A Geração Z se caracteriza também pelo ativismo social e comunitário, preocupando-se com questões ligadas à ecologia, consumo consciente e diversidade, valorizando a inclusão e a justiça social.
Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. / A12 redação
As gerações em geral são definidas por suas experiências coletivas e pelos eventos históricos que forjaram suas vidas. A divisão da vida humana em gerações, correspondendo cada uma mais ou menos a um período de 25 anos, ajuda a entender melhor como os diferentes grupos de pessoas reage às mudanças sociais, tecno-científicas e econômicas.
Uma vez que cada geração tem seu próprio conjunto de valores, preferências e comportamentos, sendo mais ou menos influenciados pelo contexto onde nasceram e cresceram, o seu modo de viver ajuda a perceber também o rumo da sociedade, do mundo e da Igreja.
Pesquisadores e estudiosos se dedicam hoje à compreensão da tão falada Geração Z, composta por pessoas nascidas entre os anos 1995 e 2010. As pessoas desta faixa etária são assim chamadas porque nasceram e já cresceram no mundo das tecnologias digitais.
Conhecendo os nativos digitais
Os integrantes da geração Z, também conhecida como “Gen Z” ou “Zoomers”, são apelidados de nativos digitais, porque já são familiarizados com smartphones, redes sociais e com a conectividade constante desde a infância, tendo acesso a uma quantidade sem precedentes de informações, coisa que gerações passadas nem sonhavam.
Os zoomers são também conhecidos por sua habilidade em navegar no mundo digital. Sua geração está ajudando a moldar o futuro pela sua visão progressista e suas habilidades digitais avançadas.
A Geração Z se caracteriza também pelo ativismo social e comunitário, preocupando-se com questões ligadas à ecologia, consumo consciente e diversidade, valorizando a inclusão e a justiça social. A educação e o aprendizado autodirigido são bastante valorizados por esta geração, que utiliza a internet como uma ferramenta essencial para adquirir conhecimentos e se conectar com o mundo.
No campo da comunicação, por exemplo, gostam de música e informações, desejando estar antenados com tudo o que acontece, mas não são mais ouvintes de rádio nos moldes tradicionais e nem espectadores da televisão de sinal aberto ou por assinatura e já não tem muita paciência também com as plataformas de streaming, variando constantemente em seus meios de informação.
Como os que formam essa geração, não demonstram interesse pela televisão de sinal aberto, a não ser em raras oportunidades, seu distanciamento dificulta a renovação do público e da programação da velha TV e, consequentemente, os índices de audiência despencam cada vez mais.
Torna-se imprescindível, portanto, que os atuais meios de comunicação, católicos ou não, repensem a sua linguagem, seu conteúdo e se utilizem de novas plataformas de transmissão para poderem chegar aos zoomers, se a Igreja quiser mesmo evangelizar essa geração ou esperar que ela “envelheça”.
A Geração Z e religião
Hoje se tornou comum ouvir que “os jovens estão deixando as igrejas” e que “Igreja é coisa de velho!”, com a percepção de que a globalização e a ambiência digital trouxeram mais incertezas do que respostas sobre a forma de participação e modalidade de prática religiosa, sendo comum ouvir pessoas desta geração afirmarem ser “sem religião” ou “sem Igreja”. Pesquisas mais recentes mostram que cerca de 44,4% da Geração Z se denominam não membros de nenhuma igreja ou religião.
Segundo o último Censo do IBGE, 2022, quase 90% da população brasileira se declara cristã de alguma forma, contudo, a pesquisa mostra que 8% se colocava na categoria de “sem-religião”, o que dá um contingente de aproximadamente 15,3 milhões de pessoas, a quase totalidade com idade que os coloca na categoria da Geração Z.
Entretanto, uma coisa que as pesquisas não mostram é que, na atual condição, a ideia de pertencimento deve ser repensada, pois os vínculos se fazem em outras formas e em outros contextos. A globalização e o advento da internet possibilitaram novas perspectivas de ideias e valores. Se antes o pertencimento a uma igreja precisava ser estritamente material, hoje pode ser virtual. Da mesma forma, a definição religiosa é percebida de um modo distinto por um membro da geração Z e por seus anteriores.
Além disso, dentro do universo dos zoomers há uma forte associação de religião com rigidez e intolerância em vários níveis e categorias, sendo que muitos falam de um descompasso entre o que a sua igreja prega, o que os religiosos vivem, e o que eles vivenciam fora dela, incluindo ciência, cultura pop e sexualidade.
Uma coisa, porém, que já se percebe é que muitas famílias jovens tendem a voltar a uma igreja porque querem que seus filhos tenham alguma formação religiosa. Talvez alguns da geração Z voltem à religião mais tarde, quando já tiverem se estabelecido na vida, sobretudo, devido à falta de valores em todo o modo de vida deste tempo. Mas as igrejas e a Igreja Católica não podem ficar esperando, buscando a abertura pastoral para conseguir chegar até esta geração.