Celebração do nascimento da Virgem Maria é uma das três festas da “natividade” presentes no calendário romano
Canção Nova
A Natividade de Nossa Senhora é uma das festas marianas mais antigas da Igreja Católica, celebrada no dia 8 de setembro. Acredita-se que a origem desta festividade esteja ligada à dedicação da Basílica de Santa Ana, no século IV, em Jerusalém. Segundo a tradição, o local era a casa dos pais da Virgem Maria: Joaquim e Ana, e onde nasceu Maria.
Esta celebração, que começou no Oriente, estendeu-se por toda a Igreja, e passou a ser comemorada em Roma, no século VIII, durante o Pontificado do Papa Sérgio I em 701. Ela faz parte das três festas da “natividade” presentes no calendário romano: Nascimento de Jesus (25 de dezembro), nascimento de João Batista (24 de junho) e nascimento de Nossa Senhora (8 de setembro).
“O convite da Igreja, bem como a Liturgia do dia propõe, é verdadeiramente celebrar com júbilo o nascimento daquela que seria a mãe do Salvador. Ou seja, este acontecimento feliz indica que o Messias já está próximo”, afirma o missionário da Canção Nova, padre Leonardo Ribeiro do Nascimento.
Sobre o nascimento da Virgem Maria, não há relatos nos evangelhos, apenas nos livros apócrifos. A tradição menciona o protoevangelho de Tiago, apócrifo escrito no século II, que narra este acontecimento.
Fiel à vontade de Deus
A celebração da Natividade de Nossa Senhora acontece nove meses depois da celebração da solenidade da Imaculada Conceição, no dia 8 de dezembro. Padre Leonardo destaca que um diferencial desta Festa Litúrgica é recordar a vida e a história da Virgem Maria, que se “realizou no anonimato, na simplicidade, no silêncio e na discrição, como foi toda a sua vida, desde seu nascimento”.
“Esse olhar nos ajuda a entender que Deus tem um plano de salvação, que se realizou de forma simples, e que ainda assim devemos olhar para a nossa vida. Ele tem um plano para cada um de nós, e é preciso abertura, humildade e simplicidade para acolher e viver. Assim como foi a vida de Nossa Senhora”, enfatizou.
O sacerdote afirmou ainda que Maria é mãe e modelo de humildade, escuta, de obediência e, sobretudo, de intimidade com Deus. “A vida de Nossa Senhora nos demonstra que, para viver na vontade de Deus não precisamos de muito. Se imitamos Maria, aprendemos a dar valor às pequenas coisas do dia a dia, e assim dar sentido sobrenatural às ações mais ordinárias que precisamos viver.”
Maria foi a aurora da salvação
A Natividade de Maria não é uma Solenidade, mas sim uma Festa Litúrgica. Embora seja uma celebração significativa, o acontecimento fundamental da vida da Virgem Maria continua sendo a Anunciação, Solenidade celebrada em 25 de março.
Padre Leonardo explica que, como este ano a festa cai no domingo, ela não será celebrada, pois como não é uma solenidade, não substitui a liturgia dominical.
Contudo, ele recorda uma oração presente na Liturgia das Horas, que ajuda a adentrar no mistério desta celebração. A oração está na conclusão da Oração das Laudes do dia da festa:
“Abri, ó Deus, para os vossos servos e servas os tesouros da graça, e assim como a maternidade de Maria foi a aurora da salvação, a festa do seu nascimento nos conceda o aumento da paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos”.
Entenda diferença entre Solenidade e Festa Litúrgica
As Solenidades são as celebrações mais importantes da liturgia da Igreja Católica e não podem ser omitidas, ou seja, são sempre celebradas. São elas: Natal, Páscoa, Pentecostes, Imaculada Conceição de Maria, Santa Mãe de Deus, Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei, entre outras.
As solenidades se iniciam sempre com as vésperas do dia anterior e, da mesma forma que o domingo, a celebração possui oração própria, três leituras, orações dos fiéis, Glória e o Credo.
Existem as solenidades gerais, que são celebradas em toda a Igreja, como também as solenidades “particulares”, celebradas em uma diocese ou uma congregação, por exemplo.
Já as Festas, tem um grande valor, porém inferior ao grau de solenidade. Elas não substituem o domingo, caso caiam nesse dia, exceto quando alguma delas for elevada ao grau de solenidade, como, por exemplo, se uma comunidade tem como padroeiro um Apóstolo, sua festa pode ser elevada a solenidade.
Kelen Galvan
Da redação, com Huanna Cruz