador
“Foi um homem marcado pela simplicidade, um homem que assumiu na sua vida aquilo que Deus quis para ele. Um homem comprometido com o Evangelho – um evangelho muito encarnado com a vida dos mais pobres. Nós, que moramos na Tijuca, sabemos como ele se portava. Não tem um tijucano sequer que ande nas imediações da rua Haddock Lobo ou Afonso Pena que não tenha visto, em algum momento, Frei Nemésio andando pra lá e pra cá, levando a unção dos enfermos aos doentes, levando o conforto a algumas famílias ou indo abençoar casas. Então, esse é o homem que viveu de maneira muito simples, conforme deve viver um servo de Deus. Ele vai deixar muitas saudades, porque nós o amamos muito, mas também nós sabemos que, conforme ele mesmo disse, a vida e a morte andam de mãos dadas e que a vida é um sono de amor que nos leva para os braços de Deus. Que Frei Nemésio continue diante de Deus a rezar por nossa comunidade.”
“Um grande frade capuchinho”
Frei Isidoro
“Frei Nemésio foi um frade que não teve pecado original. A simplicidade, a santidade e a honestidade traduziram se resumiram num dos grandes frade capuchinhos, não só da província do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas acima de tudo um grande frade capuchinho para o Brasil e para o mundo.”
“Um verdadeiro capuchinho”
Frei Edcarlo Hoffman
“Frei Nemésio é um exemplo e um testemunho bonito de ser capuchinho para todos nós mais novos, na sua dedicação, na sua entrega e na sua vocação. Tão simples e humilde como deve ser um verdadeiro capuchinho.”